Ex-presidenta do Ibama considerou a agenda de desproteção ambiental do governo Bolsonaro, representado pelo ministro Ricardo Salles, um retrocesso. (Foto: Reprodução / YouTube) (Foto: )
Com o Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama) controlado, quase majoritariamente, pelo Governo
Federal, manguezais e restingas não são áreas de proteção permanente (APPs). A
decisão foi tomada numa reunião, nesta segunda-feira (28), que revogou as
resoluções 302/2002 e 303/2002. A reunião foi tumultuada. Houve tentativa de
cancelá-la até judicialmente. O Ministério Público Federal (MPF) já adiantou
que vai recorrer da decisão do conselho, presidido, atualmente, pelo ministro
Ricardo Salles, do Meio Ambiente.
O fim das duas
resoluções, agora as restingas, áreas litorâneas e praianas, em boa parte do
nordeste brasileiro, sejam ocupadas por imóveis. Uma das preocupações das
poucas vozes contrárias à mudança nesse bioma apontavam o risco de especulação
imobiliária. E os manguezais, áreas que ocorrem no Pará e em outras regiões
brasileiras, poderão ser usadas para projetos como cultivo de camarão e outros
empreendimentos antes proibidos nesses biomas.
Ainda na
reunião, foi extinta a resolução 284/2001, que revogou a necessidade de
licenciamento para projetos de irrigação. Por fim, ficou liberada a queima, em
fornos industriais, de resíduos de agrotóxicos, além de embalagens, plásticos e
outros insumos que antes tinham legislação específica para descarte.
A ex-presidenta
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Suely Araújo, comentou que as medidas são retrocessos. Ela
é especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima.
“Com a
conformação do Conama que foi instalada pelo governo Bolsonaro, o governo
obteve pleno controle para passar boiadas, reduzir o rigor da legislação
ambiental por meio de resoluções do conselho. O Conama, órgão com quatro
décadas de importantes contribuições para a política ambiental, na prática está
morto”, disse Suely, ao jornal Estado de S. Paulo.