Palácio do Congresso Nacional (Foto: Jornal O Niquel)
Brasília – A partir
do dia 1º de abril, estará em disputa no Congresso Nacional o comando das
Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Colegiados
como a de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) — a mais importante comissão
das duas casas legislativas —, dá a palavra final sobre a constitucionalidade e
boa técnica legislativa de todos os projetos apresentados no Parlamento. Sem o
aval da CCJ os projetos não tramitam, e é o palco principal dos debates
ideológicos da atual legislatura.
Reunião deliberativa na CCJ, presidida pela deputada
federal Bia Kicis
Comandada por uma das mais fiéis bolsonaristas do
Congresso, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), a disputa pela vaga terá uma
disputa interna considerável, levando-se em conta que com a fusão do PSL com o
DEM, que criou o colossal União Brasil, deputados do antigo Democratas estão de
olho na presidência da CCJ.
Entretanto, a expectativa é de manter um
parlamentar do extinto PSL na presidência, e o nome mais provável é o do líder
da legenda e ex-Líder do governo na Câmara, deputado Major Victor Hugo (PSL-GO)
exerça a função. No entanto, a nomeação ainda depende da articulação após a
fusão partidária que formará a maior bancada do Congresso. O Tribunal Superior
Eleitoral ainda não disponibilizou o aval final para a criação do União Brasil,
mas é apenas uma questão de formalidades burocráticas internas do órgão.
A CCJ tem servido de palco para as discussões
ideológicas não só na Câmara, como também no Senado.
Na Câmara, a comissão votou, por exemplo, inclusão
na Lei de Impeachment da previsão de responsabilidade por
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). E no Senado, de maneira
unilateral, o presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), segurou por
4 meses a votação da indicação à vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal,
o nome do Ex-Advogado Geral da União, André Mendonça, gerando uma crise de
relação entre os poderes legislativo e executivo.
Há outras comissões importantes, como a de
Educação, Meio Ambiente, Agricultura, Minas e Energia, e a de Desenvolvimento
Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, mas são poucas as chances de
partidos de oposição obter a presidência desses colegiados, exceto o PT,
segunda maior bancada da Casa, atrás do União Brasil.
A estratégia da oposição é formar um bloco para
indicar o maior número possível de anti bolsonaristas e infernizar a vida do
governo nos colegiados. “A estratégia depende de vários fatores, mas a disputa
não terá moleza”, adianta um parlamentar ligado a base do governo que falou com
a reportagem.
Inclusive, no processo de indicação dos partidos,
não será surpresa se parlamentares da bancada paraense forem indicados para
cargos de comando em algumas comissões.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog
do Zé Dudu em
Brasília.