Completou três anos domingo (24) da "Chacina de Pau
D'arco", como ficou conhecido o massacre de dez trabalhadores rurais
durante uma ação policial na Fazenda Santa Lúcia, no sul do Pará. Dezesseis dos
17 policiais suspeitos de envolvimento no crime serão submetidos a júri
popular, ainda sem data marcada. Atualmente, cerca de 150 famílias de
trabalhadores rurais continuam na fazenda, sobrevivendo do que plantam e com
medo de serem despejadas.
O crime ocorreu durante o cumprimento de 14 mandados de
prisão pela morte do segurança da propriedade. O Ministério Público do Pará
(MPPA) denunciou policiais pelos crimes de homicídio, tortura, associação criminosa
e fraude processual. Em depoimento, os policiais afirmaram que o grupo de
posseiros que estava na fazenda tinha arma de fogo e recebeu a polícia a
tiros.
Mas, sobreviventes da chacina e parentes dos mortos disseram
que as vítimas não tiveram chance de defesa porque os policiais já chegaram
atirando. Um mês depois, a Secretaria Estadual de Segurança Pública informou
que laudos demonstraram que não houve confronto. Exames balísticos afirmaram
que os sem-terra foram executados. Nenhum policial foi ferido.
A segunda fase da operação da Polícia Federal, que investiga
se as mortes foram encomendadas por alguém, ainda em está em andamento em
Marabá.
Três anos depois da chacina, dezenas de famílias vivem no
local e a convivência é tranquila. O que incomoda a todos é o medo de serem
mais uma vez despejados das áreas: a reintegração de posse está marcada para o
dia 15 de junho. (G1/PA)