(Foto: Por Cláudia Felczak - Repórter da Agência Brasil - Brasília)
Faz tempo que o homem sonha com um
mundo altamente tecnológico. Clássico dos anos 1980, o filme De Volta
para o Futuro 2 trazia uma série de inovações que já se concretizaram
nos dias de hoje: as videochamadas, TVs de tela plana, uso da biometria, além
de serviços automatizados e acionados pela voz. Antes mesmo disso, na
década de 1960, outro clássico também se passava no futuro: o desenho Os
Jetsons. A animação também acertou em muitas previsões: robôs que ajudam a
limpar a casa e relógios de pulso inteligentes (smartwatches) já são uma
realidade nos dias de hoje.
Conectar o mundo físico ao
tecnológico – o offline ao online – para
facilitar o nosso dia a dia é o objetivo da Internet das Coisas (IdC)
– também tratada pela sigla em inglês IoT (Internet of Things). A
tecnologia permite que objetos se comuniquem graças à internet.
A expectativa é que a Internet das
Coisas mude o nosso dia a dia. “Teremos a criação de um ecossistema
digital onde tudo se comunica e a gente vai ganhar mais tempo”, diz o
secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, José Afonso
Cosmo Júnior. “Vai chegar um momento em que minha roupa vai avisar
à lavanderia que já está na hora de lavar”. A chegada da internet 5G ao Brasil deve consolidar
esse processo.
Casa inteligente
Essa realidade já vem chegando de
mansinho ao Brasil. Em Curitiba, o engenheiro William Padilha, por exemplo, tem
o que se chama de smart home (casa inteligente, em tradução
livre). Ele utiliza o Google Nest, um aparelho que comprou quando morava na
Alemanha e que, pareado com seu celular, ajuda a fazer ligações,
acessar notícias, checar lembretes, ouvir música e até conferir a previsão
do tempo. “Ele já traz a música de que eu gosto e as notícias que quero ver.
Tudo após um simples good morning, Google [Bom dia,
Google]”, revela.
E não para por aí. Padilha colocou
outro aparelho na casa dos pais, que ajuda na rotina com os remédios, por
exemplo. “Eu consigo lembrá-los da minha própria casa sem ter a necessidade de
estar com eles lá ou ter de fazer uma ligação”, diz.
O editor de imagens Roberto Maia usa o smart home Alexa para
controlar vários equipamentos na sua casa: luzes, ar-condicionado e televisão.
A casa é toda automatizada, e até o filtro da piscina é controlado pelo
celular. Para ele, essa automação traz segurança: “Mesmo viajando, eu consigo
ligar as luzes de casa pelo celular.” A tecnologia também ajuda com os
cinco cachorros de estimação quando está de férias: pela câmera, ele mata a
saudade dos pets.
Da cidade ao campo
Outro exemplo de como a Internet das
Coisas pode facilitar o dia a dia é o smartwatch. Conectado ao
celular, ele recebe mensagens e ligações. Mas pode ir muito além: com
aplicativos, pode medir o batimento cardíaco e o nível de atividade física.
Calebe conta com o auxílio do
smartwach para treinar - Acervo pessoal/direitos reservados
É exatamente com esse propósito que o
triatleta brasiliense Calebe Nunes da Silva utiliza seu relógio quando pratica
natação, ciclismo e corrida. “É bom para saber como estou evoluindo em cada
modalidade. Automaticamente, ele já passa tudo para o meu treinador saber onde
estou tendo dificuldade”, diz o triatleta, que comenta que modelos mais
avançados medem a oxigenação sanguínea e até já salvaram a vida de pessoas em
início de infarto.
A Internet das Coisas também está
presente na medicina, com monitoramento de estoques de sangue e da temperatura
de armazenamento de medicamentos e vacinas. Caso os sensores identifiquem
falhas na conservação, eles acionam as equipes para que tomem providências.
Na indústria, um exemplo é a
utilização de óculos de realidade aumentada. No campo, a IdC auxilia no aumento
da produtividade, redução de custos e diminuição de perdas. Rebanhos
monitorados por chips que enviam informações sobre a saúde e o
comportamento do animal, além de sua localização pelo GPS.
Na agricultura, é possível avaliar a
umidade e as condições climáticas para programar a irrigação automatizada. Além
disso, drones auxiliam, por exemplo, na verificação da
existência de pragas.
Facilitação
O governo federal vem tomando algumas
medidas para incentivar a expansão da Internet das Coisas no Brasil. Em
2019, foi sancionado o Plano Nacional de Internet das Coisas e criada a Câmara
IoT, um grupo de trabalho para acompanhar a implantação desse plano.
No fim do ano passado, foi sancionada
a Lei 14.108. Por meio dela, itens que fazem parte de sistemas de comunicação
máquina a máquina tiveram isenção de alguns tributos. “Com essa desoneração, a
gente abre um grande mercado e abre possibilidade para que esses aplicativos
venham para o nosso país”, afirma o secretário de Telecomunicações.
Segundo ele, de 2019 para 2020, o
mercado de IoT cresceu 9%. Nos dois primeiros meses após a desoneração, o
crescimento foi de 6%. “Isso no meio de uma pandemia e com todas as
limitações”, destaca Cosmo Júnior.
Segurança
Essas facilidades trazidas pela IdC
podem esconder algumas armadilhas. De acordo com o especialista em
cibersegurança Lucas Galvão, nem todos os fabricantes oferecem garantia em
relação à proteção de informações pessoais que circulam nos dispositivos.
“Um simples relógio inteligente hoje pode saber aonde você foi, qual é a sua
média de batimentos – inclusive seu eletrocardiograma –, ouvir suas conversas e
muito mais.”
Segundo ele, os riscos existem em
todas as partes, entretanto, hoje o usuário final pode fazer uma análise antes
de adquirir um dispositivo IdC, verificando que tipos de informações serão
processadas e utilizadas. Para Galvão, fabricantes, órgãos reguladores e
profissionais de segurança da informação possuem um papel importante a ser
desempenhado na garantia da segurança cibernética desses dispositivos.
Em setembro de 2020, entrou em vigor no país a Lei Geral de Proteção de Dados. O texto define direitos de
indivíduos em relação às suas informações pessoais e regras para quem coleta e
trata esses registros.
Semana Nacional das Comunicações
De segunda-feira (3) a domingo
(9), os veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
publicam o Especial Conecta, com conteúdos sobre a Semana
Nacional das Comunicações. O especial reúne reportagens sobre história das
telecomunicações, 5G, Internet das Coisas, o impacto das novas tecnologias na
educação e no agronegócio, entre outros temas.
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Edição: Denise Griesinger