Operação Handroanthus da PF investigou extração ilegal de madeira (Foto: )
A Corregedoria Nacional de Justiça, órgão do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apura a conduta do juiz federal
Antonio Carlos Almeida Campelo, responsável pela 4ª Vara da Seção
Judiciária do Pará. Campelo determinou a liberação de madeira que havia
sido apreendida no âmbito da Operação Handroanthus, pivô de notícia-crime
enviada pelo delegado Alexandre Saraiva contra Ricardo Salles ao Supremo
Tribunal Federal (STF).
A corregedora nacional de Justiça, ministra Maria
Thereza de Assis Moura, intimou Campelo nesta quarta-feira para defesa em
uma investigação que apura indícios de infração em suas decisões judiciais,
aberta a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
O juiz responde por indícios de infração
disciplinar por proferir decisões judiciais consideradas incomuns, várias delas
durante as férias ou ausências de magistrados de outras varas em processos que
não são de sua competência originária e sempre em ações penais.
Entre os fatos que embasam o relatório da
Corregedoria está a decisão proferida em janeiro deste ano em processo de crime
ambiental em que o juiz determinou a liberação de madeira que havia sido
apreendida no âmbito da Handroanthus, a maior operação de apreensão de
madeira já ocorrida no país, com mais de 131 mil metros cúbicos em toras interceptadas
em balsas na divisa dos estados do Pará e Amazonas.
Na época da apreensão, o juiz substituto da 4ª Vara
da Seção Judiciária do Pará, em análise de pedido de liberação das toras, havia
decidido que a competência pela análise da questão caberia à Justiça Federal do
Amazonas.
No mesmo dia, no entanto, essa decisão foi revogada
pelo juiz Campelo, que estava de férias, e reconsiderou o que havia sido
determinado pelo colega — atendendo ao pedido da empresa
transportadora pela liberação das balsas carregadas de madeira.
“Em menos de meia-hora revogando a decisão anterior
sobre o declínio da competência e, no mesmo dia, mais tarde, defere os pedidos
para liberar os bens apreendidos (balsas carregadas de madeira)”, narra o MPF à
Corregedoria.
Mais casos sendo apurados
Outros casos apurados sobre a conduta do juiz
envolvem a extração ilegal de madeira, como libertação de investigados por
crimes de formação de quadrilha para extração de madeira, uso de arma de fogo e
outros meios de coação, desmatamento ilegal de área da União.
A partir da análise da defesa apresentada pelo
juiz, a Corregedoria Nacional de Justiça poderá propor ao plenário do CNJ a
abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD), inclusive com
afastamento cautelar do magistrado, ou o arquivamento da investigação.
O Globo procurou o juiz Antônio Carlos
Almeida Campelo e aguarda resposta. Fonte: O Globo.
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