GT do Código de Mineração realiza audiência com entidades do setor de rochas (Foto: )
Brasília – Nos próximos
15 dias, a proposta do novo Código de Mineração será votada na Câmara dos
Deputados. A expectativa é da relatora da proposta deputada Greyce Elias
(Avante-MG), que apresentou um parecer preliminar contendo o texto base da
proposta.
Com o objetivo de atualizar o Código de Mineração,
que é de 1967 (Decreto-lei
227/1967), a Câmara criou um Grupo de Trabalho para
discutir a matéria.
O texto sugerido pela relatora mantém como
princípio norteador do código a preservação do direito de prioridade,
considerada “cláusula pétrea” do setor mineral.
O objetivo é assegurar a destinação das áreas
classificadas como livres a quem primeiro solicitar a autorização de pesquisa,
mesmo havendo interesse de outros empreendedores, desde que o primeiro
interessado atenda aos requisitos legais exigidos.
Para fortalecer o princípio do poluidor pagador,
que pune o agente poluidor pelos danos causados, o novo texto deixa clara a
responsabilidade civil, penal e administrativa do minerador, a quem cabe
prevenir, reduzir e compensar os impactos ambientais decorrentes da atividade,
incluindo os causados por rejeitos do processo.
O Código atual não detalha as esferas de
responsabilidade do minerador nem prevê expressamente a responsabilização dele
pelos rejeitos gerados. Esse vácuo legal foi uma das principais razões para a
revisão do código mineral vigente.
O parecer preliminar prevê ainda dispensa de
licenciamento ambiental para a pesquisa mineral, quando “a tecnologia empregada
não provocar impactos ambientais significativos”, e para a extração mineral nas
situações previstas em regulamento comum definido por órgãos de regulação do
setor mineral e do meio ambiente.
Entre outros pontos, o parecer inova ao permitir
que titulares de direitos minerários possam obter certificados de recursos e
reservas. A certificação, a ser regulamentada pelo Ministério de Minas e
Energia, permitirá que o título minerário possa ser usado como garantia em financiamentos
ou negociado em bolsa de valores, ampliando as possibilidades de captação de
recursos para o desenvolvimento do setor mineral.
Outra inovação permite que o garimpeiro seja
equiparado ao Microempreendedor Individual (MEI). A medida, segundo a relatora,
pretende evitar que o pequeno minerador, impedido de emitir documento fiscal,
acabe buscando atravessadores para comercializar o produto da lavra, ainda que
detenha autorização de lavra.
Segundo a relatora, deputada Greyce Elias, os 13
deputados que compõem o grupo de trabalho terão agora 15 dias para apresentar
sugestões ao texto, que deve ser votado pelo colegiado no dia 23 de novembro.
“A gente precisa entender que se estender do dia
23, podemos perder a oportunidade de deixar esse legado no ano de 2021, que é
um ano que não temos eleição.”
O grupo de trabalho, coordenado pelo deputado
Evandro Roman (Patriota-PR), realizou 21 reuniões com os mais diversos
segmentos do setor — a primeira em 13 de julho — e ouviu 65 palestrantes, entre
os quais acadêmicos, especialistas em mineração, organizações não
governamentais (ONGs), pequenos mineradores, além de representantes do governo
federal e da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
Fonte Ze Dudu