
Foram 12 frigoríficos signatários do TAC que apresentaram auditoria própria e outros 12 sem auditoria (Foto: Wenderson Araujo/CNA) (Foto: )
- Brasília – O Ministério Público
Federal (MPF) anunciou, na última quinta-feira (26), a conclusão da sua
auditoria sobre a conformidade socioambiental da compra de gado bovino na
Amazônia, em prosseguimento as ações contra o comércio ilegal batizado numa campanha
nacional contra o ‘’Boi Pirta’’. Pela primeira vez, as ações extrapolam as
fronteiras do estado do Pará, incluindo empresas não signatárias do Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC) com o setor desde 2018.
Segundo o
procurador da República Daniel Azeredo, essa iniciativa visa acabar com a
discrepância entre empresas que colaboram com as investigações e aquelas que
não. “Até então tivemos um processo em que uma empresa que se abriu para os
órgãos de controle e teve uma irregularidade foi exposta de uma maneira muito
mais forte do que uma empresa que ficou lá quietinha, sem apresentar seus
dados,” observou.
No caso de
empresas não signatárias do TAC e que não realizaram auditorias próprias, o MPF
analisa automaticamente os dados disponíveis do Guia de Trânsito Animal e do
Cadastro Ambiental Rural (CAR) de seus fornecedores. Isso foi aplicado às
companhias cujos abates representavam pelo menos 0,3% da produção total de cada
estado.
Os
resultados das auditorias foram apresentados regionalmente, com análises já
concluídas nos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Pará, tendo
este último o maior número de empresas avaliadas. Entre as não signatárias, o
nível de inconformidade no Pará foi de 20%, enquanto aqueles que aderiram ao
TAC e contrataram auditorias apresentaram apenas 4,8% de inconformidades.
A JBS
comemorou um avanço significativo, elevando seu nível de conformidade de 83,27%
para 94%, não apenas no Pará, mas em todas as unidades federativas da Amazônia
Legal onde a empresa atua. Liège Correia, diretora de Sustentabilidade da JBS
Brasil, enfatizou o compromisso de alcançar 100% de conformidade, citando
mudanças na política de governança e na gestão documental de fornecedores como
fatores-chave para essa melhoria.
A Minerva
Foods também se destacou, atingindo 100% de conformidade pelo quinto ano
consecutivo, demonstrando excelentes resultados no Pará e em outros estados de
atuação. A Marfrig e a Frigol, ambas não signatárias do TAC, também obtiveram
100% de conformidade nas auditorias.
Apesar das
comemorações, o procurador da República Daniel Azeredo ressaltou que o objetivo
final é eliminar a produção de gado de origem ilegal no Brasil, e isso só será
possível com a implementação da rastreabilidade individual. A fiscalização
ampliada do MPF representa um passo importante na direção desse objetivo,
incentivando as empresas a se comprometerem ainda mais com a sustentabilidade e
a preservação da Amazônia.
Por Val-André Mutran – de Brasília
Com informações do MPF/PA