Quarta-feira, 18 de Setembro de 2024

Brasil
Publicada em 23/10/18 às 09:23h - 242 visualizações
Diáspora traz venezuelanos para Marabá: comida e fraldas são maiores carências

Tiago Araujo

 (Foto: lider fm ourilandia)

A diáspora que tem espalhado venezuelanos por várias partes da América do Sul trouxe um grupo de 11 pessoas de duas famílias para Marabá. Durante o dia, ficam em semáforos pedindo esmola com cartazes escritos em papelão, usando palavras entre o português e o castelhano. À noite, ficam expostos em um cantinho nos fundos da Rodoviária do Km 6.

As duas famílias de venezuelanos não têm passaportes, apenas fome, sete crianças para cuidar e o pedido mais complexo é: “tem como arranjar uma casa pra gente?” 

Eles não falam o português, o castelhano não é muito fluente e entre si conversam na língua nativa, o warao. A conversa se dá mais por meio de um dos homens, Fred, que entende o português com ajuda de mímica e repetições.

Fred contou à Reportagem do blog que eles saíram de Tucupita, cidade no Nordeste da Venezuela, onde praticamente não conseguiam mais o que comer. Ele, por exemplo, quando saiu de seu país, ganhava um salário mensal equivalente a dois dólares (aproximadamente R$ 7,80) trabalhando no comércio.

“Aqui as coisas são caras, mas não falta alimento. E qualquer eventualidade que eu possa encarar com meus filhos não teria comparação ao que eu vivi na Venezuela, antes de vir embora”, confessa.

A saída do País de Nicolás Maduro aconteceu há dois anos, quando eles atravessaram 1.379 km do delta do Rio Orinoco até Manaus. Foi a primeira vez que Krossa, Maria e cinco filhos saíram das fronteiras do Estado de Delta Amacuro para desbravar terras brasileiras. Para fugir da fome, a mãe e outras centenas de indígenas da etnia Warao deixaram a terra natal assolada pela crise e resolveram apostar em um futuro melhor, longe de casa.  

“Em Tucupita não tinha comida, não tinha dinheiro. Ninguém mais comprava artesanato. Aqui está melhor, embora a gente sofra muito também”, diz Krossa, acompanhada do marido, Fred.

Reservada, a jovem observa a conversa entre o repórter e o marido, mas tem a maior parte da atenção voltada para os cuidados com as crianças. Se preocupa que todas estejam vestidas na frente de estranhos. Entende pouco de espanhol e se comunica a todo instante com o marido, Fred, na língua nativa, o warao.

Antes de chegar a Marabá, na última semana, passaram por Boa Vista, em Roraima, depois seguiram para Manaus, Santarém e Altamira. Dizem que gostaram daqui, onde pretendem passar uma boa temporada, talvez até morar definitivamente. “A gente queria ir para Belém, mas ficamos sabendo que lá já tem muitos venezuelanos, então achamos melhor ficarmos por aqui”, diz Fred.

Na manhã de domingo e desta segunda-feira, 22, eles se posicionaram no semáforo próximo à Câmara Municipal. As duas mulheres têm bebês que mantêm junto ao corpo o tempo todo com ajuda de um sling (acessório indígena feito de um pedaço de pano) e todos – até mesmo as crianças de cinco e sete anos – seguram um cartaz fabricado com papelão com o seguinte texto: “Sou indígena venezolana. Estou precisando a sua ajuda. Por favor, compra comida e fralda”. 

A Reportagem do blog descobriu onde eles estão dormindo e resolveu acompanhá-los no início da noite de domingo. Quando os quiosques da Rodoviária do Km 6 fecham as portas, após as 18 horas, os venezuelanos encontram um local para passar a noite. Sem colchão e rede, vão espalhando as poucas roupas que têm pelo chão. Algumas sacolas e mochilas servem de colchão para as crianças.

Os dois bebês – um de dois meses e outro de nove – nasceram já no Brasil e apresentam “brotoejas” pelo corpo inteiro. As mães sabem que os filhos estão doentes, mas não têm noção para onde levá-los para receber os cuidados necessários.

AÇÃO DA SEASP

A Reportagem do blog procurou a secretária municipal de Assistência Social, Nadjalúcia Oliveira, que informou que não tinha conhecimento da chegada das referidas famílias, mas que determinaria, de imediato, que uma equipe multiprofissional realizasse a chamada “busca ativa” para fazer o levantamento das condições deles. “Em julho deste ano passaram 23 famílias por Marabá e nós viabilizamos as passagens, por via rodoviária para eles, pois queriam ir para Altamira”, revelou.

O Brasil tem cerca de 30,8 mil imigrantes venezuelanos, segundo o IBGE, e isso tem relação direta com o agravamento da crise política, econômica e social, com inflação alta e desabastecimento por que passa aquele país.

Blog do Zedudu / Ulisses Pompeu – de Marabá




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