Luiz Pereira de 61 anos trabalha com agricultura familiar e vê na apicultura potencial para quem deseja garantir renda sem investimento alto (Foto: )
Luiz Pereira Rodrigues tem 61 anos e é natural de
Itaueira, no estado do Piauí. Ele conta que trabalhou com mel desde criança,
quando o pai caçava abelhas, mas foi no município de Canaã dos Carajás, no
sudeste paraense, que decidiu investir em 2003 na produção de mel. O
reconhecimento veio agora, em 2020, quando ele venceu a 6º Edição do Prêmio
AgroPará, no segmento de “Apicultura”. O evento destaca o talento e as melhores
produções do agronegócio no Estado do Pará.
Luiz Pereira Rodrigues
Luiz Pereira conta que tudo começou com a
oportunidade dada por um engenheiro que trabalhava na Mina do Sossego. “Ele
achou por bem me dar um curso de apicultura para eu ter renda extra”, explicou.
Dois anos depois, a produção ganhou espaço no mercado com a criação da Associação
dos Apicultores de Canaã dos Carajás com apoio da Prefeitura e da Vale.
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Para falar sobre a produção de mel em Canaã e o
Prêmio AgroPará, Luiz Pereira deu a seguinte entrevista ao Blog do Zé Dudu.
Qual a importância dessa premiação para o senhor e
para a cidade de Canaã dos Carajás?
Eu fiquei muito feliz de participar de uma
premiação tão importante que é o Agropará e mais feliz ainda quando fiquei
entre os três finalistas. E fiquei muito emocionado quando saí em primeiro
lugar. Eu nunca tinha participado. Foi muito bom. Isso serve como grande
incentivo pra gente sempre trabalhar com mais seriedade e ter esse prazer de
dizer que somos apicultores. Pra Canaã com certeza foi muito bom porque serve
de incentivo para outros apicultores da cidade e da nossa região.
Na sua opinião, o que foi determinante na sua
produção para garantir a vitória?
Eu imagino que essa vitória não veio apenas da
minha produção do mel. Com certeza alguns fatores podem ter colaborado com
isso. A gente sempre tem acompanhamento com as equipes do Sebrae, da Embrapa.
Recebemos também a doação de cera da Secretaria Municipal de Agricultura de
Canaã que também colaborou muito no início da produção em 2020. E claro, a Vale
foi fundamental para conseguirmos produzir mel.
De que forma a Vale ajudou com a produção de mel?
Recebemos apoio muito pesado da Vale né. Digamos
assim, oitenta por cento do investimento da nossa apicultura, a Vale que bancou
isso. Ficamos mais de três anos com uma empresa que era incubadora e que
acompanhou nosso trabalho. Isso ajudou muito né. O que a gente conseguiu hoje
pra tá beneficiando o mel com a qualidade que nós temos,
ganhamos da Vale. De início, ganhamos kits e a partir daí a gente vem crescendo
com nosso esforço, fazendo a nossa produção crescer.
Quais as técnicas são aplicadas na sua produção
para ter bons resultados?
A nossa produção recebeu apoio técnico do Sebrae,
da Embrapa, e a gente também recebe orientação de técnicos do nosso município.
Eu sempre trabalho observando as floradas do campo e as mudanças climáticas pra
gente poder fazer o manejo adequado e ajudar no crescimento da produção. Temos
períodos de produção mais simples, mais fácil, que é na época de seca e temos o
período de inverno, onde temos que ser muito cuidadoso, ter o manejo caprichado
pra que a gente não venha fazer a colheita de mel muito úmida. Isso ajuda muito
no nosso trabalho.
Com foi a produção de mel em 2020 e qual o tamanho
da área ideal para investir na apicultura?
A nossa produção de mel vem crescendo a cada ano.
Em 2019 foi complicado, mas como a gente avalia a produção de um ano para o
outro, nesse período de 2019 para 2020 a gente colheu mais de 4 toneladas. Para
2020/2021, a estimativa é que será bem maior. A área usada para colocar os
apiários pode ser num pedaço de chão pequeno. Eu não tenho propriedade. A Vale
sempre tem áreas que a gente pode ocupar na agricultura. Eu faço muita captura
e resgate de abelhas na área de trabalho deles e a gente usa essas áreas. Por
exemplo, para produzir 50 colmeias a gente gasta apenas 100 metros quadrados. A
cada três mil metros podemos usar outra área de 100 metros quadrados. Hoje
tenho 6 apiários. Não estão todos completos, mas estamos ocupando uma área de
600 metros quadrados.
Quais são as espécies de abelhas?
A gente trabalha com as abelhas africanizadas e
além das meliponas, boca de renda, céu cinzenta, iraí, jataí, trigonas, que são
de abelhas de pequena produção, mas o mel tem o valor bem mais alto que das
africanizadas.
Você fornece mel apenas para o consumidor local,
mas com aumento da demanda por alimentos saudáveis, o mel tem conquistado
espaço no mercado nacional. Não haveria possibilidade de ampliar a produção
para fora de Canaã?
A minha produção é familiar. Trabalha eu, minha
esposa, meu irmão e meu sobrinho. A gente vende aqui mesmo no município. Temos
uma clientela muito boa. Tem outros apicultores que vendem para outros
municípios como Parauapebas, mas a minha produção ainda não dá pra escoar para
outros lugares.
Qual o destaque da sua produção?
Uma parte eu vendo in natura, mas eu desenvolvi um
xarope, um mel composto muito aceito hoje porque faz um tratamento na garganta,
pra sarar da gripe ou usar como prevenção.
Para encerrar, qual a dica que o senhor daria para
quem deseja começar na apicultura?
A apicultura é uma atividade viciosa. A gente
começa e não quer mais parar. O importante é que o investimento não é tão alto.
E se você tá trabalhando, tem outra jornada de serviço, você pode começar a sua
apicultura. Aí vai chegar um momento que você vai dizer: agora eu vou cuidar do
meu trabalho. A renda é garantida. Basta que o manejo seja bem feito e o
trabalho será bem sucedido.
Por Dayse Gomes