Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Brasil
Publicada em 09/06/20 às 06:22h - 415 visualizações
Manejo Florestal Sustentável por Waldemar Vieira Lopes

Jornal O Niquel

Waldemar Vieira Lopes  (Foto: )


 

É com grande satisfação Mauri, que me dirijo a todos os ouvintes da Rádio Líder fm 98,7 de Ourilândia do Norte, leitores do Jornal O Níquel para dividir informações à respeito de manejo florestal sustentável, ferramenta que poderá ser implementada para promover inserção social aos habitantes da reserva Kayapó.

Importante ressaltar que atendendo pedido de nosso amigo comum João Gessi, estamos ultimando estudos quanto à viabilidade econômica de exploração de uma área de 120.000 hectares de florestas, com unidade de produção anual de 4.000 hectares, estimando-se mais de 100mil metros cúbicos de matéria prima comercializada por ano.

Acreditamos que todo esse trabalho se torna possível após criação da Cooperativa Kayapó, que se cercará de pessoas capazes de fazer dessa oportunidade um “case” de sucesso, que virá proporcionar um futuro melhor para toda a família caiapó, que num curto espaço de tempo possa sair da penúria em que vivem por problemas os mais diversos.

Me chamo Waldemar Vieira Lopes, trabalho na área florestal industrial da amazônia há mais de quatro décadas, com vivência na direção de empresas da região, acompanhando processos do planejamento da colheita até a entrega do produto acabado e, lastimavelmente nesse período por inúmeras vezes acompanhei notícias de inúmeras etnias vendendo ativos florestais valiosos, por preços reduzidos, por vezes a detratores ambientais, objetivando aplacar a fome e suprir necessidades básicas de saúde.

Já vai tarde a hora de mudarmos esse estado de coisas, permitindo que os indígenas deixem de meramente contemplar esse fantástico patromônio florestal e o utilizem para melhoria da sua qualidade de vida, conquistando os mesmos direitos que todo brasileiro tem, deixando daqui para a frente de comprarem ilusões vendidas por pseudos protetores do meio ambiente.

 

O principal objetivo é o desenvolvimento de um projeto demonstrativo de viabilidade econômica, social e ambiental na Reserva Indígena Caiapó, que compreende 3 milhões de hectares, hoje sem diretrizes que permitam a exploração de sua riqueza florestal.

É consenso nos meios científicos e empresariais que o modelo de supressão da floresta através da exploração predatória das espécies florestais de maior valor comercial ou conversão da floresta em pastagens de baixa capacidade de produção, não é o mais indicado para a região.

Sabemos que a madeira é o material de construção mais antigo empregado pelo homem, podendo ser obtido em grandes quantidades já que suas reservas se renovam por si mesmas, tornando o material permanentemente disponível, desde que explorado e industrializado de forma racional.

A madeira permitirá à Comunidade Caiapó, a evolução a que tem direito, o crescimento da qualidade de vida e de seu poder aquisitivo e, o Manejo Sustentável é a ferramenta que lhes permitirá sair desse isolamento, com possibilidade de produção, progresso e renda, com arranjos produtivos que lhes permitam usufruírem dessa riqueza representada por esse imenso capital natural, gerando melhoria de vida com impacto reduzido.

Com esse potencial de produtos e serviços florestais é inconcebível o estado de penúria e miséria a que são submetidas as mais diversas comunidades indígenas, vivendo de migalhas e sem qualquer perspectiva de progresso e inserção social, subnutridas e com carências de serviços de saúde e saneamento básico, tendo como efeito indesejável baixa expectativa de vida.

A organização de Cooperativa Caiapó é um divisor de águas, posto que a organização associativa virá mitigar dificuldades na gestão de negócios, buscando conhecimentos do mercado e avanços econômicos, pois para que a produção florestal seja efetiva e promova emprego, renda e inclusão é imprescindível que a interação floresta/indústria avance, sabemos que a riqueza amazônica reside na sua diversidade, que pode ser potencializada a partir de conhecimentos multidisciplinares, socialização do conhecimento quanto ao bom uso de florestas e utilização racional com investimentos crescentes em tecnologia, afinal a madeira é um dos poucos materiais de construção carbono zero.

 

A possibilidade de se manejar de forma ordenada o potencial existente nas Florestas Caiapós, será um marco de inclusão social e melhoria de renda para a comunidade como um todo, através de um conjunto de técnicas empregadas para explorar cuidadosamente parte das árvores de uma floresta, de maneira contínua e sustentável, gerando benefícios econômicos que superam os custos, com redução de desperdícios e riscos de acidentes de trabalho, respeito à legislação ambiental, menores impactos a flora e a fauna e maiores oportunidades de mercado.

Todos sabemos que nessas florestas existe uma grande diversidade de espécies aptas ao aproveitamento produtivo, tanto madeireiras como não madeireiras, cujos benefícios econômicos podem ser auferidos a partir da utilização sustentável de inúmeros produtos da natureza.

Sintonizado ao momento atual e considerando o potencial florestal das Áreas Florestais Caiapós, através do Manejo Florestal Sustentável, se visará o abastecimento de indústrias madeireiras primárias, secundárias e polos moveleiros no entorno das reservas florestais, com o intuito de ajudar o desenvolvimento da comunidade e integração dos povos e comunidades tradicionais, criando-se uma visão de verdadeiras Fazendas Florestais, dentro do contexto da agricultura familiar, funcionando como vetor do abastecimento dessa cadeia.

Essa transversalidade entre empresas do setor, possibilita a especialização da produção e o desenvolvimento de nichos específicos dentro da cadeia produtiva da madeira, diminuindo a necessidade de sua verticalização, pois ninguém é bom em tudo, alguém colhe, alguém transporta, alguém industrializa, alguém beneficia e assim por diante.

Para que se torne realidade, necessária a criação de Distritos Industriais em região próxima às florestas, contribuindo para absorção de mão de obra local através das fábricas e do polo moveleiro, além da gama de prestadores de serviços que darão uma nova dinâmica ao setor florestal, cooptados através de estratégias que ofereçam a melhor opção na implantação e gestão de negócios, numa filosofia de retorno positivo, tanto a potenciais investidores, como às comunidades florestais, de maneira a diminuir o êxodo da população do entorno florestal para outros centros empregadores.

Ao mesmo tempo, caberá ao poder público propiciar estrutura para atendimentos de necessidades básicas e entidades que venham a capacitar a mão de obra necessárias aos empreendimentos que por certo aportarão ao município do entorno florestal.

Claro que essa conversa inicial não esgota e nem pretende esgotar as possibilidades de aproveitamento das riquezas florestais existentes nas Reservas Indígenas Caiapó e, sim contribuir para uma discussão propositiva, congregando atores os mais diversos, que comunguem dessa visão de trazer um futuro digno para nossos irmãos indígenas.

Gratidão Mauri pelo espaço e temos mais do que nunca, plena consciência de que a jornada de milhares de quilômetros, começa com o primeiro passo.

Bom dia! 




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