Com 12 menções no mais importante balanço da
mineradora multinacional Vale, o Formulário 20-F, Marabá roubou a cena entre os
medalhões do complexo minerador de Carajás. Para continuar se agigantando, a
Vale depende fatalmente do principal município do sudeste do Pará e decidiu
colocar de vez Marabá em planos futuros, tendo confirmado dois
megaempreendimentos para começarem a rodar ainda nesta década.
Quando as obras da siderúrgica Tecnored e da nova
ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins estiverem a todo vapor, Marabá
poderá movimentar 10 mil postos de trabalho diretos e indiretos apenas no
entorno dessas duas “novidades”, cujas propostas são velhas conhecidas do
imaginário do marabaense. As informações são do Blog do Zé Dudu.
De acordo com a Vale, foi dado início este mês às
obras da primeira fábrica comercial da Tecnored, subsidiária 100% com seu DNA e
focada no desenvolvimento de um processo de ferro-gusa de baixo carbono por
meio de fontes de energia como biomassa, gás de síntese e hidrogênio, que
emitem menos gás carbônico em relação aos processos tradicionais de fabricação
de gusa, como o carvão e o coque.
“A planta terá inicialmente capacidade de produção
de 250 mil toneladas por ano de ferro-gusa verde e poderá chegar a 500 mil
toneladas no futuro. O start-up está previsto para 2025, com investimento
estimado de aproximadamente US$ 374 milhões,” escreveu a Vale no relatório. A
empresa confirma a siderúrgica nas páginas 9 e 112 do balanço, observando que o
empreendimento vai auxiliá-la na meta de otimizar a redução de emissões de
poluentes.
Concomitantemente à obra da siderúrgica, a Vale vai
construir uma nova ponte sobre o Rio Tocantins, pleito antigo da sociedade de
Marabá e que terá, além de novos trilhos, pista para circulação de carros,
encurtando os obstáculos entre os núcleos Nova Marabá, o mais jovem, e São
Félix, que tem explodido demográfica e comercialmente a níveis jamais imaginados.
A alta cúpula da mineradora aprovou no mês passado,
de maneira oficial, a construção da ponte – até então, o que se tinha eram
desejos que pairavam no ar desde a década passada. Com a nova ponte de trilho,
a capacidade da Estrada de Ferro Carajás (EFC) será ampliada para transportar
as “carradas” de minério de ferro saídas de Canaã dos Carajás, Parauapebas e
Curionópolis.
Nova
ponte: 2023 ou 2027?
O que não fica claro no relatório é quando, de
fato, a ponte começará a ser erguida. O Blog do Zé Dudu apurou que a Vale
escreveu na página 9 do 20-F que “o projeto tem início previsto para 2027”. No
entanto, fontes de Marabá esperam que a estrutura começará a ser construída no
início do ano que vem e que fique pronta em 2027, “com investimento total de
US$ 830 milhões”, segundo a multinacional. Para a Vale, a segunda estrutura
sobre o Rio Tocantins vai melhorar o fluxo de tráfego ferroviário, “além de
mitigar os riscos do negócio”.
Sobre “os riscos do negócio”, a empresa destacou no
relatório que qualquer interrupção da EFC ou do porto de Ponta da Madeira, no
Maranhão, pode impactar significativamente sua capacidade de vender a produção
extraída de Carajás. “Com relação à ferrovia Carajás, existe um risco
particular de interrupção na ponte sobre o Rio Tocantins, na qual os trens
circulam em uma única linha ferroviária,” admite a Vale.
Com informações de Ze Dudu