Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília (Foto: )
O presidente Jair Bolsonaro
defendeu hoje (9) uma “reforçada cooperação” dos países do Brics em
prol da modernização da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Para responder
aos desafios do século XXI, precisamos de sistema multilateral de comércio
aberto, transparente, não discriminatório e baseado em regras mutuamente
acordadas e estabelecidas”, disse, durante a 13ª Cúpula do bloco que reúne pelo
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
De 30 de novembro a 3
de dezembro, em Genebra, na Suíça, está prevista a realização da 12ª
Conferência Ministerial da OMC, quando deve ser discutido seu processo de
reforma. Para Bolsonaro, é o momento de estabelecer melhores regras sobre
subsídios industriais e agrícolas.
Em fevereiro deste ano, por exemplo,
o Brasil encerrou uma disputa, iniciada em 2017, com o Canadá em razão
de subsídios de US$ 3 bilhões concedidos pelo país norte-americano à
empresa aeronáutica Bombardier. Para o governo, houve distorção nas condições
de concorrência no mercado de aviação comercial, que causaram prejuízos à
empresa brasileira Embraer, que também fabrica aeronaves de médio alcance.
“Ressalto que melhorar as regras
sobre subsídios – tanto industriais quanto agrícolas – é fundamental para
corrigir distorções e evitar uma 'competição predatória'”, disse. Ainda de
acordo com Bolsonaro, o Brasil propôs um “pacote ambicioso, mas factível” para
a OMC, incluindo comércio e saúde, agricultura, pesca, subsídios, entre outros.
O presidente também falou sobre “a
urgência” de avançar nas discussões sobre a reforma do Conselho de Segurança
das Nações Unidas, “de modo a ampliar sua composição nas duas categorias de
membros e a garantir maior representatividade do mundo em desenvolvimento”. A
partir de janeiro de 2022, pela décima-primeira vez, o Brasil vai assumir
um assento não permanente no grupo. O conselho é formado por 15 países com
direito a voto, sendo que apenas Estados Unidos, França, Reino Unido, China e
Rússia são membros permanentes e têm poder de veto.
A cúpula do Brics aconteceu por
videoconferência, mas não teve transmissão. O discurso de Bolsonaro foi
divulgado na página da Presidência. A abertura do encontro, por sua
vez, foi transmitida. E, em sua rápida fala, Bolsonaro destacou as relações
bilaterais com cada país do bloco.
Confira a íntegra da abertura
Presidência pro-tempore
A presidência pro-tempore do bloco em
2021 é da Índia. O tema deste ano é Cooperação Intra-Brics para Continuidade,
Consolidação e Consenso. Em 2022, a China assume a liderança do grupo. Durante
seu discurso, Bolsonaro assegurou que o país asiático contará com todo o apoio
do Brasil. “Os resultados alcançados no ano corrente ratificam a solidez do
nosso diálogo intra-Brics”, disse.
O presidente brasileiro também
destacou a necessidade de iniciativas que levem à maior produção e distribuição
de vacinas, produtos e insumos farmacêuticos em países em desenvolvimento, para
o enfrentamento da pandemia de covid-19. “A cooperação entre detentores de
tecnologia e produtores nacionais, especialmente nas nações em desenvolvimento,
continua sendo essencial para viabilizar o combate à pandemia”, disse.
Para Bolsonaro, o Novo Banco de
Desenvolvimento, também conhecido como Banco de Desenvolvimento do
Brics, terá um papel ainda mais central no contexto de retomada econômica
pós-pandemia, bem como a cooperação nas áreas de ciência, tecnologia e
inovação. “Nossos países têm demonstrado capacidade de encontrar soluções para
os diferentes desafios que nossas sociedades enfrentam, como demonstram os
resultados da chamada de projetos de pesquisa dedicados ao combate à pandemia
de covid-19”, disse.
Entre outros assuntos, o presidente
ainda manifestou preocupação “com o aumento do uso malicioso das tecnologias da
informação e de comunicações”. “Temos defendido ativamente o tratamento do tema
no âmbito das Nações Unidas e o fortalecimento dos princípios e das normas já
existentes sobre o uso responsável dessas tecnologias”, ressaltou.
Edição: Denise Griesinger