Na primeira viagem ao exterior, presidente Lula, anuncia na Argentina ao lado do colega Alberto Fernández, parcerias bancadas pelo BNDES em obras nos países do Cone Sul. Foto: Enrique Garcia Medina/EFE (Foto: )
Governo
BNDES a países “amigos”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
anunciou na segunda-feira (23), em visita a Argentina, em sua primeira viagem
internacional oficial, que bancos estatais brasileiros, como o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ) e o Banco do Brasil, voltarão a
financiar obras e serviços em outros países. As declarações repercutiram mal no
mercado financeiro do Brasil.
Inquietação permanente
O mercado, desde a posse de Lula, se comporta em
permanente inquietação, sobressaltos e alta volatilidade. Se já não bastasse a
desconfiança de investidores quanto a indicações políticas para presidir
estatais, como o ex-ministro petista Aloízio Mercadante no próprio BNDES, e o
ex-senador Jean Paul Prates (PT) na Petrobras, o anúncio de Lula trouxe à tona
a memória de calotes e escândalos do passado.
Para jamais esquecer I
Nos 14 anos em que o PT esteve no poder, entre 2003
e 2016, o BNDES financiou empréstimos na ordem de US$ 11,8 bilhões para
empresas brasileiras tocarem obras de infraestrutura em outros países,
principalmente empreiteiras que depois foram envolvidas nas investigações da
Operação Lava Jato, como Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão,
entre outras...
Para jamais esquecer II
As empresas venceram licitações para obras em
países latino-americanos como Argentina, Venezuela, Cuba e Costa Rica, entre
outros, além de nações africanas como Angola e Moçambique. E, para cumprirem
com as propostas vencedoras, recorreram a recursos do BNDES com juros
subsidiados, mais acessíveis do que em bancos privados. Como garantia do
pagamento, em caso de calote dos contratos, havia apenas um Seguro de
Crédito/FGE
Seguro de Crédito / FGE
E o que é o Seguro de Crédito/FGE?
Trata-se do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), criado pela Medida Provisória
nº 1.583-1, de 25 de setembro de 1997, sendo, após consecutivas reedições,
convertida na Lei nº 9.818, de 23.08.1999. O FGE, de natureza contábil e
vinculado ao Ministério da Fazenda, tem como finalidade dar cobertura às
garantias prestadas pela União nas operações de Seguro de Crédito à Exportação
(SCE), como foram tratadas as obras bancadas no exterior ordenadas por Lula, em
suas gestões anteriores, e pela presidente deposta Dilma Rousseff (PT).
Para jamais esquecer III
Relatório oficial com dados até 30 de novembro de
2022 (confira o
relatório aqui) mostra que, dos US$ 11,8
bilhões concedidos em financiamento entre 2003 e 2016, o BNDES recebeu de
volta US$ 9,6 bilhões até o momento. Ainda há mais US$ 2,1 bilhões a receber,
do qual US$ 1,3 bilhão corresponde a empréstimos feitos à Venezuela que pararam
de ser pagos.
Calotes
Além do governo venezuelano, Cuba também tem uma dívida de US$ 40,8 milhões com
o BNDES, dos mais de US$ 696 milhões emprestados para obras diversas,
principalmente na ampliação do porto de Mariel, a cerca de 40 quilômetros de
distância de Havana.
Para jamais esquecer IV
Embora os valores devidos não comprometam o caixa
do BNDES e estejam dentro da margem de inadimplência comum a todos os bancos,
economistas e especialistas do mercado financeiro veem a volta do financiamento
para obras e serviços em outras nações em desenvolvimento com muitas ressalvas
e cautela neste momento.
Para jamais esquecer V
É regra no mercado que um fundo não empreste para
um agente que esteja em dificuldade ou que corre o risco de não pagar, e o
BNDES, pelo andar da carruagem petista, vai ser colocado a esse risco não
apenas na Argentina, mas também no Chile e no Peru, visto as discussões da
criação de uma moeda comum para negociações entre os países do Mercosul, outro
assunto tratado na cúpula da Argentina nessa semana.
Consequência de eventual calote
O dinheiro usado pelo banco (BNDES) é proveniente
do Tesouro Nacional, que pode acabar comprometido em eventuais calotes —
dependendo do montante, pode afetar diretamente a inflação e a taxa básica de
juros (Selic).
Temor I
A percepção de um calote é o temor das principais
corretoras brasileiras de capitais e do mercado financeiro, que não receberam
bem o anúncio do presidente Lula. A Infinity Asset Management relatou que as
falas do presidente e da equipe econômica “confundem o investidor, assustam,
pois rementem a um passado de custo fiscal proibitivo e faz com que a economia
fique em segundo plano, dada a dificuldade em se gerar cenários para o atual
momento”. A Nova Futura relatou que houve uma “indigestão com notícias sobre o
possível uso do BNDES para financiar operações comerciais com a Argentina”.
Temor II
Embora o anúncio do presidente Lula tenha
repercutido negativamente no mercado financeiro, há um fator a mais que está
pesando na retomada dos investimentos do BNDES nas empresas brasileiras que
operam em outras nações: o avanço da China nas economias da América Latina.
