Por Reuters
A Marfrig Global
Foods (MRFG3) reportou lucro líquido recorde de 1,738 bilhão de reais no segundo
trimestre, alta de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado
pelo bom desempenho da operação norte-americana da empresa, conforme balanço divulgado nesta terça-feira.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda)
ajustado somou 3,92 bilhões de reais no período, queda de 3,6% no ano a ano,
pressionado pelo cenário da unidade América do Sul e, principalmente, do Brasil.
No período, a companhia registrou receita líquida de 20,6 bilhões de
reais, crescimento de 9% na comparação anual e a maior receita histórica para
um trimestre.
“Com os resultados alcançados, o conselho da Marfrig aprovou a
distribuição aos acionistas de dividendos intermediários no valor de 958,4
milhões de reais”, disse à Reuters o vice-presidente de Finanças da Marfrig,
Tang David.
Em abril deste ano, a Marfrig já havia distribuído 141 milhões de reais
em dividendos, referentes ao exercício de 2020.
O Conselho de Administração da empresa também aprovou o cancelamento de
20 milhões de ações em tesouraria e a criação de um novo programa de recompra
de ações de até 26,3 milhões de ações, com o objetivo a criar de valor para os
acionistas.
David destacou que, além do maior lucro trimestral, a companhia marcou
recorde no Ebitda da Operação América do Norte e a alavancagem medida pela
relação entre Ebitda ajustado e dívida líquida caiu ao menor nível histórico,
para 1,45 vez.
A unidade norte-americana, liderada pela National Beef, surfou em um
cenário de alta disponibilidade de gado, aumento no volume de abates e do
consumo no mercado local.
A demanda foi impulsionada pela chamada ‘barbecue season’ (temporada do
churrasco, que coincide com o verão no Hemisfério Norte), ressaltou a empresa.
A receita líquida da unidade atingiu a marca histórica de 15,5 bilhões
de reais, avanço de 7,4% sobre o mesmo período do ano passado.
O Ebtida ajustado foi de 3,8 bilhões de reais, 8,7% superior ao
registrado no segundo trimestre do ano passado, representando 96% do Ebtida
total da companhia no trimestre.
“Temos o ciclo do gado que ainda está conforme o esperado e demanda
aquecida… a perspectiva para o terceiro trimestre não é tão boa quanto a do
segundo trimestre, mas ainda é bem positiva”, disse o CEO da Operação América
do Norte da Marfrig, Tim Klein.
Ele afirmou que o avanço de contaminações pela variante Delta do coronavírus não gerou efeito negativo sobre o
consumo norte-americano de carne e, portanto, a operação seguirá em plena
capacidade.
“Não exigiremos a vacinação, mas seguiremos as orientações dos CDC
(Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA)… Fomentaremos a vacinação,
vimos interesse maior dos funcionários que não tinham se vacinado até agora,
devido ao surgimento da variante Delta”, acrescentou ele.
América do Sul
Em um cenário oposto ao norte-americano no que se refere à oferta de
gado, o Brasil ainda passa por um cenário adverso de custos de produção na
pecuária que pressionou o desempenho da Operação América do Sul da Marfrig.
“O custo do gado subiu mais que o preço de venda e tivemos margens
apertadas”, disse o CEO da unidade sul-americana, Miguel Gularte.
Ele ressaltou ainda que houve um “apagão logístico” durante o trimestre,
com falta de contêineres e de navios para embarque, que “reteve praticamente
700 milhões de reais em produtos prontos para exportar”.
O gargalo também afetou o Ebitda da operação, que caiu 70,5%, para 181
milhões de reais no segundo trimestre.
A unidade gerou receita líquida de 5 bilhões de reais, um crescimento de
14,1% na comparação anual, justificado pelo aumento de 21,1% no preço médio de
vendas totais na região.
As exportações foram responsáveis por 57,7% da receita total no
trimestre, lideradas por China e Hong Kong em meio a novos casos de peste
suína africana na Ásia.
“Por outro lado e já entrando mais em perspectiva, vemos um terceiro
trimestre com oferta de gado mais fluída, problema logístico começando a ficar
mais equacionado… Vemos o mercado externo apoiado em duas vertentes, demanda
consistente principalmente da China e preço”, estimou Gularte.
“Esperamos oferta melhor, margem maior e logística mais equacionada.”