Em uma década, o estado mais populoso da Região
Norte viu dois municípios romperem a faixa dos 200 mil habitantes. Parauapebas
cruzou a marca em 2017 e Castanhal, em 2019. Já estavam nessa seleta lista
Belém (desde 1920), Ananindeua (desde 1995), Santarém (desde 1985) e Marabá
(desde 2006). As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé
Dudu, que analisou os microdados da Estimativa da População 2020 divulgada na
manhã desta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
O Blog antecipou em dois momentos o número exato da
população do Pará para este ano, em 2019 (relembre aqui)
e no mês passado (veja aqui ).
E acertou na mosca: o Pará tem exatos 8.690.745 habitantes em 2020, 4.356.651
homens e 4.334.094 mulheres, 88 mil pessoas a mais que em 2019. Esse número, no
entanto, será revisado com o recenseamento geral da população, que aconteceria
este ano, mas, por causa da pandemia, foi transferido para 2021 — e, ainda
assim, sua realização ano que vem é dúvida porque o governo federal quer
cancelar o censo, mexer no orçamento da programação e remanejá-lo para o
Ministério da Defesa.
Os municípios mais populosos do estado, todos com
mais de 100 mil habitantes, são 18:
·
Belém (1.499.641 habitantes, 11º no país),
·
Ananindeua (535.547, 41º),
·
Santarém (306.480, 91º),
·
Marabá (283.542, 101º),
·
Parauapebas (213.576, 144º),
·
Castanhal (203.251, 154º),
·
Abaetetuba (159.080, 186º),
·
Cametá (139.364, 213º),
·
Marituba (133.685, 225º),
·
São Félix do Xingu (132.138, 230º),
·
Bragança (128.914, 241º),
·
Barcarena (127.027, 243º),
·
Altamira (115.969, 276º),
·
Tucuruí (115.144, 279º),
·
Paragominas (114.503, 281º),
·
Tailândia (108.969, 294º),
·
Breves (103.497, 313º) e
·
Itaituba (101.395, 324º).
Os três municípios menos populosos são todos do
sudeste do Pará, sendo Bannach o menor de todos, com 3.262 moradores (4.978º
entre os 5.570 municípios brasileiros). É seguido por Pau D’Arco (5.410
habitantes, 4.191º) e Sapucaia (6.009 habitantes, 3.995º). De 2019 para 2020,
15 municípios paraenses reduziram a população, entre eles Curionópolis, o
município mais afetado do estado do ponto de vista econômico.
Dúvidas, polêmicas e bafafás numéricos
Sem censo demográfico, a população de vários
municípios paraenses não corresponde à realidade, mesmo que as estimativas
anuais insistam em atualizar a base numérica. Há municípios que, no entender do
Blog estão com população “superfaturada”, como é o caso de São Félix do Xingu e
Tailândia, e outros que estão com população rebaixada, a exemplo de Canaã dos
Carajás, Parauapebas, Vitória do Xingu e Altamira.
Em Canaã, a população estimada para 2020, segundo o
IBGE, é de 38.103 habitantes, mas nem de longe ilustra a realidade. Só
eleitores aptos a votar nas eleições de novembro são 40.583, cerca de 2.500 a
mais que a população inteira. No recorte proporcional brasileiro de eleitorado
pela população total, Canaã estaria atualmente com cerca de 65 mil moradores. O
vizinho Parauapebas, na mesma perspectiva, pode estar com cerca de 235 mil
habitantes, 20 mil a mais que o estimado.
O IBGE bate o pé até com relação a dados de
eleitorado ou quaisquer outros cadastros, mesmo oficiais e confiáveis. O órgão
diz que “não utiliza informações de registros administrativos no cálculo das
estimativas das populações municipais” porque os registros ou cadastros não
foram criados para o uso estatístico, e sim para controle e gestão de políticas
públicas”.
Para muitas localidades, essa defasagem implica
prejuízo financeiro. É que os dados populacionais são base para o recebimento
do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), entre outros recursos
transferidos dos quais especialmente as prefeituras pequenas são extremamente
dependentes. Os números reais do censo poderão surpreender muitos gestores e o
próprio IBGE.