O que diz o governo?
Logo após o anúncio feito pelo presidente Lula, o
ministro Fernando Haddad agiu como um bombeiro para apagar o fogo e explicar ao
mercado. Afirmou que, no caso do primeiro financiamento brasileiro, o gasoduto
de Vaca Muerta, o gás produzido na região central argentina e trazido ao Brasil
será “a garantia do próprio investimento”.
Garantias reais
Segundo a agência Bloomberg, fontes a par da
negociação afirmam que o financiamento seria coberto por garantias de ambos os
governos, e que a Argentina teria de fornecer ativos líquidos, como contratos
de commodities, para obter os empréstimos.
Suposta proteção
“O BNDES tentará se proteger pegando os recebíveis
argentinos. O problema é que esses já estão muito comprometidos com uma série
de outras tomadas de empréstimos. E, no caso de uma insolvência da Argentina,
serão executados como no passado, em que o país já foi alvo dos chamados
‘fundos abutres’ de execução imediata gerando disputa entre credores”, ressalta
uma fonte consultada pela Coluna.
Minimizar o risco, se é que isso seja possível
Para minimizar esse risco será necessário construir
um arcabouço completo e robusto de garantias para a concessão de empréstimos e
financiamentosa a outras nações do continente, sem correr o risco de um calote.
“A gente não pode pegar dinheiro público do nosso Tesouro e colocar nesses
países. É diferente de investir em nações como o Chile e o Uruguai, que têm as
contas mais organizadas. A Argentina está numa situação muito ruim há muito
tempo”, completou a fonte.
Política
Negociações…
Chama a atenção de quem cobre os bastidores da
política em Brasília, o esforço do PT em anular o poder de estrago da bancada
do PL, nas votações dos projetos do governo Lula que vêm pela frente.
…da velha política
Com uma base de apoio ainda distante do ideal, só
há uma chance — “republicanamente” falando — de Lula fechar a conta: entregar
na mão do Centrão o que lhe for pedido. Ou se arriscar numa nova aventura já
percorrida e que todos sabem onde acabou: no mensalão.
Como num Harém
É o que está ocorrendo, por exemplo, com as
negociações de apoio do União Brasil ao governo. Um dos partidos que compõem o
chamado Centrão, cujo apetite por cargos é insaciável seja qual for o governo
da vez, o União, embora já tenha sido “agraciado” com três ministérios, a
fidelidade de 59 deputados federais e 13 senadores eleitos na próxima legislatura,
— é, digamos, tão incerta, como o amor de um príncipe árabe quando adentra o
harém que mantém, composto por esposas, concubinas e servas.
Garçom, traz a conta…
Rigorosamente, mas pode haver exceções, claro,
nenhum deputado do União Brasil morre de amores pelo PT, mas todos, sem
exceção, adoram cargos e se animam ao vislumbrar que podem praticar o esporte
favorito dos políticos em Brasília: nomear, nomear… e nomear mais uma vez.
…Tudo isso!?
Agora, além da Companhia de Desenvolvimento dos
Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que já vinha sendo negociada
com o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), a fatura
apresentada inclui os comandos da Superintendência de Seguros Privados
(Susepe), da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e ainda a presidência do
Banco do Nordeste. Somados, os orçamentos desses órgãos superam R$ 2,9 bilhões
em 2023.
Não é assim não!
Com a sutileza de dois tratores D-6 passando a
corrente para preparar o plantio da área a ser semeada, famosa por declarações
estabanadas, uma das chefonas com assento na mesa de negociações, é a
presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), que já disse ao União, que
seu pedido não deve ser atendido.
“[Para ter todos os cargos] Ele [Elmar] teria de ter ganhado a eleição para
presidente, né?”, ironizou a educadíssima líder petista.
O presidente do União Brasil, deputado Luciano
Bivar (UB-PE)
Queda de braço
A diplomática Gleisi Hoffmann se refere ao deputado
Elmar Nascimento (UB-BA), que foi barrado por petistas para a vaga de ministro
da Integração Nacional. Faltando menos de uma semana para a eleição na Câmara,
no dia 1º de fevereiro, contudo, as negociações entraram num impasse. O
presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), até admite a
possibilidade de o partido aderir ao bloco governista, mas enfrenta resistência
de Elmar, que influencia a bancada do partido, Bivar goste ou não.
Arrumando a casa
O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho,
informa, por meio de sua assessoria, que começará a conceder entrevistas
solicitadas tão logo conclua o macroplanejamento de ações da pasta.
Deslumbramento I
Deslumbramento e empolgação tomaram
conta do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). Em reunião do partido
nesta semana, ele foi eleito pelos colegas o futuro líder da legenda na Câmara
dos Deputados.
Deslumbramento II
Noutro front, comemorou, por sua indicação e já publicado no Diário Oficial da
União, Boulos, a nomeação de Guilherme Simões Pereira, 37 anos, apresentado com
credencias de ativista em moradia e membro do Movimento dos Trabalhadores
Sem-Teto (MTST), fundado pelo próprio Boulos, para assumir a Secretaria das
Periferias, enclave criado pelo partido no Ministério das Cidades.
