O mundo encantado da soja para
seus orgulhosos produtores chegou, enfim, à Amazônia paraense e, ao que parece,
para ficar. O Pará é a nova fronteira da commodity mais
valiosa do Brasil e seus municípios produtores nunca estiveram tão bem na foto
quanto em 2024, quando Redenção e Paragominas, os dois mais importantes,
passaram a figurar nas estatísticas da balança comercial do país.
As informações foram levantadas
com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que constatou a expansão da soja por
terras paraenses numa velocidade alucinante. Dos 20,152 bilhões de dólares
exportados pelo Brasil no primeiro semestre deste ano em soja, 1,421 bilhão
partiram do Pará, que chegou ao posto de 5º maior exportador nacional no
semestre, superando medalhões do setor, como Rio Grande do Sul (1,297 bilhão),
Minas Gerais (1,159 bilhão) e Bahia (853,58 milhões de dólares).
Mas as estrelas dessa festa são
os municípios produtores. Redenção, com 502,27 milhões de dólares enviados ao
exterior em soja, e Paragominas, com 471,37 milhões de dólares, ocupam
respectivamente os 11º e 13º lugares na balança comercial nos seis primeiros
meses deste ano. E a posição de ambos melhora muito quando descontados os
municípios que não são de fato produtores de soja e só figuram nas estatísticas
como encaminhadores do produto, a exemplo das cidades portuárias. Sob condições
normais de análise, Redenção já figura como 8º e Paragominas, 9º maiores
produtores e exportadores do país.
Histórico das exportações
Em uma década, as exportações de
soja originárias do Pará dispararam 820%, visto que em 2014 o estado mandava
para fora nada mais que 155 milhões de dólares do grão. Naquela época, eram
apenas quatro os municípios exportadores, volume que dobrou atualmente, de modo
que a commodity se espalha por diferentes eixos dentro do estado, como:
- Sul do Pará: por Redenção, Conceição do
Araguaia e Santana do Araguaia
- Divisa com o Maranhão: por Paragominas,
Dom Eliseu e Rondon do Pará
- Oeste do Pará: por Santarém e Itaituba
- Zona de embarque: por Barcarena
Além de Redenção e Paragominas,
Barcarena — mais pelo porto e menos por produção — enviou 224,53 milhões de
dólares em soja para fora do Brasil e Santarém, 144,23 milhões de dólares.
Mesmo o menor exportador, Rondon do Pará, vendeu para fora 4,56 milhões de
dólares e passou a figurar com frequência no rol de exportadores nacionais.
Redenção e Paragominas, por outro
lado, levam a bandeira do Pará porque, pela primeira vez, municípios do estado
estão no pelotão dos 15 mais dinâmicos do Brasil no quesito soja, assunto que
até 20 anos atrás era delírio e surrealidade para produtores daqui e de fora do
estado. Hoje, Redenção com rendimento de 1,14 milhão de toneladas embarcadas e
Paragominas com 1,11 milhão provam o contrário e são, por isso, os novos
queridinhos do setor, ajudando o Pará a compor seu preço e a turbinar sua
produtividade, fatores que são cartão de visita para o mercado.
Atualmente, a soja é o segundo
produto mais valioso na cesta de exportações do Pará, superando o minério de
cobre (1,315 bilhão exportados de janeiro a junho deste ano) e sendo superado
apenas pelo minério de ferro (6,062 bilhões). A manter o pique de produção, em
15 anos a soja “peita” o ferro e muda a vocação econômica do Pará, de extrator
mineral para sojicultor.
Se o que era delírio há duas
décadas tornou-se realidade hoje, não há que se duvidar de que, num futuro
próximo, a soja desbanque a mineração — inclusive a poderosa extração de
minério de ferro — como atividade econômica principal. A conferir.
Economia, Exportação, soja