Por Agência Brasil
- Brasília
O presidente Jair Bolsonaro
participou hoje (22) da Cúpula do Clima. O evento virtual, que começou hoje
(22) e vai até amanhã, é organizado pelo governo dos Estados dos Unidos.
Bolsonaro participou por videoconferência, do Palácio do Planalto.
Foram convidados 40 países para o
encontro. A cúpula antecede a 26ª Conferência sobre o Clima, a COP26, a ser
realizada em novembro em Glasgow, na Escócia. Um dos principais objetivos é
impedir a elevação da temperatura média do planeta acima de 1,5 grau neste
século.
Confira o discurso do presidente:
Leia a íntegra do discurso do
presidente Bolsonaro:
"Agradeço o convite para
participar desta Cúpula de Líderes.
Historicamente, o Brasil é voz ativa
na construção da agenda ambiental global. Renovo, hoje, essa credencial,
respaldada tanto por nossas conquistas até aqui quanto pelos compromissos que
estamos prontos a assumir perante as gerações futuras.
Como detentor da maior biodiversidade
do planeta e potência agroambiental, o Brasil está na vanguarda do
enfrentamento ao aquecimento global.
Ao discutirmos mudanças no clima, não podemos esquecer a causa maior do problema:
a queima de combustíveis fósseis ao longo dos últimos dois séculos.
O Brasil participou com menos de 1% das emissões históricas de gases de efeito
estufa, mesmo sendo uma das maiores economias do mundo. No presente,
respondemos por menos de 3% das emissões globais anuais.
Contamos com uma das matrizes energéticas mais limpas, com renovados
investimentos em energia solar, eólica, hidráulica e biomassa.
Somos pioneiros na difusão de biocombustíveis renováveis, como o etanol,
fundamentais para a despoluição de nossos centros urbanos.
No campo, promovemos uma revolução verde a partir da ciência e inovação.
Produzimos mais utilizando menos recursos, o que faz da nossa agricultura uma
das mais sustentáveis do planeta.
Temos orgulho de conservar 84% de nosso bioma amazônico e 12% da água doce da
Terra.
Como resultado, somente nos últimos 15 anos evitamos a emissão de mais de 7,8
bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.
À luz de nossas responsabilidades
comuns, porém, diferenciadas, continuamos a colaborar com os esforços mundiais
contra a mudança do clima.
Somos um dos poucos países em
desenvolvimento a adotar, e reafirmar, uma NDC transversal e abrangente, com
metas absolutas de redução de emissões inclusive para 2025, de 37%, e de 40%
até 2030.
Coincidimos, Senhor Presidente, com o seu chamado ao estabelecimento de
compromissos ambiciosos.
Nesse sentido, determinei que nossa neutralidade climática seja alcançada até
2050, antecipando em 10 anos a sinalização anterior.
Entre as medidas necessárias para tanto, destaco aqui o compromisso de eliminar
o desmatamento ilegal até 2030, com a plena e pronta aplicação do nosso Código
Florestal. Com isso, reduziremos em quase 50% nossas emissões até essa data.
Há que se reconhecer que será uma tarefa complexa.
Medidas de comando e controle são parte da resposta. Apesar das limitações
orçamentárias do Governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais,
duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização.
Mas é preciso fazer mais. Devemos enfrentar o desafio de melhorar a vida dos
mais de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia, região mais rica do
país em recursos naturais, mas que apresenta os piores índices de
desenvolvimento humano.
A solução desse “paradoxo amazônico” é condição essencial para o
desenvolvimento sustentável da região.
Devemos aprimorar a governança da terra, bem como tornar realidade a
bioeconomia, valorizando efetivamente a floresta e a biodiversidade. Esse deve
ser um esforço, que contemple os interesses de todos os brasileiros, inclusive
indígenas e comunidades tradicionais.
Diante da magnitude dos obstáculos, inclusive financeiros, é fundamental poder
contar com a contribuição de países, empresas, entidades e pessoas dispostos a
atuar de maneira imediata, real e construtiva na solução desses problemas.
Neste ano, a comunidade internacional terá oportunidade singular de cooperar
com a construção de nosso futuro comum.
A COP26 terá como uma de suas principais missões a plena adoção dos mecanismos
previstos nos Artigos 5º e 6º do Acordo de Paris.
Os mercados de carbono são cruciais como fonte de recursos e investimentos para
impulsionar a ação climática, tanto na área florestal quanto em outros
relevantes setores da economia, como indústria, geração de energia e manejo de
resíduos.
Da mesma forma, é preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais
prestados por nossos biomas ao planeta, como forma de reconhecer o caráter
econômico das atividades de conservação.
Estamos, reitero, abertos à cooperação internacional.
Senhoras e senhores, como todos,
reafirmamos em 92, no Rio de Janeiro, na conferência presidida pelo Brasil, o
direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que a resposta
equitativamente e de forma sustentável às necessidades ambientais e de
desenvolvimento das gerações presentes e futuras.
Com esse espírito de responsabilidade
coletiva e destino comum, convido-os novamente a apoiar-nos nessa missão.
Contem com o Brasil".
Edição: Kelly Oliveira