Nesta terça-feira (5/4), evento marcou o início das obras de implantação da primeira planta comercial da Tecnored Foto: Divulgação Vale (Foto: Jornal O Niquel)
A Vale e o
Governo do Estado do Pará realizaram nesta terça-feira (5/4) evento que marcou
o início das obras de implantação da primeira planta comercial da Tecnored no
Brasil, em Marabá, no sudeste paraense. A tecnologia Tecnored é inovadora no
mercado e permite produzir o chamado gusa verde, a partir da substituição de
carvão metalúrgico por biomassa, reduzindo assim as emissões de carbono em até
100%, sendo um passo importante na contribuição com a descarbonização da
siderurgia.O gusa é usado na produção do aço.
A unidade terá
capacidade inicial de produzir 250 mil toneladas por ano de gusa verde, podendo
chegar, no futuro, a 500 mil toneladas. O start-up está previsto para 2025 com
investimento estimado em aproximadamente R$ 1,6 bilhão. A meta da Vale é operar
a planta com 100% de biomassa até 2030.
“A implantação
da Tecnored representa um passo importante na transformação da mineração,
contribuindo para tornar a cadeia do processo cada vez mais sustentável. O
projeto Tecnored é de grande importância para a Vale e para a região e trará
ganhos de competitividade, sustentabilidade ambiental e desenvolvimento para a
região”, afirma o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo.
Na fase de
implantação do projeto, que vai funcionar na área do antiga Ferro-Gusa Carajás,
no distrito industrial do município, a estimativa é que sejam gerados cerca de
2 mil empregos no pico das obras. Já na fase da operação, cerca de 400 empregos
diretos e indiretos devem ser criados, conforme avanço e estudos da engenharia.
Foto: Marco Santos
/ Ag. Pará
Governador Helder e o prefeito de Marabá Tião Miranda cobram verticalização da produção por parte da VALE para gerar empregos e dividendos para o estado, é preciso fazer muito mais.
Tecnologia
A forno Tecnored tem dimensões bem menores que o de um alto-forno siderúrgico
tradicional e é bastante flexível no uso de suas matérias-primas, que podem ser
desde finos de minério de ferro e resíduos siderúrgicos até a lama de barragens.
Como combustível, o forno pode ser alimentado por biomassa carbonizada, como a
do bagaço da cana e a do eucalipto. Ambos são transformados em briquetes
(pequenos blocos compactos) e depositados no forno, dando origem ao gusa verde.
O forno também permite o uso do próprio carvão térmico como combustível. Neste
primeiro momento, o combustível fóssil será usado para avaliar a performance da
planta, já que esta será a primeira operação em larga escala da tecnologia.
“Gradualmente,
vamos substituir o carvão por biomassa carbonizada até atingir a meta de 100%
de biomassa”, explica Leonardo Caputo, diretor-presidente da Tecnored. A
flexibilidade de uso de combustíveis no forno permite reduzir o custo
operacional em até 15% em comparação com o de um alto-forno tradicional.
Desenvolvida ao
longo dos últimos 35 anos, a tecnologia Tecnored elimina também os processos de
coqueria e sinterização, etapas anteriores à produção do aço na usina
siderúrgica que são intensivas na emissão de gases do efeito estufa (GEE).
Estima-se um ganho de custo no investimento de novas plantas siderúrgicas de
até 15% ao dispensar a necessidade de coqueria e sinterização com o uso do
forno Tecnored. A planta é ainda autossustentável em termos de eficiência de
energia. Todo o gás do processo é reutilizado e uma parte é usada para
cogeração de energia. A escória, resíduo gerado na produção do gusa, é um
subproduto, utilizado como matéria-prima na indústria cimenteira.
Tecnored
A Tecnored é uma subsidiária 100% da Vale focada no desenvolvimento de um
processo de ferro-gusa de baixo carbono por meio do uso de fontes de energia,
como biomassa, gás de síntese e hidrogênio, que emitem menos CO2 que os
processos tradicionais de fabricação de ferro gusa, como o carvão e o coque.
Atualmente, a Vale
mantém uma planta-demonstração em Pindamonhangaba (SP), com capacidade nominal
de 75 mil toneladas/ano, onde foram realizados testes para desenvolvimento da
tecnologia e viabilidade técnica e econômica.
Escopo 3
A planta comercial da Tecnored em Marabá faz parte do esforço da Vale de
oferecer a seus clientes siderúrgicos soluções tecnológicas para ajudar na
descarbonização de seus processos produtivos. Em 2020, a empresa assumiu a meta
de reduzir em 15% as emissões líquidas de escopo 3, que inclui clientes e
fornecedores, até 2035. Deste total, a companhia vai contribuir com até 25% por
meio de um portfólio de produtos de alta qualidade e soluções tecnológicas,
entre os quais inclui o gusa verde. Hoje, a siderurgia representa 94% das
emissões de escopo 3 da Vale.
A Vale anunciou
ainda a meta de zerar suas emissões líquidas diretas e indiretas (escopos 1 e
2) até 2050, e para isto está investindo entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões,
bem como se comprometeu a recuperar e proteger mais 500 mil hectares de
floresta no Brasil. Atuando no Pará há quase 40 anos, a empresa apoia o ICMBio
na proteção de seis unidades de conservação do chamado Mosaico de Carajás, que
somam 800 mil hectares de floresta Amazônica, área equivalente a cinco vezes a
cidade de São Paulo.
Com informações da
Vale