Uma cerimônia no Palácio do Planalto,
nesta sexta-feira (4), oficializou o reajuste de 33,23% para
professores da rede pública de educação básica. A portaria, assinada pelo
ministro da Educação, Milton Ribeiro, e pelo presidente Jair
Bolsonaro, eleva de R$ 2.886 para R$ 3.845 o piso salarial nacional da
categoria.
Além do reajuste, foram lançados no
evento dois editais com a oferta de 168 mil vagas em cursos de graduação e
pós-graduação para formação de professores. O primeiro é o
da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o segundo edital é
do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor).
“Em 2021 o protagonismo foi dos profissionais da
saúde, em 2022, o protagonismo será dos profissionais de educação. Chega de
usar os professores e profissionais de educação apenas como massa de manobra
político-eleitoral. Está na hora de ações diretas. E uma ação direta
é essa, que respeita o profissional e dá a ele um ganho a mais nessa
situação”, ressaltou o ministro da Educação na cerimônia.
Piso
O piso se aplica a profissionais com
formação em magistério em nível médio – vinculados a instituições de
ensino infantil, fundamental e médio das redes federal, estadual e municipal
– que têm carga horária de trabalho de 40 horas
semanais. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE), a medida abrange professores, diretores,
coordenadores, inspetores, supervisores, orientadores e planejadores escolares
em início de carreira. Segundo o Ministério da Educação (MEC), mais de 1,7
milhão de profissionais serão impactados.
O reajuste está previsto em lei de 2008. Segundo o
texto, o valor mínimo para os docentes da educação básica deve ser reajustado
anualmente em janeiro. Segundo entendimento da CNTE e do governo
federal, o reajuste é automático e deverá constar do salário referente ao
mês de janeiro, a ser pago em fevereiro. Mas na prática não deve ser
assim já que os municípios têm alegado dificuldades financeiras para arcar com
esse reajuste.
Divergências
Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro
adiantar o valor de reajuste do piso, a Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) criticou a medida afirmando que o Executivo federal coloca “em
primeiro lugar uma disputa eleitoral” e joga a educação “pelo ralo”.
À época, por meio de nota,
o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, destacou que
o critério de reajuste anual do piso do magistério foi
revogado com a Lei 14.113/2020, que regulamentou o novo Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb), entendimento que, segundo ele, foi confirmado
pelo próprio Ministério da Educação, no dia 14 de janeiro,
com base em parecer jurídico da Advocacia-Geral da União (AGU).
O Ministério da Educação, por sua
vez, informou que a definição do valor se deu após “estudo técnico e
jurídico”, que, segundo a pasta, “permitiu a manutenção do critério previsto na
atual Lei 11.738 de 2008”.
Pelas contas da CNM, o reajuste anunciado pelo
governo federal, de 33,24%, terá impacto de R$ 30,46 bilhões nos
cofres dos municípios, “colocando os entes locais em
uma difícil situação fiscal e inviabilizando a gestão da educação
no Brasil”.
“Para se ter ideia do impacto, o repasse
do Fundeb para este ano será de R$ 226 milhões. Com esse reajuste, estima-se
que 90% dos recursos do fundo sejam utilizados para cobrir gastos com
pessoal”, ponderou o presidente da CNM.
A entidade recomendou a correção do piso pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) medido nos 12 meses anteriores
ao reajuste – a mesma métrica usada na correção do salário mínimo
geral e orientou os prefeitos a não pagarem o valor determinado
pelo governo federal. O INPC fechou 2021 em 10,16%.
Para o ministro da Educação, os recursos existem e
o governo federal pode socorrer municípios que não consigam pagar o reajuste.
“Vejo que há na mídia, muitas vezes,
discussão de alguns gestores, sobretudo municipais e estaduais, que
acham que o valor é muito grande. Lembro de no final do
ano ter sido procurado por alguns prefeitos e até
governadores com dificuldades, devido ao montante de
recursos da educação que tinham de usar, e me perguntaram, o que podemos fazer?
Aí foram bônus, computadores…Os recursos existem e o governo federal, já
há previsão legal, pode, de maneira
justificada, socorrer eventualmente um gestor que não consiga
cumprir esse montante”, afirmou.
O presidente Jair Bolsonaro também citou a polêmica
e afirmou que os recursos são do governo federal. “Havia, sim, pedidos de
muitos chefes de executivo estaduais e municipais querendo [reajuste] de 7%. O
dinheiro é de quem? Quem é que repassa esse dinheiro para eles? Somos nós, o
governo federal. E a quem pertence a caneta Bic para assinar a portaria? Essa
caneta Bic quem vai usar sou eu”, declarou.
Semana
No evento, o presidente citou ainda o que
chamou de “realizações da semana” como o fim da exigência
da prova de vida do INSS, a entrega de 2 mil títulos de terra, além
de cerca de R$ 8 bilhões esquecidos por correntistas ao longo dos
últimos anos que serão liberados. O sistema que permite
a consulta a valores devidos por bancos a pessoas e empresas voltará
a funcionar somente em 14 de fevereiro, segundo o Banco Central.
(Fonte: Agência Brasil)