Se a inteligência
artificial está cada vez mais presente em nossa vida, por que o robô do INSS
não funciona a favor das pessoas que trabalham e recolhem para a
previdência?
Deveria ser assim,
e eu acredito que você concorde comigo. Mas o que nós previdenciaristas
constatamos diariamente, é confirmado pelos próprios números da previdência: 3
entre 4 pedidos de aposentadoria são negados pelo INSS.
Depois de quase um
ano de implantação no sistema do INSS, o que está acontecendo na prática é que
o robô do INSS tira os brasileiros da fila de pedidos para colocar em outra
fila, a de recursos.
Enquanto a fila de
requerimentos de benefícios caiu 25%, a fila de recursos e revisões aumentou
32%.
A tendência é de alta
e chega a ser cruel com as pessoas que aguardam aposentadoria porque, dessa
fila, os segurados demoram ainda mais para sair.
A espera por uma
resposta do INSS para rever um pedido negado é em média 589 dias.
Isso mesmo: quase dois anos.
Situações assim
poderiam ser evitadas, pois na maioria das vezes essas pessoas já cumpriram os
requisitos para receber o que lhes é de direito, mas caíram na armadilha do
robô.
Vou te explicar como
funciona o site do Meu INSS, onde o calvário de uma aposentadoria ou benefício
negado começa.
Quando o segurado
entra no site do Meu INSS fazendo um pedido de benefício responde a várias
perguntas, com as opções “sim” ou “não”. A inteligência artificial analisa suas
respostas e dá o encaminhamento.
De forma automática,
a inteligência artificial utiliza os dados existentes nas bases da
administração pública. Boa parte deles possui imprecisões e precisam ser
corrigidos a tempo, do contrário os pedidos são indeferidos.
A base de dados utilizada
pelo robô é o extrato previdenciário CNIS, Cadastro Nacional de Informações
Sociais do INSS. Se nesse documento existe algum erro (e quase sempre existe),
aí começam os problemas.
O exemplo mais comum
é ter vínculo em aberto, com data de início e sem data fim. Neste caso, o INSS
vai desconsiderar esse tempo de trabalho e contribuição, com duas
consequências:
· pode faltar tempo
para fechar os requisitos de acesso a uma aposentadoria ou benefício.
· pode acontecer do
benefício ser concedido com valor mais baixo do que deveria.
Além disso, robô não
analisa o tempo real de contribuição do segurado nessas situações:
· de quem trabalhou com
atividades expostas a agentes nocivos e recebeu insalubridade
· prestou serviço
militar e poderia incluir esse tempo para fins de benefícios previdenciários
· se tornou uma pessoa
de deficiência e pode usar a condição PcD para melhorar o benefício
· trabalhou como
professor ou professora
· poderia contar com a
reafirmação da DER (Data de Entrada do Requerimento)
· poderia contar com
reconhecimento de ações trabalhistas ganhas
· ou inclusão de tempo
sem carteira assinada, ou tempo rural.
O robô só funciona
para aquele segurado com os dados completamente regularizados, que não tem
indicação no CNIS, não possui tempo diferenciado ou especial.
Se você é um dos
segurados que sempre trabalhou na mesma empresa, com todos os recolhimentos
contabilizados, sem falhas, atrasos ou lacunas, se não tem nenhuma situação que
uma máquina não consiga realizar, pode ficar tranquilo.
Do contrário, o
recomendável é que você conte com a ajuda de um especialista previdenciário
para não entrar na triste estatística dos 75% de requerimentos negados pelo
INSS.
A situação pode ser
resolvida em uma consulta previdenciária ou com o planejamento de aposentadoria
para ter a segurança de qual é o momento certo para se aposentar e quais
providências podem ser tomadas para melhorar o valor do benefício.
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Priscila Arraes Reino, advogada especialista em direito previdenciário e
direito trabalhista, palestrante e sócia do escritório Arraes e Centeno.
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