Plenário do TCU liberou a realização do leilão de banda larga 5G (Foto: )
Brasília – Após análise
da minuta do edital da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 16 lotes
nacionais de autorizações de uso das radiofrequências nas faixas de 700 MHz,
2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz, estimados em R$ 45,6 bilhões serão as faixas
associadas à prestação de serviço de telefonia móvel de 5ª geração, ou seja, em
tecnologia 5G, confirmou o Tribunal de Contas da União (TCU) na quarta-feira
(25/8). Duas condicionantes serão essenciais no certame: internet de qualidade
para todas as escolas públicas do país e os contratos de telefonia móvel de 5ª
geração deverão garantir a construção de infovias para aumentar a conectividade
da Amazônia.
“A análise da licitação relativa ao edital do 5G
foi precedida de amplo diálogo processual, por meio de inúmeras reuniões com o
Ministério das Comunicações, com a Anatel e com vários interessados no setor de
telecomunicações, tanto as empresas quanto as entidades civis representativas
das respectivas categorias e atividades econômicas, inclusive por meio de
painel de referência”, comentou o ministro-relator Raimundo Carreiro.
A Anatel avaliou o total das faixas de frequências
licitadas em R$ 45,6 bilhões. Após serem descontados os valores dos
compromissos exigidos pelo edital, o preço mínimo da soma de todos os lotes é
R$ 8,68 bilhões. Isso significa que o conjunto de compromissos está precificado
em aproximadamente R$ 37,1 bilhões.
Entre os compromissos, a obra da Rede Privativa de
Comunicação da Administração Pública Federal está estimada em R$ 1 bilhão, a
construção da rede do Programa Amazônia Integrada e Sustentável (PAIS), em R$
1,5 bilhão, e a limpeza da faixa de 3,5 GHz, em R$ 4,1 bilhões. Logo, os demais
compromissos do edital, relacionados à ampliação da abrangência dos serviços de
telecomunicações, totalizam R$ 30,5 bilhões.
Deliberações
O TCU recomendou à Anatel e ao Ministério das
Comunicações que incluam compromissos no edital do leilão do 5G que estabeleçam
a obrigação da conectividade das escolas públicas de educação básica, com a
qualidade e velocidade necessárias para o uso pedagógico das tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) nas atividades educacionais regulamentadas pela
Política de Inovação Educação Conectada.
“Essa determinação tem como base, especialmente, a
destinação de valores decorrentes da aquisição de lotes na faixa de 26 GHz, e
alocados em projetos concedidos, identificados, selecionados e precificados
pelo Ministério da Educação, de modo atender as obrigações de universalização
de acesso à internet em banda larga de todas as escolas públicas brasileiras”,
detalhou o ministro-relator Raimundo Carreiro.
Sete Infovias na Amazônia
Outro compromisso dos licitantes vencedores é a
construção da Rede Privativa da Administração Pública Federal. Essa rede deverá
prover telefonia móvel 4G para todo o alto escalão do serviço público federal
lotado em Brasília (DF), com transmissão de dados segura, mediante
criptografia. Está ainda incluído serviço de banda larga de internet, a ser
disponibilizado nas 26 capitais estaduais.
O TCU também deu sinal verde para a inclusão no
edital licitatório das obras para a construção de sete infovias da Rede do
Programa Amazônia Integrada e Sustentável (Pais), no âmbito do Norte Conectado.
“O projeto da ‘rede Pais’ é frágil, mas as suas falhas são sanáveis. Vamos dar
ciência à Anatel para as correções, inclusive a questão das garantias a serem
prestadas”, explicou o ministro-relator Raimundo Carreiro.
Divergência
Com argumentos técnicos e legais, o ministro do TCU
Aroldo Cedraz apresentou voto revisor durante a sessão da quarta-feira (25/8),
que não prevaleceu. Ele explicou que entende haver necessidade de licitação
específica para a contratação da Rede Privativa da administração pública
federal, uma vez que não vê aderência desse objeto com o que estabelece a Lei
Geral das Telecomunicações (LGT: Lei 9.472/1997).
Cedraz defendeu que o edital da licitação
precisaria de ajustes no que diz respeito às taxas de depreciação dos
equipamentos, que estariam muito altas, a ponto de estarem “desconectadas da
realidade”. O ministro-revisor apontou também haver excesso de estações rádio
base, que geraria redução no preço mínimo da outorga.
Esse problema de superdimensionamento das estações
rádios base seria causado pelo uso de dados desatualizados pela Anatel. Aroldo
Cedraz explicou que foram usadas informações antigas do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), sendo que há disponibilidade de dados mais
recentes gerados por imagens de satélites, de autoria da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No que diz respeito à ‘rede Pais’ e à
universalização de internet rápida nas escolas públicas, o ministro-revisor
Aroldo Cedraz concordou com o posicionamento do ministro Raimundo Carreiro,
relator do processo na Corte de Contas e autor do voto vencedor.
A unidade técnica do TCU responsável pela instrução
do processo foi a Secretaria de Infraestrutura Hídrica, de Comunicações e de
Mineração (SeinfraCOM), no âmbito do TC 000.350/2021-4. Também houve análise do
procurador Rodrigo Medeiros de Lima, membro do Ministério Público junto ao TCU.
Confira o resumo do edital do leilão 5G
- A Anatel avaliou o total das faixas de
frequências licitadas em R$ 45,6 bilhões. Após serem descontados os compromissos,
o preço mínimo será R$ 8,68 bilhões.
- Isso significa que o conjunto de
compromissos está precificado em aproximadamente R$ 37,1 bilhões.
- A obra da rede privativa de comunicação
está estimada em R$ 1 bilhão e a obra da rede do Programa Amazônia
Integrada e Sustentável (Pais), em R$ 1,5 bilhão.
- Já a limpeza da faixa de 3,5 GHz deve
custar R$ 4,1 bilhões. Logo, os demais compromissos do edital,
relacionados à ampliação da abrangência dos serviços totalizam R$ 30,5
bilhões.
Val-André Mutran –
É correspondente do Blog do Zé
Dudu em Brasília.
Fonte Ze Dudu