Durante a
13º Sessão realizada pela Câmara de Vereadores de Canaã dos Carajás, na noite
desta terça-feira (02), vereadores usaram a tribuna para fazer acusações contra
a Vale em relação às negociações para a retirada de famílias da região do
Cristalino, uma área do município usada pela mineradora para extração de cobre
e ouro. Alguns moradores de Cristalino estavam presentes durante a sessão.
O vereador
Anderson Mendes (MDB) foi o primeiro a fazer o uso da palavra. Ele defendeu o
pagamento de indenização de 25 famílias, que moram há cerca de 8 anos na região
do Cristalinos, e que estariam fora das negociações. “Muitas dessas 24
famílias, que estão ali dentro daquelas terras, investiu tudo que tinha e o que
não tinha. A Vale se diz dona daquelas terras mas ninguém sabe quem é o dono
(…) porque eram terras do governo e as pessoas invadiram. No meu modo de
entender, quem é dono dessa terra é quem está lá produzindo”, defendeu o
vereador que deu como exemplo a situação de um morador que plantou mais de 4
mil pés de cacau e 300 árvores de mogno na região.
O vereador
Wilson Leite (PODE) criticou a retirada das famílias. “O objetivo da mineradora
é tirar os produtores rurais dali para minerar. Eu não vejo, vereadores, que
essa seria a solução do problema, despedir as pessoas que, por ventura, tiveram
processo de mineração nas suas terras”. Segundo o vereador, são cerca de 300 famílias
entre o Alto da Serra e do Cristalino, que moram há quase 10 anos na região. “O
povo que estão lá são todos necessitados. Estão ali porque não tem condições de
comprar a terra de forma legal mas, no entanto, a Vale compra milhares de
terras e faz concessão para quem não precisa e fica por isso mesmo”, acusou
Leite.
Serra do Rabo
O vereador
Flávio Gomes (PROS) e a vereadora Maria Pereira (PL) citaram também a situação
dos moradores da Serra do Rabo. “Na Serra do Rabo tem mais 15 famílias (sem indenização).
Se precisar de CPI nós vamos pedir”, disse Gomes.
Maria
Pereira falou da situação dos moradores impactados pela Linha Ferro Carajás na
Serra do Rabo. “Nós vamos tirar a linha de ferro que você construiu em cima da
terra das pessoas, que está transportando o minério do nosso município e você
construiu em cima de terras tituladas de pessoas que moram a mais de 40 anos na
Serra do Rabo”.
“Se tem um
vereador que não gosta dessa Vale é o vereador Chefinho e não é de hoje, é de
muitos anos. A Vale, o interesse dela, é só levar as nossas riquezas. Ela não
está nem aí para a população de Carajás”, disse o vereador Chefinho (PL).
Segundo ele, nos últimos oito anos a Vale não teria contribuído com o município
na área social.
A Câmara
Municipal informou que vai convocar a Vale para esclarecer a respeito das
famílias impactadas pelos projetos mineradores.
Vale
A
Mineradora Vale encaminhou uma nota ao Blog Zé Dudu onde esclarece que a área
do Cristalino foi adquirida pela empresa e, posteriormente, invadida por
pessoas e que a Justiça deferiu a reintegração de posse em lotes onde foi
identificada lavra ilegal.
Confira a nota na íntegra:
A Vale tem
como premissa de atuação o diálogo com as diferentes instâncias do Poder
Público e com as comunidades nas regiões em que atua. Importante esclarecer que
a área do Cristalino foi adquirida pela empresa e posteriormente invadida por
pessoas. A Vale vem tratando o assunto com as famílias elegíveis dentro das
ações de reintegracao de posse, cujas liminares foram concedidas pela Justiça,
que, recentemente, deferiu a reintegração de posse em lotes onde foi
identificada lavra ilegal.
Com relação
à lavra ilegal, a empresa repudia veementemente, adotando as medidas judiciais
cabíveis para coibir a prática em suas áreas e para colaborar com as
autoridades competentes com o mesmo propósito. A lavra ilegal, além de
configurar crime, impõe impactos ao meio ambiente, aos cofres públicos, à
segurança e à saúde das pessoas e à atração de investimentos e implantação de
novos empreendimentos.