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FOLHAPRESS
POLÍTICA ABSURDO!
CUIABÁ, MT (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
voltou a criticar a vacinação do estado de São Paulo com o imunizante Coronavac.
E entrevista à Rádio Capital Notícia Cuiabá, afirmou de forma equivocada, sem
comprovação científica, que "quem tomou Coronavac está morrendo".
"Olha o que está acontecendo com a Coronavac, ninguém tem coragem
de falar. Gente que tomou as duas doses, foi infectada e está morrendo. Por que
ela está morrendo? Porque acreditou nas palavras do governador de São Paulo que
disse que quem tomasse as duas doses da Coronavac e for infectado jamais morrerá
e a pessoa fica em casa, achando que tomou as duas doses e não vai morrer e
acaba morrendo", disse o presidente nesta terça-feira (17).
A declaração do presidente, contudo, não tem procedência científica,
pois as vacinas não têm 100% de eficácia contra a Covid-19, assim como qualquer
outra vacina ou tratamento de saúde.
Em geral, sua proteção é maior para impedir quadros graves,
hospitalizações e mortes, mas a proteção pode ser consideravelmente menor para
a transmissão ou infecção assintomática.
Assim, mesmo indivíduos vacinados podem contrair o vírus, adoecer e
morrer, embora em frequência muito menor do que os não vacinados.
O presidente também se defendeu de afirmações de que o governo decidiu
tardiamente a compra de vacinas para o enfrentamento à pandemia. Segundo ele,
os imunizantes só foram comprados após estarem disponíveis e com aprovação da
Anvisa.
"Quanto às vacinas, o nosso governo tomou todas as providências.
Não existia vacina para comprar ano passado, bem como no início do ano não
tinha vacina disponível para todo mundo. Tirando os quatro países que produzem
vacina, o Brasil está a mais a frente. Eu sempre fui contra comprar vacina sem
a certificação da Anvisa", disse.
Na mesma entrevista o presidente também voltou a defender o chamado tratamento
precoce, do qual está sendo acusado de charlatanismo e curandeirismo.
"Quando eu falo em tratamento precoce, a grande maioria tomou
ivermectina e hidroxicloroquina. Tem outro produto, lógico que não tem
comprovação cientifica, a proxalutamida. Busquei uma maneira de atender o povo,
junto com médicos. Então, não é que eu sou um charlatão, curandeiro, nem
inventei nada. Eu dei uma alternativa", disse.
A aplicação da proxalutamida contra a Covid-19, no entanto, carece de
aval de agências regulatórias como Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) e a FDA (o equivalente nos EUA).
Ao contrário de outros medicamentos que Bolsonaro prescreve sem qualquer
base científica para lidar com a doença, como a cloroquina e a ivermectina, a
proxalutamida ainda não foi descartada como ineficaz nesta pandemia.
Seu uso não teve ainda nenhum estudo publicado em uma revista científica
de prestígio. A prática estabeleceu que todo resultado de pesquisa apresentado
por cientistas seja revisado por outros especialistas. A rechecagem dos dados
feita por pares dá mais solidez ao trabalho.