Na série de entrevistas feitas pelo jornalista Mauri Vandir
na Líder FM 98.7 para reviver e relembrar as histórias dos 32 anos de
Ourilândia do Norte o casal Izaias (73 anos) e Delfina (71 anos) relataram
vários fatos interessantes e marcantes. Goianos, de Araguaína, chegaram aqui no
ano de 1983. Vieram em um caminhão com a sua mudança, aqui não tinha hotéis ou
pousadas, e a primeira noite foi que dormiram em um cômodo de Cabaré uma dona
que os acolheu. A primeira noite foi sem banho mesmo, só tinha um córrego com
água muito suja ali lavavam a louça e todos usavam. Logo conseguiram adquirir
aquela área que residem até hoje, ali começaram, prepararam a terra e
cultivaram milho, arroz e feijão a propriedade passou a ser modelo e referência
deixando todos encantados. As poucas construções que tinha aqui eram todas de
madeira, palafitas, o que mais tinha eram bares e cabarés. Energia na época era
com motor estacionário, só em 2000 que chegou a rede elétrica. Trouxeram
algumas máquinas e instalaram a Cerâmica Goiana que cresceu e hoje é uma
referência no sul do Pará. Seu Izaias perfurou um poço, uma cisterna, naquela
ocasião quase morreu devido o gás. A cisterna deu água muito boa, limpa e
cristalina, muitas pessoas quando vinham do garimpo iam lá pedir água, era
muito boa, queriam pagar, e o casal se recusavam a receber pois é uma dádiva de
Deus. Em 1985, foi um dos anos de muitas chuvas, difícil para chegar
mercadoria, caminhões atolados, puxados por guincho era a rotina. Em um certo
momento só chegava de avião afirmou Izaias. O primeiro Jornal impresso foi
fundado pelo saudoso José Cândido, que
relatava todos os fatos, o saudoso Décio Cunha filho do seu Izaias e Delfina,
era o auxiliar e um ferrenho defensor e lutador pelas causas de Ourilândia.
Rambo do Roque era um dos comunicadores através da rádio cipó. A dificuldade
era grande na época um dos episódios inusitados, foi no período chuvoso, na
região da Vicinal 11 Irmãos um cavalo atolou na lama, não conseguiram tirar e
ele morreu ali mesmo. Outro fato, um Sargento apaixonado por uma menina nova de
Cabaré, deu três tiros na mesma ela não morreu e ele tirou a sua própria vida
com um tiro na cabeça. Um fato engraçado, seu Izaias logo começou a criar porcos,
em uma noite fria um ronco esquisito, acordaram, dona Delfina falou seu Izaias
tem uma pessoa agonizando, morrendo, o que era comum na época assassinatos,
pessoas que se envolviam em confusões, as vezes famílias mais humildes inteiras
eram assassinadas e tomavam as terras já demarcadas, aí foram verificar era o
porco com frio. Tinha uma corrente próximo ao Posto Fiscal, Guaritas com seguranças, só deixavam passar
famílias que tinham condições financeiras para comprar. A empresa Andrade
Gutierrez possuía a concessão para colonização das terras na região, foram
criadas as agrovilas, logo após ocorreram várias invasões. Dona Delfina relata
que não tinha escolas, tinha duas salas construídas pelo Getat, sem banheiros,
a primeira professora Deuzila sem formação, ali funcionou o Colégio Madre
Carolina, onde hoje é a Secretaria do Meio Ambiente. Delfina tinha formação e
havia atuado em Araguaína, começou a lecionar Português aqui e em Tucumã,
quando chegava em Tucumã no Colégio Samuel Nava, levava os meninos, os garotos
de lá cochichavam lá vem os filhos de rapariga da Gurita, muito constrangedor,
Décio era Valente, defendia com unhas e dentes Ourilândia. Irmã Terezinha
atuava no Colégio Madre Tereza, dona Delfina começou a ajudar na formação dos
professores, as dificuldades eram imensas, carência de quase tudo, os pais
ajudavam em festas para juntar as coisas, ajudavam com uma taxa financeira
mensal para contribuir na merenda e material. Dificuldades, alguns vinha na
escola com registros de nascimento
alterados, garimpeiros queriam pegar diploma para seus filhos de forma forçada,
pais, alunos, drogados, alcoolizados, armados eram enfrentados com rigidez e
disciplina pela professora Delfina. Em suas aulas prezava por Educação Moral e
Cívica, desfiles de 07 de Setembro lindos e bem organizados. O primeiro
hospital foi ali onde é a prefeitura e o primeiro Médico foi o Dr. Ari. O casal
participou ativamente do processo de emancipação Política em 10 de Maio de
1988, que até então pertencia a São Félix do Xingu, Paulista era o sub
prefeito, juntamente com várias pessoas, entre eles, João Paulo, Toninho carroceiro, Mozar da Mata, João Marissol, Boca Rica,
Goela, Manoel Romão, Salomão, Caçula, Ronaldo Alencar, Dr. Veloso, Marechal,
Cirilo, Moreno, Casquinha, Otaviano, Pedro Goiás e outros. Manoel de Melo foi
eleito Prefeito juntamente com o Sr. Gerônimo Cabral (saudoso), logo foi
construído o Colégio Três Poderes, em janeiro e fevereiro, em março início das
aulas e o prefeito Manoel de Melo não providenciava a contratação de
professores e nem comprou as carteiras, os pais começaram a ficar impacientes,
cobravam e nada. As mulheres começaram a se organizar, Dona Delfina comandava a
confecção dos cartazes e faixas, um grupo acompanhado por alguns alunos, foram
em direção a prefeitura, a polícia tentou impedir o movimento e não conseguiu.
O Prefeito Manoel de Melo viu a coisa ficar feia para o seu lado, em fuga, saiu
pelos fundos da prefeitura, perdeu os chinelos, entrou no porta malas de um
chevete, foi ao aeroporto em Tucumã, foi
para Xinguara e lá no Banco do Brasil sacou o pouco dinheiro que a prefeitura
tinha e nunca mais voltou, parece que está no estado de Goiás. O Vice , saudoso
Gerônimo Cabral assumiu o cargo, exerceu um excelente mandato, diante das
dificuldades da época, construiu muitas escolas, estradas, pontes etc. Na época
tinha um alto falante na Igreja Assembléia de Deus, de manhã eram passados
informações e avisos, os vereadores fizeram um projeto para tirar esse alto
falante, trouxeram um dia vários documentos para ele assinar em sua mesa, na
sua ingenuidade não leu e assinou, surgiu um descontentamento, membros foram
reclamar com ele porque fez isso, ele falou eu não assinei, não li, não sabia,
tentou reverter e os vereadores não abriram mão. Seu Izaias relembra que quando
chegaram ao lado já estavam seu Paulo Gasparetto e sua esposa Marlene, também o
Marechal chegaram em 1982. O Marechal foi um dos fundadores e o primeiro
Presidente da Coopertuc, seu Izaias doou os tijolos para construção. Aqui fica
o registro de alguns relatos contados por esse casal que continua e já
contribuiu muito com esse município. Dona Delfina finalizou, “cada um tem a sua
intensidade” o que é meu será. Viva , faça, doe, sempre o seu melhor, o que se
planta colhe. A lei do retorno. Por
Mauri Vandir.
Dr. Veloso Prefeito 04 mandatos, Pesconi, Francival e saudoso Gerônimo Cabral ex prefeitos
Maguila ex prefeito