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Brasília – Na madrugada
deste domingo (28), o Brasil entrou para o seleto grupo de 20 países no Mundo
que possuem o domínio completo do ciclo de desenvolvimento de um satélite ao
concluir com pleno êxito a missão de colocar em órbita o primeiro satélite de
observação da Terra totalmente projetado, integrado, testado e operado pelo
Brasil. O Amazonia 1 foi colocado em órbita pela agência espacial indiana
Indian Space Research Organisation (ISRO), no Satish Dhawan Space Centre, em
Sriharikota, na Índia e já opera no espaço.
O satélite faz parte da Missão Amazonia 1, cujo
objetivo é fornecer dados de sensoriamento remoto para monitorar o desmatamento
e a agricultura no País. O satélite vai gerar imagens a cada 5 dias e também
poderá fornecer dados de um ponto específico em dois dias com uma precisão de
60 metros — o que deverá revolucionar o monitoramento de queimadas e crimes
ambientais em todo o país.
O momento do lançamento do foguete PSLV-C51 com o
satélite pode ser visto no vídeo abaixo, a partir de 2:55:25. Cerca de 17
minutos depois da decolagem, que foi à 1h54 do horário de Brasília, o satélite
foi separado do foguete e colocado em órbita a 757 km de altitude, em um ponto
próximo da ilha de Madagascar e com direção ao Pólo Sul.
Veja o vídeo com o lançamento do satélite Amazônia
1
Pouco mais de cinco minutos depois, a abertura do
painel solar foi concluída com sucesso. A etapa é importante pois indica o
pleno funcionamento do satélite e garante uma orientação mais precisa dele.
O artefato já está enviando dados que são coletados pelo Centro de Operações do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, em São Jose dos Campos,
interior de São Paulo, que monitora e opera a órbita do satélite genuinamente
nacional.
De acordo com o INPE, o novo satélite possibilitará
também o monitoramento da região costeira, de reservatórios de água e de
florestas, além de observações de possíveis desastres ambientais. Com seis
quilômetros de fios e 14 mil conexões elétricas, o Amazonia 1 é capaz de
observar uma faixa de aproximadamente 850 km com 64 metros de resolução.
O INPE destaca que a Missão Amazonia renderá ao
Brasil a consolidação do conhecimento no ciclo completo de desenvolvimento de
satélites; o desenvolvimento da indústria nacional dos mecanismos de abertura
de painéis solares, o desenvolvimento da propulsão do subsistema de controle de
atitude e órbita na indústria nacional e a consolidação de conhecimentos na
campanha de lançamento de satélites de maior complexidade.
Uma comitiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações viajou à Índia
para acompanhar a decolagem. Pouco após a decolagem, o ministro Marcos Pontes,
que já foi astronauta, fez um rápido discurso diretamente da base parabenizando
as equipes que trabalharam no projeto. Durante oito anos as equipes
multidisciplinares da Missão Amazônia desenvolveram o projeto e a construção do
Amazônia 1.
O Amazonia 1 foi colocado em órbita pela missão PSLV-C51, da agência espacial
indiana Indian Space Research Organisation (ISRO). Com seis quilômetros de fios
e 14 mil conexões elétricas, o satélite tem por objetivo fornecer dados de
sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento, especialmente na
região amazônica, além de monitorar a agricultura no país.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, acompanhou
diretamente do centro de controle da missão na Índia, e fez questão de
reafirmar a parceria entre os dois países. “Este momento representa o ápice
desse esforço [de desenvolvimento do projeto], feito por tantas pessoas. Esse
satélite tem uma missão muito importante para o Brasil. Essa parceria [entre
Brasil e Índia] vai crescer muito. Portanto, muito obrigado pelo lindo
lançamento, lindo foguete e por todo o esforço. As bandeiras [da índia e do
Brasil] representam exatamente o que estamos fazendo aqui hoje: uma relação
cada vez mais forte”, discursou o ministro para a equipe indiana após o anúncio
do sucesso da missão.
“Estou extremamente satisfeito em declarar o
sucesso do lançamento preciso do Amazonia 1 hoje. Nesta missão, a Índia e a
ISRO [agência espacial indiana] estão extremamente honradas e felizes em lançar
o primeiro satélite operado pelo Brasil. Minhas sinceras congratulações ao time
brasileiro por essa conquista. O satélite está em órbita, os painéis solares se
abriram e está tudo funcionando muito bem”, afirmou o presidente da ISRO, K.
Sivan ao final da operação.
Missão Amazonia e Plataforma Multimissão
A Missão Amazonia pretende lançar, em data a ser
definida, mais dois satélites de sensoriamento remoto: o Amazonia 1B e o
Amazonia 2. “Os satélites da série Amazonia serão formados por dois módulos
independentes: um módulo de serviço — que é a Plataforma Multimissão (PMM) — e
um módulo de carga útil, que abriga câmeras e equipamentos de gravação e
transmissão de dados de imagens”, detalha o INPE.
Além de ajudar no monitoramento do meio ambiente, a
missão ajudará na validação da Plataforma Multimissão como base modular para
diversos tipos de satélites. Essa plataforma representa, segundo o INPE, “um
conceito moderno de arquitetura de satélites, que tem o propósito de reunir em
uma única plataforma todos os equipamentos que desempenham funções necessárias
à sobrevivência de um satélite, independentemente do tipo de órbita.”
Entre as funções executadas pela plataforma estão
as de geração de energia, controle térmico, gerenciamento de dados e
telecomunicação de serviço — o que possibilitará a adaptação a diferentes
cargas úteis, além de reduzir custos e prazos no desenvolvimento de novas
missões.
“Essa competência global em engenharia de sistemas
e em gerenciamento de projetos coloca o país em um novo patamar científico e
tecnológico para missões espaciais. A partir do lançamento do satélite Amazonia
1 e da validação em voo da PMM, o Brasil terá dominado o ciclo de vida de
fabricação de sistemas espaciais para satélites estabilizados em três eixos”,
informa o INPE.
Após o lançamento exitoso, o Brasil entra num
mercado bilionário, uma vez que o quilo transportado hoje para o espaço custa
em torno de US$ 40 mil dólares, e o MCTI disse que dentre os próximos passos
estão a reativação da Base de Lançamentos de Foguetes em Alcântara do Maranhão,
e a participação do Brasil na missão que será comandada pela NASA — a agência
espacial norte americana — que colocará o homem de volta à Lua em 2024.
Entre os ganhos tecnológicos que a missão deverá
render ao país, o INPE destaca, além da validação da PMM, a consolidação do
conhecimento do país no ciclo completo de desenvolvimento de satélites; o
desenvolvimento da indústria nacional dos mecanismos de abertura de painéis
solares, o desenvolvimento da propulsão do subsistema de controle de atitude e
órbita na indústria nacional e a consolidação de conhecimentos na campanha de
lançamento de satélites de maior complexidade.
Val-André Mutran – É
correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.