Waldemar Vieira Lopes (Foto: )
É com grande satisfação Mauri, que me
dirijo a todos os ouvintes da Rádio Líder fm 98,7 de Ourilândia do Norte,
leitores do Jornal O Níquel para dividir informações à respeito de manejo
florestal sustentável, ferramenta que poderá ser implementada para promover
inserção social aos habitantes da reserva Kayapó.
Importante ressaltar que atendendo pedido de nosso amigo
comum João Gessi, estamos ultimando estudos quanto à viabilidade econômica de
exploração de uma área de 120.000 hectares de florestas, com unidade de
produção anual de 4.000 hectares, estimando-se mais de 100mil metros cúbicos de
matéria prima comercializada por ano.
Acreditamos que todo esse trabalho se torna possível após
criação da Cooperativa Kayapó, que se cercará de pessoas capazes de fazer dessa
oportunidade um “case” de sucesso, que virá proporcionar um futuro melhor para
toda a família caiapó, que num curto espaço de tempo possa sair da penúria em
que vivem por problemas os mais diversos.
Me chamo Waldemar Vieira Lopes, trabalho na área florestal
industrial da amazônia há mais de quatro décadas, com vivência na direção de
empresas da região, acompanhando processos do planejamento da colheita até a
entrega do produto acabado e, lastimavelmente nesse período por inúmeras vezes
acompanhei notícias de inúmeras etnias vendendo ativos florestais valiosos, por
preços reduzidos, por vezes a detratores ambientais, objetivando aplacar a fome
e suprir necessidades básicas de saúde.
Já vai tarde a hora de mudarmos esse estado de coisas,
permitindo que os indígenas deixem de meramente contemplar esse fantástico
patromônio florestal e o utilizem para melhoria da sua qualidade de vida, conquistando
os mesmos direitos que todo brasileiro tem, deixando daqui para a frente de
comprarem ilusões vendidas por pseudos protetores do meio ambiente.
O
principal objetivo é o desenvolvimento de um projeto demonstrativo de
viabilidade econômica, social e ambiental na Reserva Indígena Caiapó, que
compreende 3 milhões de hectares, hoje sem diretrizes que permitam a exploração
de sua riqueza florestal.
É
consenso nos meios científicos e empresariais que o modelo de supressão da
floresta através da exploração predatória das espécies florestais de maior
valor comercial ou conversão da floresta em pastagens de baixa capacidade de
produção, não é o mais indicado para a região.
Sabemos
que a madeira é o material de construção mais antigo empregado pelo homem, podendo
ser obtido em grandes quantidades já que suas reservas se renovam por si
mesmas, tornando o material permanentemente disponível, desde que explorado e
industrializado de forma racional.
A
madeira permitirá à Comunidade Caiapó, a evolução a que tem direito, o
crescimento da qualidade de vida e de seu poder aquisitivo e, o
Manejo Sustentável é a ferramenta que lhes permitirá sair desse isolamento, com
possibilidade de produção, progresso e renda, com arranjos produtivos que lhes
permitam usufruírem dessa riqueza representada por esse imenso capital natural,
gerando melhoria de vida com impacto reduzido.
Com esse potencial de produtos e serviços
florestais é inconcebível o estado de penúria e miséria a que são submetidas as
mais diversas comunidades indígenas, vivendo de migalhas e sem qualquer
perspectiva de progresso e inserção social, subnutridas e com carências de
serviços de saúde e saneamento básico, tendo como efeito indesejável baixa
expectativa de vida.
A organização de Cooperativa Caiapó é um
divisor de águas, posto que a organização associativa virá mitigar dificuldades
na gestão de negócios, buscando conhecimentos do mercado e avanços econômicos,
pois para que a produção florestal seja efetiva e promova emprego, renda e
inclusão é imprescindível que a interação floresta/indústria avance, sabemos
que a riqueza amazônica reside na sua diversidade, que pode ser potencializada
a partir de conhecimentos multidisciplinares, socialização do conhecimento
quanto ao bom uso de florestas e utilização racional com investimentos
crescentes em tecnologia, afinal a madeira é um dos poucos materiais de
construção carbono zero.
A possibilidade de se manejar de forma
ordenada o potencial existente nas Florestas Caiapós, será um marco de inclusão
social e melhoria de renda para a comunidade como um todo, através de um
conjunto de técnicas empregadas para explorar cuidadosamente parte das árvores
de uma floresta, de maneira contínua e sustentável, gerando benefícios
econômicos que superam os custos, com redução de desperdícios e riscos de
acidentes de trabalho, respeito à legislação ambiental, menores impactos a
flora e a fauna e maiores oportunidades de mercado.
Todos sabemos que nessas florestas existe uma
grande diversidade de espécies aptas ao aproveitamento produtivo, tanto
madeireiras como não madeireiras, cujos benefícios econômicos podem ser
auferidos a partir da utilização sustentável de inúmeros produtos da natureza.
Sintonizado ao momento atual e considerando o
potencial florestal das Áreas Florestais Caiapós, através do Manejo Florestal
Sustentável, se visará o abastecimento de indústrias madeireiras primárias,
secundárias e polos moveleiros no entorno das reservas florestais, com o
intuito de ajudar o desenvolvimento da comunidade e integração dos povos e
comunidades tradicionais, criando-se uma visão de verdadeiras Fazendas
Florestais, dentro do contexto da agricultura familiar, funcionando como vetor
do abastecimento dessa cadeia.
Essa transversalidade entre empresas do setor,
possibilita a especialização da produção e o desenvolvimento de nichos
específicos dentro da cadeia produtiva da madeira, diminuindo a necessidade de
sua verticalização, pois ninguém é bom em tudo, alguém colhe, alguém
transporta, alguém industrializa, alguém beneficia e assim por diante.
Para que se torne realidade, necessária a
criação de Distritos Industriais em região próxima às florestas, contribuindo
para absorção de mão de obra local através das fábricas e do polo moveleiro,
além da gama de prestadores de serviços que darão uma nova dinâmica ao setor
florestal, cooptados através de estratégias que ofereçam a melhor opção na
implantação e gestão de negócios, numa filosofia de retorno positivo, tanto a
potenciais investidores, como às comunidades florestais, de maneira a diminuir
o êxodo da população do entorno florestal para outros centros empregadores.
Ao mesmo tempo, caberá ao poder público
propiciar estrutura para atendimentos de necessidades básicas e entidades que
venham a capacitar a mão de obra necessárias aos empreendimentos que por certo
aportarão ao município do entorno florestal.
Claro que essa conversa inicial não esgota e
nem pretende esgotar as possibilidades de aproveitamento das riquezas
florestais existentes nas Reservas Indígenas Caiapó e, sim contribuir para uma
discussão propositiva, congregando atores os mais diversos, que comunguem dessa
visão de trazer um futuro digno para nossos irmãos indígenas.
Gratidão Mauri pelo espaço e temos mais do que
nunca, plena consciência de que a jornada de milhares de quilômetros, começa
com o primeiro passo.
Bom dia!