A Operação Verde Brasil II será prorrogada para o
segundo semestre deste ano e vai focar nas queimadas, a fim que o Brasil, a
exemplo do que aconteceu em 2019, não seja visto pelo resto do mundo como o
vilão dos crimes ambientais na Amazônia. A garantia de que a ação vai prosseguir
foi dada na tarde de ontem (8), em Marabá, pelo vice-presidente da República,
general Hamilton Mourão, em entrevista coletiva aos meios de Comunicação locais
e regionais, acompanhado do governador do Pará, Helder Barbalho.
Pela manhã, Mourão se reuniu com Barbalho e, por
vídeo conferência com os demais Comandos Conjuntos da Operação, com a
participação de integrantes de todas as agências participantes da Verde Brasil
II. No início da tarde, ele e o governador sobrevoaram a área das operações.
O governo federal deflagrou a Operação Verde Brasil
II para ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais direcionadas
ao desmatamento ilegal e combate aos focos de incêndio na Amazônia Legal.
O emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei
e da Ordem (GLO) e para ações subsidiárias iniciou-se em 11 de maio passado,
quando o Ministério da Defesa ativou o Comando Conjunto “Marechal Soares
Andrea”, em Belém, composto do Comando Militar do Norte (EB), o 4º Distrito
Naval (MB) e a ALA 9 (FAB), para desencadear operações na Área da Amazônia
Legal, com a missão de realizar ações preventivas e repressivas contra delitos
ambientais.
O combate a esses crimes teve como focos a redução
de desmatamento ilegal e de incêndios nas áreas de fronteira, nas águas
interiores, nas terras indígenas, nas unidades federais de conservação
ambiental e em outras áreas nos Estados da Amazônia Legal em que forem
necessários, a fim de contribuir com a proteção e preservação ambiental.
A ação teve a coordenação Conselho Nacional da Amazônia
Legal, presidido pelo vice-presidente da República Hamilton Mourão, em apoio
aos órgãos de controle ambiental e de segurança pública. O orçamento inicial
foi de R$ 60 milhões. Empregou 3,8 mil militares, além de mais de 140 meios de
transporte, entre embarcações, viaturas e aeronaves das três Forças Armadas.
As ações envolveram também: Polícia Federal (PF),
Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação nacional do Índio (Funai),
Instituto “Chico Mendes” de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Força
Nacional de Segurança Pública (FNSP) e as agências ambientais e de segurança
pública estaduais.
Os resultados da Verde Brasil II foram: apreensão
de 168 metros cúbicos de madeira e 300 litros de óleo diesel, aplicação de R$
950 mil em multas, detenção de quatro pessoas, além de máquinas e veículos
legalmente inutilizados pelos órgãos responsáveis. As atividades contaram
também com ações educativas voltadas para a conscientização da população para a
importância da preservação ambiental, tudo isso com os devidos cuidados e
limitações impostos pela covid-19.
Leia, a seguir, os pontos mais destacados da
coletiva, pelo general Mourão e por Helder Barbalho.
Desmatamento
O vice-presidente Hamilton Mourão disse que a
primeira coisa a fazer é reconhecer que o problema existe, que existe
desmatamento ilegal na Amazônia e que no Estado do Pará acontece com maior
intensidade, devido a uma prática que iniciou nos anos 1970, com a ocupação da
região amazônica pela migração de pessoas do sul e sudeste do País. Em primeiro
lugar é preciso trabalhar com a repressão aos crimes ambientais e com a
fiscalização, depois avançar com a regularização fundiária para que quase 500
mil famílias, a maioria delas no Pará, tenham seus títulos de terra,
sejam reconhecidas como proprietárias e tenham assistência técnica do Estado
para trabalhar da forma mais harmônica e mais moderna possível.
O governador Helder Barbalho disse que o Pará
também está fazendo sua parte, com a criação da Força Estadual de Combate ao
Desmatamento, com a primeira operação envolvendo quatro equipes no oeste e no
sul do Estado, em áreas com maior percentual de desmatamento.
