Não vai demorar muito para Redenção ter mais carros
e motos circulando pelas ruas que gente. É que, conforme dados consolidados
pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) referentes à frota totalizada
em junho, o principal município do sul do Pará já possui 73,1 mil veículos
perambulando por ruas, avenidas e estradas vicinais para uma população
projetada para este ano em 87 mil habitantes. Isso faz de Redenção a cidade do
Pará com a mais alta média de veículo por habitante: um para um. As informações
foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.
Erguida por uma forte população migrante vinda de
estados como Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, a cidade que tem sotaque do
Centro-Oeste é povoada de fazendeiros que adoram se exibir em suas caminhonetes
para enfrentar a “juquira” do Pará. Eles, os fazendeiros, comandam a maior
parte do rebanho de 295 mil cabeças de gado nos pastos de Redenção. E literalmente
têm bala na agulha para queimar nas concessionárias da região.
A riqueza que vem da terra e do gado faz de “Redex”
um município próspero e a mais importante praça financeira do sul do Pará. A
constatação disso se mede em potencial de consumo de veículos automotores: a
cidade ostenta uma média de cinco meios de transporte para cada seis moradores
(1 carro ou moto para 1,19 habitante).
Dali a 270 quilômetros, em Tucumã, também no sul do
estado, a densidade média de veículo por morador é similar. Há 29,9 mil carros
e motos em circulação por Tucumã para 41,2 mil moradores, o que permite dizer
que há três veículos à disposição para cada quatro pessoas (ou 1 para 1,38), a
terceira maior proporção do Pará.
Voltando a Redenção e dali subindo 115 quilômetros,
chega-se a Xinguara, município de 45,7 mil habitantes, mas com 31,3 mil
veículos zanzando para lá e para cá. A densidade da frota é de dois veículos
para cada grupo de três moradores (ou 1 para 1,46). Ao lado de Novo Progresso,
na Transamazônica, onde há três veículos para quatro habitantes (ou 1 para
1,35) as cidades do sul do Pará reinam absolutas em arsenal de meios de
transporte automotores.
Elas superam, inclusive, as mais ricas e famosas,
como Canaã dos Carajás (1 veículo para 1,53 habitante), Parauapebas (1 para
1,8) e Marabá (1 para 2,13). As cidades que florescem à sombra do boi no pasto
e da expansão da soja estão vivendo uma verdadeira infestação de veículos
comparável às cidades mais desenvolvidas economicamente do Brasil.
No
final da fila
Por outro lado, quatro municípios paraenses são os
que menos possuem veículos emplacados por habitante no país. O campeão
nacional, sem qualquer rival à altura, é Afuá, na ilha do Marajó. Lá, existem
apenas 11 veículos ao todo para uma população de 40,3 mil habitantes. Na
calculadora, dá uma média de um veículo para 3.660 pessoas. Se, na prática, um
carro coubesse uma quantidade de pessoas tão grande assim, o veículo de rodas
precisaria ser um pouco maior que o Titanic.
Outro que padece de frota é Chaves, que, como Afuá,
se localiza no Marajó. Em Chaves, há apenas 25 veículos registrados com placa
de lá para uma população total de 24,4 mil, o que gera média de um veículo para
976 pessoas. Bagre e Melgaço, também no Marajó, considerada a região mais pobre
do país, têm médias acima de 100: Bagre com um veículo para cada grupo de 124
pessoas em média e Melgaço com um para 102.