Oito dos dez municípios paraenses que mais produzem
leite de vaca no estado estão escondidos no sudeste do Pará. E o campeão está
na microrregião de Parauapebas: é Água Azul do Norte, que faz jorrar R$ 38,6
milhões por ano do segundo líquido mais precioso para a humanidade. É tanto
dinheiro que daria para pagar a despesa com pessoal da prefeitura local e ainda
sobraram R$ 10 milhões de troco. As informações foram levantadas com
exclusividade pelo Blog do Zé Dudu junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), que soltou números detalhados de sua Pesquisa da Pecuária
Municipal (PPM) referente ao ano de 2019.
Água Azul não tem o maior rebanho bovino do Pará,
já que possui aproximadamente 660.500 cabeças de gado, entre as quais 19.830
vacas ordenhadas. Ainda assim, o município especializou-se em gado leiteiro e
movimenta cerca de 20 vezes mais dinheiro em leite que o maior produtor de bois
e vacas do país, São Félix do Xingu, cujo rebanho chega a 2,242 milhões de
cabeças.
Na vizinhança, há um verdadeiro cinturão de
produção leiteira que o Pará precisa conhecer profundamente e investir, para
que o produto seja gerador de ocupação e renda, além de vetorizar o
desenvolvimento social de municípios historicamente esquecidos. Piçarra, por
exemplo, produz R$ 28,34 milhões em leite e é seguido de perto por Xinguara,
com R$ 25,87 milhões, e Rio Maria, com R$ 25,01 milhões. Juntos, os quatro
primeiros colocados movimentam por ano uma mina de dinheiro vinda das tetas das
vacas que totaliza quase R$ 118 milhões.
Na 5ª e na 6ª posições estão dois municípios da
porção ocidental do Pará. Óbidos, no Baixo Amazonas, produz R$ 24,72 milhões e
Itaituba, no Sudoeste Paraense, contribui com R$ 23,45 milhões. As posições
seguintes, até a 10ª, são dominadas por Eldorado do Carajás (R$ 18,87 milhões),
Marabá (R$ 18,78 milhões), Paragominas (R$ 18,28 milhões) e Bom Jesus do
Tocantins (R$ 18,03 milhões), todos na mesorregião Sudeste Paraense.
Um copo de leite por dia para todos
A produção leiteira do Pará em 2019 arregimentou R$
651,85 milhões, decorrentes de um volume de 605 milhões de litros. Se essa
produção fosse dividida para todos os paraenses de forma equilibrada, cada
morador do estado teria direito a consumir um copo de leite de 200 mL por dia,
durante os 365 dias do ano.
O leite é o produto de origem animal mais valioso
do país, depois da carne cujos dados, no entanto, não são apurados na PPM. Aqui
no estado, a segunda maior produção entre as commodities de origem animal
reportadas pela pesquisa do IBGE é a de ovos de galinha, que totalizou R$
196,79 milhões ano passado, tendo Santa Izabel do Pará (R$ 48,21 milhões) e
Santo Antônio do Tauá (R$ 44,79 milhões) como os maiores produtores