Plantação de cacau de João Evangelista está entre as melhores do mundo (Foto: )
O cacau paraense a cada dia ganha mais destaque em
nível nacional e agora internacional. Uma amostra de amêndoa de uma plantação
de cacau do município de Novo Repartimento, no sudeste do estado, foi
selecionada para concorre ao prêmio Cocoa of Excellence (Cacau de Excelência),
do Salão de Chocolate de Paris, considerada a mais importante programação do
chocolate do mundo. A grande final será no próximo mês de outubro.
Este ano, em função da pandemia da Covid-19, o
Salão do Chocolate será virtual. Em seletiva prévia, a amostra paraense se
destacou entre as 50 melhores amêndoas do planeta, que passaram pela peneira
dos especialistas entre as 235 avaliadas.
A amostra é da plantação do produtor João
Evangelista, do Sítio JE, no assentamento Turuê, onde vivem cerca de três mil
famílias. A amostra do produtor, que é mais conhecido entre os amigos como
Rogério, competirá com as de outros dois brasileiros do estado da Bahia.
A plantação de João Evangelista tem o apoio
institucional da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap)
e do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau). A Sedap
destaca que fomenta a cadeia produtiva do cacau e apoia a participação dos
produtores em programações de visibilidade e comercialização internacionais
para maiores oportunidades no comércio exterior para o cacau e o chocolate
paraenses.
Os recursos procedem do Funcacau, coordenado pela
Sedap. O secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da
Pesca, Lucas Vieira, destaca a importância do cacau paraense despontar no
cenário internacional.
“Essa indicação nada mais é do que o reconhecimento
da qualidade do cacau produzido no estado e a valorização do trabalho feito de
maneira sustentável que os nossos produtores vêm realizando nas diferentes
regiões do estado”, ressaltou Vieira.
Ele lembra que, recentemente, as amêndoas de cacau
produzidas em Tomé-Açu, no nordeste paraense, também tiveram um destaque no
mundo todo durante as Olimpíadas de Tóquio. “Uma linha de chocolate que utiliza
as amêndoas exportadas para o Japão direto de Tomé-Açu exibiu o selo
comemorativo das Olimpíadas. Isso foi um marco, pois mostrou o quanto as
amêndoas de cacau do Pará são feitas com qualidade, já que se trata de um
mercado bastante exigente”, enfatizou Lucas Vieira.
O secretário adjunto observa que, com mais essa
exposição no cenário internacional, o cacau do Pará desponta ainda mais entre
os melhores do mundo. “Isso nos deixa bastante satisfeito, pois temos
produtores de alta qualidade e muito nos orgulha”, elogiou Vieira.
Feliz por estar na seletiva dos melhores do mundo,
o produtor João Evangelista diz que só pelo fato de já estar entre os melhores,
se considera um vitorioso. “Quando se trata de floresta, eu procuro trabalhar
da maneira sustentável, reaproveitando as áreas dela própria, sem a necessidade
de desmatar. Eu trabalho há 18 anos com terra e cacau e nunca desmatei”,
garante o produtor, com orgulho, cuja área tem oito hectares no assentamento
Turuê.
Ele ressaltou, ainda, que a participação dele no
Festival do Chocolate e Cacau da Amazônia e Flor Pará, (promovidos pela Sedap,
Sedeme e Codec) foi importante pelo aprendizado em reuniões com especialistas
que o orientaram com relação a conhecimentos técnicos que ele ainda não tinha.
“Esse aprendizado me ajudou bastante e eu coloquei em prática o que aprendi com
eles”, frisa João Evangelista.
Além do cacau, o agricultor familiar cultiva outras
32 espécies, entre os quais açaí, pupunheira, ipê, ataúba e mogno – árvore que
ele gosta de usar como maior exemplo de sistema agroflorestal que ele adotou.
“Em cinco anos, eu plantei 300 pés. Essa espécie para mim é a que mais gosto de
citar, pois representa o restauro da Amazônia, que é possível você trabalhar
sem degradar. Graças a Deus, eu nunca precisei queimar nenhum pedacinho da
floresta para prover o meu sustento e da minha família”, assegurou o
agricultor.
Nessa trilha como produtor de reconhecimento
nacional e agora internacional, Evangelista citou, também, o apoio da Fundação
Solidaridad, organização internacional da sociedade civil que incentiva os
agricultores familiares a plantar cacau na sombra de árvores nativas. Foi
através da ONG que ele conseguiu fazer a sua inscrição à premiação.
A ONG promove também a inclusão socioeconômica de
225 famílias de pequenos produtores e produtoras de cacau e de pecuária de
cria, que incrementam produtividade e renda.
Prêmio: O Programa
Cacau de Excelência é uma competição global para reconhecer o trabalho dos
produtores de cacau e celebrar a qualidade, a diversidade de sabores e origens
únicas. O Cocoa of Excellence recompensa o cacau com sabores superiores e
únicos, ao mesmo tempo em que traz conhecimento, ferramentas de avaliação do
cacau, oportunidades de mercado e incentivos para salvaguardar a diversidade do
cacau na agricultura, comunidades e organizações nacionais em todo o mundo.
O Cocoa of Excellence concluiu a avaliação às cegas
de 235 amostras de grãos de cacau recebidas de 53 origens para a edição de
2021. Na página virtual da premiação, os organizadores chamam atenção para a
qualidade do cacau selecionado. Para saber mais sobre a premiação e sobre o
trabalho da Solidaridad, acesse www.cocoaofexcellence.org e www.solidaridadsouthamerica.org/brasil/pt.
Tina DeBord- com informações
da SedapFonte Ze Dudu