Todo mundo sabe que a independência
do Brasil é celebrada no dia 7 de setembro. No entanto, em 9 de janeiro de
1822, um importante fato foi crucial para que este caminho fosse pavimentado.
Professor de História mostra o que de importante aconteceu naquele dia.
Não é possível falar da história do
Brasil sem lembrar de um fato importante que aconteceu no dia 9 de janeiro de
1822. Naquele dia, Dom Pedro I se recusou a retornar para Portugal e dar
continuidade no processo de colonização brasileiro. Aquele momento se tornou
conhecido como o “Dia do Fico”.
É importante observar que Dom Pedro I
foi muito pressionado pela família real a retornar para Portugal, e ao mesmo
tempo pelas elites brasileiras. Conforme lembra o professor de História,
Ueldison Alves de Azevedo, “esse foi o período que o analfabetismo estava em
alta e apenas as elites agrárias tinha estudos. Logicamente, ela apoiava a
iniciativa de um Brasil independente, principalmente os pernambucanos, que
antes mesmo do processo de independência começar no território brasileiro, a
denominada confederação do Equador. Formada por um grupo de republicanos,
defendia a mudança do governo nacional”, conta.
Aliás, o professor de História
destaca um erro ao se contar este fato marcante: “É muito equivocado falar no
campo da historiografia que Dom Pedro ficou para agradar a massa. Isso nunca
foi verdade, o interesse dele foi fazer a vontade de uma pequena quantidade de
pessoas ricas que tinha ideais políticos definidos”.
Ainda assim, Ueldison ressalta que é
sempre importante lembrar que por mais os interesses particulares estiveram
envolvidos, “essa decisão do imperador é de muita importância para colocar o
Brasil no caminho da identidade nacional. Pela primeira vez, temos um governo
nosso, apesar de ser o único império dentre as repúblicas da América latina”.
A partir do “Dia do Fico”, Dom Pedro
I assume um poder sem igual, conforme fica destacado quando foi promulgada a
constituição de 1824. “Esse documento é o fruto dessa iniciativa e do apoio a
Dom Pedro I, pois ela traz os princípios do iluminista Barão de Montesquieu, o
qual defendia que um Estado deveria ser dividido em três poderes, judiciário,
legislativo e executivo. Porém, o imperador ainda criou o quarto poder, chamado
de moderador”.
E que poder era esse? O professor de
História apresenta: “Em poucas palavras, o moderador centraliza todo o poder
nas mãos do imperador. Até a igreja teve dedo de mudanças através do império”.
Outro detalhe importante do governo
imperial, consenso entre historiadores, reforça Ueldison, é que, “apesar de
termos um governo déspota, absolutista, este foi o primeiro que trouxe uma
identidade política ao nosso país. Com ele tivemos símbolos de riquezas
nacionais como o nosso próprio tesouro, que durante muito tempo ficou no Estado
do Rio de Janeiro no Palácio da Quinta do Boa Vista, sendo que lá era a sede do
governo imperial”.
Além disso, Ueldison Azevedo reforça
que “devemos olhar o quanto o Dia do Fico foi importante para nossa formação
como sociedade, ainda que de maneira tardia no século XIX”, completa.
--
Raphael Lucca - MF
Press Global
Pauteiro