Encerrou ontem (30) o prazo para envio ao Tesouro
Nacional, por parte dos poderes Executivo e Legislativo, o Relatório de Gestão
Fiscal (RGF) do primeiro quadrimestre de 2022 e o respectivo atestado de
publicação. No Pará, das 144 prefeituras do estado, o Blog do Zé Dudu apurou
que apenas 44 (30%) encaminharam o balanço no prazo regimental estabelecido
pela Secretaria do Tesouro Nacional — que, diga-se de passagem, não é o mesmo
estabelecido pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
A partir desta terça-feira (31), os municípios que
não entregaram o relatório são considerados inadimplentes, e a persistir a
inadimplência, repasses de recursos federais poderão ser suspensos ou
bloqueados até a regularização da situação. Além disso, os prefeitos podem ter
sérias complicações administrativas, conforme prevê a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF).
O RGF é um balanço extremamente importante para uma
prefeitura porque ele reporta, entre outros dados, o gasto total da
administração pública com o funcionalismo, traz os índices de comprometimento
da receita líquida com despesa com pessoal e revela, nas entrelinhas, a
capacidade de um gestor de segurar as pontas com a máquina pública.
Das dez prefeituras mais ricas do Pará, os governos
de Belém, Parauapebas, Marabá, Ananindeua, Barcarena e Paragominas cumpriram o
prazo estabelecido pelo Tesouro. Entre as prefeituras com menor receita,
Bannach, Abel Figueiredo, Peixe-Boi, Inhagapi e Sapucaia também são bons
exemplos de cumprimento de prazo.
Prefeituras ricas e famosas, como Canaã dos
Carajás, Santarém, Castanhal, Altamira, Itaituba e Redenção, ainda não deram as
caras junto à Secretaria do Tesouro Nacional, mas devem se resolver nos
próximos dias.
Balanço preliminar
O Blog do Zé Dudu espiou as contas das
administrações que entregaram o balanço de gestão fiscal e observou que, entre
as 44, apenas 12 (27%) prefeituras não avançaram qualquer dos limites previstos
na Lei de Responsabilidade Fiscal para gastos com servidores. O limite parte de
48,6% (alerta), avança para 51,3% (prudencial) e atinge o pico em 54% (máximo).
As prefeituras de Parauapebas (37,64%) e Ananindeua
(37,77%) foram as mais tranquilas nos primeiros quatro meses deste ano no
tocante a gastos com o funcionalismo: a primeira em função da grandeza de sua
arrecadação líquida e a segunda por naturalmente ter a folha de pagamento
pequena. Marabá (44,11%) e Belém (46,13%) também fazem parte do grupo que
ostenta indicador abaixo do limite de alerta.
Mas a grande preocupação são as 21 prefeituras que
estouraram o teto de 54% e estão na guilhotina. A Prefeitura de Maracanã, por
enquanto, lidera o cenário ruim, com absurdos 80,78% da receita corroídos por
gastos com pessoal. Outras oito prefeituras estão estouradas num grau entre 60%
e 70%, a saber: Tracuateua, São Miguel do Guamá, Juruti, Santa Luzia do Pará,
Curuá, Almeirim, Portel e Irituia.