O pecuarista Bruno
Machado, dono de quatro fazendas no Pará, que somam quase 7 mil hectares
de área, vai plantar em suas terras mais de uma tonelada de sementes, de
variedades como paricá, cumaru, jatobá e ipê. Ele não está abandonando a
pecuária. Mas, paralelamente à criação de gado e outras atividades, está
investindo em projetos do mercado de carbono na área de reflorestamento,
os mais valorizados atualmente.
O plantio nas fazendas
de Bruno Machado é resultado de uma parceria com a climate tech
brCarbon. A empresa atua com estratégias e tecnologias inovadoras
para viabilizar ações de conservação florestal, restauração ecológica e
agropecuária e extrativismo sustentável, além de desenvolvimento das
comunidades locais.
Na parceria com Bruno
Machado, a brCarbon forneceu as sementes para o pecuarista, que agora
fará o plantio para, no futuro, ter retorno financeiro com os créditos de
carbono das árvores que nascerem. As sementes foram entregues na fazenda
em Ipixuna do Pará, região amazônica, agora em junho e o plantio começa
no fim do ano, época de chuvas. "Os créditos de carbono dos projetos
de reflorestamento são os mais valorizados do mercado, estamos muito
felizes e otimistas com essa iniciativa", explica Bruno Machado, que
também tem parcerias com a brCarbon em outras frentes.
Os projetos de
reflorestamento no mercado de carbono são empacotados sob a sigla ARR, de
Afforestation, Reforestation and Revegetation, no original (Arborização,
Reflorestação e Revegetação, na tradução livre). Os projetos de ARR da
brCarbon possuem uma abordagem diferenciada que busca apoiar iniciativas
de restauração da vegetação nativa por meio de mecanismos de incentivos
econômicos e financeiros, especialmente aqueles provenientes do mercado
voluntário de carbono.
Todos os projetos da
brCarbon contam com o selo CCB, que engloba também ações de Clima,
Comunidade e Biodiversidade, como iniciativas junto às comunidades locais
para gerar conhecimento, fontes de renda por meio de atividades
sustentáveis, além do monitoramento da fauna, melhorias na infraestrutura
à disposição das famílias nativas e promoção da conservação das florestas
durante toda a vida útil do projeto. A VERRA, principal instituição para
registro dos créditos de carbono no mercado voluntário, não exige o selo
CCB das empresas que atuam no setor. "Mas a brCarbon entende que
esta é uma forma de gerarmos benefícios líquidos, mensuráveis e
auditáveis para a sociedade e promover ainda mais impactos positivos com
o mercado de carbono", explica o CEO da brCarbon, Bruno Matta.
Alertas para o
aquecimento global
O mercado de carbono
ganha cada vez mais importância diante dos graves alertas de aquecimento
global. Quase todos os recordes de temperaturas mais quentes do planeta
ocorreram depois dos anos 2000 e os registros estão se intensificando ano
a ano. O perigo é chegar ao "ponto de não retorno", um conceito
utilizado para indicar quando as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento
global não poderão ser mais revertidas.
O Acordo de Paris,
firmado em 2015 e em vigor desde 2016, definiu planos com o objetivo de
reduzir as emissões de gases do efeito estufa para limitar o aumento
médio de temperatura global a 2ºC, quando comparado a níveis
pré-industriais. Em 2021, o Brasil anunciou a meta de reduzir as emissões
de carbono no país em 50% até 2030 e zerar até 2050. Mas os desafios
ainda são gigantescos. "É assustador saber que tem gente que ainda
não se preocupa com o aquecimento global", afirma o engenheiro
florestal Diego Serrano, diretor e um dos fundadores da brCarbon. O
trabalho da climate tech consiste em buscar parcerias para promover
soluções que contribuam para o controle do aquecimento global.
Hoje a brCarbon está à
frente do projeto Brazilian Amazon, que abrange 30 mil hectares de
floresta amazônica preservados nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Mato
Grosso. Atualmente, o Brazilian Amazon gera benefícios diretos para 70
famílias tradicionais ribeirinhas e indiretos para outras 370 famílias.
Também contribui para a manutenção da biodiversidade local com cerca de
800 espécies da fauna monitoradas. Até 2025, a brCarbon pretende expandir
sua atuação em todos os nove estados da Amazônia Legal, atingindo a
conservação de 500 mil hectares.
O Brazilian Amazon
aparece atualmente em primeiro lugar na geração de créditos de carbono no
Brasil e em 4°lugar no mundo, em relação a projetos de conservação e
restauração florestal, agricultura e outros usos da terra (AFOLU, na
sigla em inglês). Internamente, responde por 36,5% do total de créditos
emitidos no país nesta categoria, segundo os dados obtidos no sistema de
registro da VERRA, principal instituição para registro dos créditos de
carbono no mercado voluntário.
Como funciona o
mercado de carbono
Um crédito de carbono
consiste em uma unidade transacionável e rastreável que atesta a redução
de emissão de Gases de Efeito Estufa devido a implantação de uma
atividade relacionada ao projeto de carbono, evidenciado o impacto
ambiental da atividade anualmente em função da emissão evitada de 1
tonelada de dióxido de carbono equivalente (CO2e). No Brasil, por
enquanto, existem projetos registrados no mercado voluntário. Ou seja,
internamente não existe uma exigência legal para que as empresas
compensem as suas emissões de Gases de Efeito Estufa por meio da compra
de créditos de carbono para compensar os impactos negativos de suas
atividades sobre o meio ambiente. "Mas as empresas que estão em
busca de atender aspectos de compliance relacionados ao ESG aderem, seja
por consciência ou por pressão de investidores e de seus consumidores. Ou
mesmo na expectativa de se antecipar a regulamentação do mercado, o que
já ocorre em diversos países", acrescenta o diretor Diego Serrano.
Sobre a brCarbon
A brCarbon (BRC) é uma climate tech que promove soluções
climáticas naturais com recursos financeiros do mercado de carbono para
mitigar os efeitos das mudanças climáticas globais. Fundada em novembro
de 2020 e com sede em Piracicaba (SP), conta com uma diretoria técnica com
15 anos de experiência no mercado voluntário de carbono.
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