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ESTADAO CONTEUDO
POLÍTICA GOVERNO
Opresidente Jair Bolsonaro (PL) comemorou nesta quinta-feira, 26, que
pautas relacionadas ao que ele chama de "ideologia de gênero" tenham
ficado sob a relatoria do ministro André Mendonça, indicado por ele para o
Supremo Tribunal Federal (STF). Em conversa com apoiadores, o mandatário
reiterou estar satisfeito por honrar o compromisso de conduzir alguém
"terrivelmente evangélico" para a Corte, e disse já ter em mente o
perfil dos próximos indicados caso seja reeleito.
"Não quero saber da vida particular de quem quer que seja, mas na
escola não dá", afirmou o chefe do Executivo. Ele disse acreditar que,
atualmente, a maior parte da comunidade LGBT não concorda com as pautas de
gênero.
Evangélico, Mendonça herdou a relatoria de uma ação sobre o ensino de
questões de gênero em escolas. Movida pelo PSOL em 2018, a ação pede a
derrubada de leis dos municípios de Garanhuns e Petrolina, em Pernambuco, que
vedam a abordagem de informações sobre gênero nas políticas de ensino.
Bolsonaro destacou que o próximo presidente eleito terá direito a
indicar dois ministros para o STF em 2023, referindo-se às vagas que serão
abertas com as aposentadorias dos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber,
ambas previstas para o ano que vem. Perguntado por um apoiador se já tem os
nomes "na ponta da língua", o mandatário deu a entender que, se for
reeleito, vai indicar perfis parecidos com o de Mendonça.
Em dezembro, o plenário do STF abriu julgamento sobre o uso da
"linguagem neutra" em instituições de ensino e editais de concursos
públicos. A Corte analisa se referenda a decisão do ministro Edson Fachin de
suspender uma lei de Rondônia que proibia o uso de palavras adaptadas para
excluir a demarcação de gênero - "elu" em vez de "ele" ou
"ela", por exemplo - no Estado.
À época, Bolsonaro afirmou que essa forma de se comunicar "estraga
a garotada". "Cada um faz o que bem entender com o seu corpo. Mas por
que a linguagem neutra dos gays? O que soma para a gente em uma redação?
Estimula a molecada a se interessar por essa coisa para o futuro. Vai
estragando a garotada", disse.
Como mostrou o Estadão, Mendonça terá papel determinante em julgamentos
sensíveis à agenda conservadora defendida por Bolsonaro. Um deles é o que
analisa se detentas transexuais e travestis têm direito de optar por cumprir a
pena em presídios masculinos ou femininos. Essas resoluções representam uma
"prova de fogo" para o ministro, que durante sua sabatina no Senado
prometeu priorizar o entendimento constitucional sobre o religioso em sua
atuação na Corte. "Na vida, a Bíblia. No Supremo, a Constituição",
afirmou ele.
As relatorias de processos no STF são definidas por sorteio; Um ministro
do Supremo Tribunal Federal não pode escolher os processos que vai julgar.
Mendonça "herdou" o processo das questões de gênero nas escolas e das
detentas trans do gabinete do ministro Marco Aurélio Mello, que se aposentou da
Corte em julho do ano passado, abrindo a vaga para o indicado de Bolsonaro.