Brasil Publicada em 10/11/20 às 21:26h - 268 visualizações
MPF, Vale e indígenas Xikrin e Kayapó fazem acordo sobre minas de Onça Puma As partes terão prazo para apuração e reparação dos danos socioambientais. Caso não haja consenso quanto aos danos e à sua reparação, as ações judiciais voltam a tramitar
Jornal O Niquel
Link da Not�cia:
O Ministério Público Federal (MPF), a Vale e os
povos indígenas Xikrin e Kayapó chegaram a um acordo preliminar sobre a
Mineração Onça Puma. Trata-se de uma subsidiária da Vale para exploração de
níquel. O acordo tenta encontrar compensações pelos impactos sociais e
ambientais sobre as terras indígenas. Estão prevista a suspensão, por um ano,
do processo judicial movido pelo MPF e de outros ajuizados pelas associações
dos indígenas contra a mineradora.
Nesse prazo, haverá tratativas sobre a contaminação
e a despoluição do rio Cateté. A empresa deverá repassar um valor superior a R$
26 milhões aos indígenas. A suspensão dos processos é transitória,
exclusivamente no prazo de um ano. A Vale deixará de fazer os depósitos em
juízo e passará a fazê-los, diretamente, nas contas das associações
representantes dos indígenas
Vista aérea do parque industrial Onça Puma (Foto: Vale / Divulgação)
O repasse aos Xikrin corresponderá a
aproximadamente R$ 12,4 milhões e aos Kayapó, R$ 13,7 milhões. Além disso, a
mineradora se comprometeu a repassar outros R$ 4,5 milhões para a implantação
de projetos estruturantes nas aldeias Xikrin.
Com a suspensão dos processos judiciais, a Vale, o
MPF e os povos indígenas também concordaram em fazer reuniões para buscar uma
solução definitiva sobre as indenizações devidas pela Vale às comunidades. As
dívidas dizem respeito ao fato de a Onça Puma ter sido implantada sem estudo de
impactos socioambientais aos Xikrin e aos Kayapó, mesmo estando instalada nas
proximidades das terras indígenas.
Em nota, a Vale informou que “…em audiência de
conciliação realizada na Justiça Federal de Redenção, com representantes dos
Povos Xikrin do Cateté e Kayapo, advogados, FUNAI e MPF, acordou a suspensão
temporária dos processos judiciais que envolvem a empresa e esses Povos
Indígenas, pelo prazo de 1 ano, com o objetivo de criar um ambiente favorável e
harmônico à construção, de forma conjunta e participativa, de acordo que possa
encerrar todas as ações”
“A Vale reforça que esse passo é muito importante
para a consolidação de uma relação de parceria e confiança com essas
comunidades e reitera seu compromisso com o diálogo aberto e contínuo com o
Povo Xikrin do Cateté e Kayapo e o seu respeito às comunidades indígenas”,
garantiu a mineradora..
Ações tramitam desde 2012
Desde 2012, o MPF iniciou processo contra a empresa
pelas irregularidades no licenciamento e apontou graves danos ambientais,
incluindo a contaminação do rio Cateté por metais pesados. Além dos valores
devidos aos indígenas, os estudos de impactos nunca foram concluídos.
O pré-acordo, feito em uma audiência judicial, com
duas sessões, nos dias 21 de outubro e 4 de novembro, vai permitir que o MPF,
as comunidades indígenas e a empresa discutam o prosseguimento dos estudos
sobre os impactos, com a participação de universidades ou institutos de
pesquisa públicos. A mensuração dos danos é passo fundamental para que se
possam planejar ações efetivas de mitigação e compensação ambiental.
Com o acordo, os processos também ficam suspensos
na segunda e na terceira instâncias. A suspensão ocorrerá para o processo
iniciado pelo MPF em Redenção, que tem atribuição para atuar em Ourilândia do
Norte, município onde fica a sede da Onça Puma. Processos iniciados pelo MPF
contra a Vale em outras seções/subseções judiciárias – como Marabá – seguem
tramitando normalmente.
As aldeias Xikrin, da região do Cateté, no sudeste
do Pará, entre as cidades de Ourilândia do Norte, Parauapebas e São Félix do
Xingu, foram cercadas por quase todos os lados pelas atividades econômicas de
mineração da empresa. São 14 empreendimentos no total, extraindo cobre, níquel
e outros minérios, todos de propriedade da Vale, alguns já implantados, outros
em implantação
O MPF aduz que um dos empreendimentos de extração e
beneficiamento de níquel, chamado Onça Puma, implantado sem o cumprimento da
condicionante ambiental, em sete anos de atividade, contaminou com metais
pesados o rio Cateté e dificultou muito a vida dos cerca de 1.300 Xikrin. Danos
socioambientais são sentidos ainda pelo povo Kayapó, que também vive próximo
dos empreendimentos.
Fonte: MPF
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