Deslumbramento III
“Pela primeira vez na História, o Brasil terá uma Secretaria Nacional das
Periferias. E será comandada por um homem negro, morador do Grajaú e militante
do MTST!”, exaltou Boulos, comemorando o aceite de seu indicado. “Simões vai
ser uma voz dos movimentos periféricos em Brasília!”, concluiu o parlamentar
estreante, cujos discursos e trejeitos, são a cópia fiel do presidente Lula.
Tudo encaminhado
Após ter contratado a mais cara banca de advogados
criminalistas do Brasil, porque dinheiro não é problema, o governador afastado
do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), se encontra, há uma semana, visitando
suas fazendas no Piauí, enquanto espera o desfecho de seu destino político.
Fala a palmatória do mundo I
A palmatória do mundo, empunhada logo após os
desastrosos acontecimentos do dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, se
acalmou na mão do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Se antes, o senador foi primeiro a se levantar para pedir a cabeça de Ibaneis,
exigindo sua imediata expulsão do partido, agora, um misterioso sentimento de
piedade fez com que alagoano mudasse de opinião.
Fala a palmatória do mundo II
Cada vez mais cabeludo, sem um fio fora do lugar no penteado, o senador
reafirmou: “De fato defendi a intervenção federal e também expulsão de Ibaneis.
Mas aí houve a abertura de uma investigação pela Justiça. Então, penso que o
correto é o MDB aguardar. Quem sou eu para prejulgar?”, indagou Renan, tirando
o corpo fora.
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes
Versão gringa para “Xandão”
Em artigo publicado pelo correspondente no Brasil do jornal estadunidense The
New York Times, no domingo (22), sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Alexandre de Moraes, o jornalista Jack Nicas traduziu o apelido de Moraes
para “Big Alex”, em uma referência ao apelido “Xandão”, muito utilizado no
Brasil.
O texto fala sobre a participação de Moraes na transição do governo Bolsonaro
para o governo Lula, e sobre o combate em prol da democracia, amplamente
questionado no Brasil.
Economia
Petrobras
O suplente de senador Jean Paul Prates assumiu, na
quinta-feira (26), o comando da Petrobras, após ter o aval do departamento
de compliance da estatal. A indicação do suplente de senador
que assumiu o cargo do titular, pelo PT do Rio Grande do Norte, oficializada no
dia 12 de janeiro, fez com que a equipe da área de Governança e Conformidade se
debruçasse sobre o currículo e as ligações políticas e empresariais do novo
manda-chuva da estatal.
Ex-senador Jean Paul Prates, é o novo presidente da
Petrobras
Perfil
O ex-senador Jean Paul Prates (PT-RN) tem mais de
30 anos de trabalho nos setores energético, é empresário do setor e participou
do grupo técnico de Minas e Energia do governo de transição. A posse como
presidente da Petrobras pode ocorrer já na semana que vem.
Suplente
Prates foi suplente de Fátima Bezerra (PT) no
Senado Federal até 2018, quando ela foi eleita governadora do estado do Rio
Grande do Norte. Ele, então, ocupou o assento por quatro anos.
Efemérides I
Nesta sexta-feira (27), na quarta semana do ano,
comemora-se Dia do Orador e o Dia Internacional em Memória das Vítimas do
Holocausto, uma data dedicada à homenagem das milhões de pessoas que foram
torturadas e mortas nos campos de concentração comandados pela Alemanha
Nazista, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sob o comando de Adolf
Hitler.
Efemérides II
No sábado (28), é o Dia do Portuário, o Dia do Comércio Exterior, o Dia
Internacional da Proteção de Dados, o Dia Nacional do Auditor-Fiscal do
Trabalho e o Dia de São Tomás de Aquino. Neste domingo (29), comemora-se o Dia
Nacional da Visibilidade Trans e o Dia Nacional de Combate e Prevenção da
Hanseníase.
Efemérides III
Na segunda-feira (30), é festejado o Dia do Padrinho, o Dia Nacional das
Histórias em Quadrinhos, o Dia da Saudade e o Dia Mundial da Não-Violência e
Cultura de Paz. Na terça-feira (31), é o Dia do Engenheiro Ambiental, o Dia
Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, o Dia do Mágico e o
Dia de São João Bosco.
Efemérides IV
Na quarta-feira, 1º de fevereiro, é a data que marca o Dia do Publicitário e a
posse dos deputados federais e senadores eleitos em 2022 para exercerem a 57ª
Legislatura do Congresso Nacional do Brasil. E fechando o ciclo da semana, na
quinta-feira (2), comemora-se o Dia do Agente Fiscal, o Dia Mundial das Zonas
Úmidas, o Dia de Nossa Senhora dos Navegantes e o Dia de Iemanjá.
De volta na semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias
que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui
no Blog do Zé Dudu.
Val-André Mutran
– É correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
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