Bolsonaro disse que no seu governo haverá a garantia de segurança alimentar para o país e para muitos países do mundo que importam alimentos (Foto: )
Brasília – Em cerimônia
no Salão Nobre do Palácio do Planalto nesta quarta-feira (29), com a presença
do presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanhado de todo o staff e
convidados, o governo federal lançou o Plano Safra 2022/2023. Principal motor
da economia nacional, o plano destina R$ 340,88 bilhões para apoiar a produção
agropecuária nacional até junho do próximo ano. O valor é 36% maior em relação
ao Plano Safra anterior.
Desse total, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao
custeio e comercialização, uma alta de 39% em relação ao ano anterior. Outros
R$ 94,6 bilhões serão para investimentos, com crescimento real de 29%.
Juros
Os tomadores de crédito do plano safra terão a
disposições juros muito menores do que os praticados pelo mercado. Os recursos
com juros controlados somam R$ 195,7 bilhões (alta de 18%) e com juros livres,
R$ 145,18 bilhões (alta de 69%).
O montante de recursos equalizados cresceu 31%,
chegando a R$ 115,8 bilhões na próxima safra.
Segundo o governo, com a taxa básica de juros da
economia (Selic) em 13,25% atualmente, buscou-se preservar, prioritariamente,
elevações menores para os beneficiários do Pronaf e do Pronamp, garantindo
financiamento adequado para essa clientela.
O próximo Plano Safra também aposta na
diversificação das fontes de financiamento, com a disponibilização de mais
recursos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) para a aquisição de
direitos creditórios do agronegócio.
Foi estabelecido um aumento, de 50% para 70%, na
faculdade de uso dos recursos da LCA para a aquisição desses direitos
creditórios.
A expectativa é que a medida gere uma maior
participação do mercado de finanças privadas do agronegócio, com a expansão de
títulos como a CPR, CDCA, CRA, além da LCA ajudando a injetar dinheiro para
rodar a roda do setor.
Pequenos
e médios produtores
Os pequenos e médios produtores continuam sendo
prioridade no Plano Safra, com aumento da disponibilidade de recursos de
custeio e taxas de juros favoráveis.
Os recursos para os pequenos produtores rurais
tiveram um acréscimo de 36%. Serão destinados R$ 53,61 bilhões para
financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), com juros de 5% ao ano (para produção de alimentos e produtos da
sociobiodiversidade) e 6% ao ano (para os demais produtos).
Para o médio produtor, no âmbito do Programa
Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), foram disponibilizados R$
43,75 bilhões, um aumento de 28% em relação à safra passada, com juros de 8% ao
ano.
Plano
Safra para agricultura empresarial
Para os demais produtores e cooperativas, o total
disponibilizado chega a R$ 243,4 bilhões, com taxas de juros de 12% ao ano. Os
produtores rurais também podem optar pela contratação de financiamento de
investimento a taxas de juros pós-fixadas.
Os recursos disponibilizados no âmbito do Pronaf e
do Pronamp são integralmente a taxas de juros controladas. Outro destaque do
Plano Safra deste ano foi o aumento das subexigibilidades do Pronaf e do
Pronamp, que passou de 22% para 25% e de 28% para 35%, respectivamente,
refletindo a prioridade do Plano Safra para os pequenos e médios produtores.
Sustentabilidade
O incentivo a técnicas sustentáveis de produção
agropecuária continua sendo uma das prioridades do Plano Safra neste ano. O
Programa ABC, que financia a recuperação de áreas e de pastagens degradadas, a
implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-florestas e a adoção de
práticas conservacionistas de uso, manejo e proteção dos recursos naturais,
contará com R$ 6,19 bilhões.
As taxas de juros serão de 7% ao ano para ações de
recomposição de reserva legal e áreas de proteção permanente e de 8,5% para as
demais.Além do Programa ABC, o Plano Safra prevê o incentivo à utilização de
fontes de energia renovável.
Outra novidade é o financiamento de
remineralizadores de solo (pó de rocha), que tem o potencial de reduzir a
dependência dos fertilizantes importados.
Também será mantida a priorização do programa
Proirriga, que contempla o financiamento de todos os itens inerentes aos
sistemas de irrigação, inclusive infraestrutura elétrica, reserva de água e
equipamento para monitoramento da umidade no solo. Serão disponibilizados R$
1,95 bilhão, maior aumento de recursos entre os programas de investimento
(+44%), com carência de três anos e prazo máximo de reembolso de 10 anos.
Um estudo da Secretaria de Política Agrícola do
Mapa apontou que nas safras 2017/18, 2018/19 e 2019/20, pelo menos R$ 187 bilhões,
nas finalidades custeio e investimento, foram direcionados, por meio do Plano
Safra, para sistemas ambientalmente sustentáveis.
A estimativa é que cerca de 56,5% dos empréstimos
para investimentos tenham sido direcionados às práticas que promovem melhorias
ambientais. Recentemente, a sustentabilidade de programas e práticas
financiadas pelo Plano Safra foi reconhecida pela Climate Bonds Initiative
(CBI).
Inovação
no Campo
Por meio de programas como o Inovagro, o Plano
Safra disponibiliza recursos para o incentivo à inovação tecnológica e para
investimentos necessários para a adoção de boas práticas agropecuárias e de
gestão da propriedade.
Na próxima safra, o Inovagro terá R$ 3,51 bilhões
em recursos, com juros de 10,5% ao ano.
Entre os financiamentos previstos no Plano Safra
2022/2023 estão os investimentos relacionados a sistemas de conectividade no
campo, softwares e licenças para gestão, monitoramento ou automação das
atividades produtivas, além de sistemas para geração e distribuição de energia produzida
a partir de fontes renováveis.
Pesca
e Aquicultura
O Ministério da Agricultura também vem trabalhando
para ampliar a inserção da pesca no crédito rural, com o fortalecimento do
apoio à comercialização de produtos da pesca e da aquicultura e o acesso a
financiamentos de investimento nas áreas de inovação e modernização das
atividades pesqueiras.
Armazéns
e Silos
O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns
(PCA), que financia investimentos necessários à ampliação e à construção de
novos armazéns e silos, terá R$ 5,13 bilhões disponíveis na próxima safra, com
taxas de juros de 7% ao ano para investimentos relativos à armazenagem com
capacidade de até 6 mil toneladas, e de 8,5 % ao ano para os demais
investimentos. O prazo de reembolso é de até 12 anos, com carência de até 3
anos.
Neste ano, foi instituído um limite de
financiamento de R$ 50 milhões para investimentos relativos a armazenagens de
grãos. Para o armazenamento dos demais itens, o limite continua sendo de R$ 25
milhões.
A TV Brasil transmitiu ao vivo a cerimônia,
confira aqui.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
ZE DUDU