Nesta terça-feira
(08) se comemora o Dia Mundial dos Oceanos. Lar da maior parte da
biodiversidade do planeta, o oceano não só cobre mais de 70% do planeta, mas
produz pelo menos 50% do oxigênio da Terra. É a principal fonte de proteína
para mais de um bilhão de pessoas - sem mencionar a relevância para a economia
mundial, já que cerca de 40 milhões de pessoas estarão empregadas em indústrias
baseadas no oceano até 2030.
Com 90% das grandes
populações de peixes esgotadas e 50% dos recifes de coral destruídos, estamos
tirando mais do oceano do que podemos repor.
Uma das maiores
ameaças atuais aos nossos mares, em território brasileiro, é a 17ª Rodada de
Licitações de blocos para a exploração de petróleo e gás da Agência Nacional de
Petróleo (ANP).
Previsto para
acontecer em outubro, o leilão atinge áreas extremamente sensíveis, como o
Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha, a Área de Proteção Ambiental em
seu entorno e a Reserva Biológica de Atol das Rocas, colocando em riscos
dezenas de espécies marinhas ameaçadas de extinção.
Esta semana, o
Instituto Internacional Arayara prepara ações para defender os oceanos e
preservar sua biodiversidade. Ativistas e colaboradores da Arayara projetam, em
cidades por todo o país, frases e chamados de conscientização para os graves
riscos da 17ª Rodada, além de um artivismo em frente à sede da Agência Nacional
de Petróleo, no Rio de Janeiro.
A 17ª Rodada
ofertará 92 blocos em quatro bacias sedimentares (Campos, Pelotas, Potiguar e
Santos), com área total de 53,9 mil km². Nestas áreas propostas - que também
atingem o litoral sul do Brasil - vivem pelo menos 89 espécies em risco de
extinção, incluindo o maior animal que já existiu no planeta: a baleia-azul.
Não foram
devidamente realizados estudos conclusivos de análise sobre os impactos da
atividade petroleira para se gerar um componente de segurança ambiental no
cenário da exploração fóssil dentro destes setores.
Relembrando o
vazamento catastrófico de 2019
Para se ter uma
ideia das consequências de um possível vazamento de petróleo e da completa
falta de planejamento em caso de acidentes, basta lembrar do vazamento
catastrófico que atingiu a costa brasileira, em especial o Nordeste, no dia 30
de agosto de 2019. Os milhões de trabalhadores da cadeia produtiva do turismo,
pescadores, caiçaras e muitos outros ainda sofrem com as consequências daquele
desastre.
O vazamento de cinco
mil toneladas de óleo foi um dos maiores desastres ambientais do litoral
brasileiro. Atingiu mais de 130 municípios em 11 estados, sendo nove do
Nordeste e dois no Sudeste (Rio de Janeiro e Espírito Santo).
No mês passado, a
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar o vazamento foi
cancelada, sem que nenhum culpado fosse apontado.
Ações contra a 17ª
rodada
Desde que foi
realizada a primeira – e única – audiência pública referente à 17ª rodada, o
Instituto Internacional Arayara e o Observatório do Petróleo e Gás, com o apoio
da Coalizão Não Fracking Brasil e do Observatório do Clima, vêm desenvolvendo
estudos e ações para suspender o leilão.
Além de apresentar
um relatório técnico que aponta os riscos e inconsistências do leilão, as
organizações entraram com duas ações civis públicas nas varas federais em
Pernambuco (2ª Vara, Comarca de Recife), referente à Bacia Potiguar, e Santa
Catarina (6ª Vara, Comarca de Florianópolis), referente à Bacia de Pelotas,
denunciando os graves erros no processo da 17ª Rodada de Concessão.
Com o suporte
técnico do Instituto Internacional Arayara, o deputado federal David Miranda
(PSOL), deu entrada no projeto de decreto legislativo para sustar os efeitos da
17ª Rodada de Concessão da ANP.
O PDL, que aponta os
perigos da exploração em áreas sensíveis, ainda menciona a fala do diretor
técnico do Observatório do Petróleo e Gás e da Arayara, Juliano Bueno de
Araújo, referindo-se ao processo em curso. “Depois que o vazamento acontece,
depois que o acidente acontece, não há mais o que fazer. O dano vai estar
estabelecido e infelizmente corremos, sim, o risco de termos bilhões em
prejuízos da natureza desses setores que vão ser, provavelmente, afetados por
possíveis vazamentos”.
O deputado federal
Túlio Gadêlha e o presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Carlos
Lupi, também entraram com pedido de medida liminar de urgência no Supremo
Tribunal Federal (STF).
O objetivo da
manifestação conjunta – baseada no relatório técnico desenvolvido pelo
Instituto Internacional Arayara em conjunto com o Observatório do Petróleo e
Gás (OPG), além de outros pareceres oficiais que foram ignorados – é suspender
o leilão de blocos de petróleo da Bacia Potiguar e também da bacia de Pelotas,
situada no extremo sul do País.
O pedido reforça os
riscos de acidentes ambientais que podem prejudicar de forma irreversível a
biodiversidade e um dos maiores santuários naturais do Brasil.
As ações estão em
andamento e processo de avaliação.
Em Santa Catarina, a
Arayara vem se reunindo com moradores locais, vereadores e deputados para
discutir os riscos da 17a rodada para o litoral catarinense. Realizamos
uma live com a deputada Paulinha, que nos apoia na campanha
SOSLitoralSC, e já está em articulação uma nova live com o deputado Padre
Pedro sobre o tema.
Ativistas em todo o
mundo se reúnem contra os combustíveis fósseis
Também nesta semana,
os líderes dos países com as principais economias do mundo que formam o G7 –
Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – se
reunirão na Inglaterra, durante três dias, a partir de sexta-feira.
Ativistas do
movimento Extinction Rebellion e outras organizações, no Reino Unido e no
mundo, estão planejando reações ao G7 para cobrar ações efetivas para frear a
exploração de combustíveis fósseis e combater as mudanças
climáticas.
Onde quer que esteja
no mundo, você pode participar, unindo ações presenciais, ações digitais ou
simplesmente sintonizando online para assistir ações e ouvir relatos do Sul
global que contam a verdade sobre o os governos e seus parceiros na indústria
de combustível fóssil.
Um abraço.