A mineradora multinacional Vale provavelmente se
tornará alvo de nova expedição da Câmara de Parauapebas na busca por fundos
perdidos em taxas, impostos e royalties de mineração. Nesta quarta-feira (23),
saiu no Diário Oficial do Município o extrato de um contrato fechado entre o
legislativo mais rico do Pará e o escritório de advocacia Santos & Santos
para serviços de assessoria, consultoria e representação jurídica especializada
no ramo do direito público, municipal, minerário e tributário. O preço do
serviço é estimado em R$ 352 mil. A informação foi levantada com exclusividade
pelo Blog do Zé Dudu.
Paira sempre a desconfiança no ar acerca dos
repasses da Vale, a título de Compensação Financeira pela Exploração Mineral
(Cfem), diante do que ela produz. Segundo a Agência Nacional de Mineração
(ANM), no ano passado a multinacional movimentou em Parauapebas R$ 69,912
bilhões e retornou aos cofres públicos R$ 2,457 bilhões em compensação
financeira. Um total de R$ 1,485 bilhão ficou efetivamente na conta do
município.
Entretanto, devido a problemas históricos na forma
de cálculo dos royalties, acredita-se que o montante de Cfem possa ser maior.
Em nota de justificativa que acompanha o processo
de contratação do escritório, a Câmara observa que assuntos relacionados às
áreas mineral e tributária são de grande interesse para a Capital do Minério,
que, indubitavelmente, sobrevive da indústria extrativa mineral. No ano
passado, por exemplo, metade da receita bruta dos R$ 2,9 bilhões da Prefeitura
de Parauapebas foi derivada da Cfem.
Além da compensação financeira advinda da mineração,
a Câmara busca a crescente melhoria da cota-parte do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) local. Esse imposto é a segunda principal
fonte de recursos do município e também é robusto por conta da movimentação de
mercadorias e servidos proporcionada pela atividade mineradora. Desta feita, o
parlamento quer acompanhamento e apoio técnico para produção de defesa em
processos administrativos e judiciais de interesse ou responsabilidade da Casa.
A escolha do escritório Santos & Santos para a
missão não é por acaso. Em 2018, a banca, juntamente com outra, conseguiu
vitórias sobre valores de Cfem perdidos no mapa, numa queda de braços com a
Vale, e também conseguiu aumentar a fatia de Parauapebas no ICMS, após
convencer o Estado do Pará de que o município recebia menos do que deveria. Se
tudo der certo, o município de Parauapebas será o maior vitorioso de mais esta
batalha jurídica.
ZE DUDU