Operação
Verde Brasil II
O vice-presidente contou que, na reunião inicial do
Conselho Nacional da Amazônia Legal, ficou decidido que haveriam sete ações
imediatas e uma delas era o combate ao desmatamento e às queimadas ilegais.
Para isso era necessário a participação de todas os órgãos que combatem crimes
ambientais, como Ibama, ICMBio, Incra, Funai, entre outros, e o apoio dos
governos estaduais. Tudo foi planejado, a operação começou em 11 de maio
último, com três comandos estabelecidos, um em Porto Velho (RO), outro em
Cuiabá (MT) e um terceiro no Pará. A ação ocorreu nas áreas em que a
ilegalidade estava ocorrendo com maior intensidade. O resultado mostra que o
índice de desmatamento deste ano comparado ao índice de desmatamento de 2019
demonstra que, em 2020, a ilegalidade foi ínfima, com apreensões de madeira
ilegal, autuações de garimpos, apreensões de drogas e de veículos ilegal,
destruições de equipamentos que não puderam ser retirados das áreas em que
estavam. Na oportunidade, ele anunciou que a operação vai prosseguir no segundo
semestre, tendo em vista a época das queimadas.
Áreas
de garimpo
Em primeiro lugar, afirma o general Mourão, é
preciso impedir que a ilegalidade dos garimpos clandestinos ocorra. Ele
ressaltou que, quando se fala nesse tipo de garimpagem logo vem à mente a
imagem daquele grupo de garimpeiros com bateias e uma bomba de sucção
procurando alguma coisa nos rios. Porém, o que ele viu no sobrevoo que fez com
o governador Helder Barbalho, não é simples assim. Destacou que foi possível
verificar veículos de grande porte transportando manganês, assim como máquinas
e outros equipamentos que operam nas minas ilegalmente. Disse que é preciso dar
um passo adiante, para verificar o que pode ser feito para que essa atividade
possa se dar de forma legal, de acordo com a legislação ambiental e, a partir
daí, possa gerar emprego e renda para quem está ali trabalhando, e recursos em
forma de tributos, para o Estado e para a União. Por seu turno, o governador do
Pará disse que, além disso, é preciso mudar a cultura e trabalhar para
encontrar saídas e empreender um modelo de desenvolvimento sustentável e não
apenas o modelo simplesmente extrativista.
Questão
indígena – Covid-19
O general Hamilton Mourão lembrou que a Funai é o
órgão encarregado pela execução das políticas voltadas aos indígenas no País e
destacou também o papel da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), que
cuida da sanidade dos indígenas que vivem nas aldeias. O vice-presidente
afirmou que o Conselho da Amazônia tem acompanhado muito de perto o trabalho da
secretaria, orientando no que for necessário a fim de evitar que a pandemia se
instale nas aldeias e venha a causar muitas mortes, uma vez que a
vulnerabilidade desses povos é muito grande.
Queimadas
O vice-presidente afirma que, após o combate ao
desmatamento, no segundo semestre as ações serão dirigidas ao combate das
queimadas. O grande objetivo, afirma o general, é que, ao final do segundo
semestre, a incidência de queimadas seja muito baixa, revertendo a péssima
imagem que foi colocada para o resto do mundo no ano passado. Ele detalhou que
na primeira fase da operação houve o combate ao desmatamento, agora inicia uma
etapa de análise nas áreas onde já se sabe que houve o corte da madeira, que
está no chão pronta para ser queimada. Essas áreas serão classificadas como prioritárias,
para, na etapa que ser inicia no segundo semestre manter a capacidade de
fiscalização, buscando identificar outras áreas descobertas. O governador
Helder Barbalho também falou sobre o assunto e disse que, ao perceber que, nos
primeiros meses deste ano, a situação caminhava para se agravar ainda mais que
em 2019, se antecipou e foi o primeiro governante estadual a solicitar a
presença da Operação Brasil Verde II no Pará.
Por Eleuterio
Gomes – de Marabá