Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Brasil
Publicada em 04/05/23 às 06:08h - 99 visualizações
Vereadores de Canaã acusam Vale de ameaçar retirar famílias do Cristalino sem indenização
A mineradora Vale encaminhou nota, ao Blog Zé Dudu, sobre as medidas de reintegração de posse e o assunto tratado com as famílias.

Jornal O Niquel


Durante a 13º Sessão realizada pela Câmara de Vereadores de Canaã dos Carajás, na noite desta terça-feira (02), vereadores usaram a tribuna para fazer acusações contra a Vale em relação às negociações para a retirada de famílias da região do Cristalino, uma área do município usada pela mineradora para extração de cobre e ouro. Alguns moradores de Cristalino estavam presentes durante a sessão.

O vereador Anderson Mendes (MDB) foi o primeiro a fazer o uso da palavra. Ele defendeu o pagamento de indenização de 25 famílias, que moram há cerca de 8 anos na região do Cristalinos, e que estariam fora das negociações. “Muitas dessas 24 famílias, que estão ali dentro daquelas terras, investiu tudo que tinha e o que não tinha. A Vale se diz dona daquelas terras mas ninguém sabe quem é o dono (…) porque eram terras do governo e as pessoas invadiram. No meu modo de entender, quem é dono dessa terra é quem está lá produzindo”, defendeu o vereador que deu como exemplo a situação de um morador que plantou mais de 4 mil pés de cacau e 300 árvores de mogno na região.

O vereador Wilson Leite (PODE) criticou a retirada das famílias. “O objetivo da mineradora é tirar os produtores rurais dali para minerar. Eu não vejo, vereadores, que essa seria a solução do problema, despedir as pessoas que, por ventura, tiveram processo de mineração nas suas terras”. Segundo o vereador, são cerca de 300 famílias entre o Alto da Serra e do Cristalino, que moram há quase 10 anos na região. “O povo que estão lá são todos necessitados. Estão ali porque não tem condições de comprar a terra de forma legal mas, no entanto, a Vale compra milhares de terras e faz concessão para quem não precisa e fica por isso mesmo”, acusou Leite.

Serra do Rabo

O vereador Flávio Gomes (PROS) e a vereadora Maria Pereira (PL) citaram também a situação dos moradores da Serra do Rabo. “Na Serra do Rabo tem mais 15 famílias (sem indenização). Se precisar de CPI nós vamos pedir”, disse Gomes.

Maria Pereira falou da situação dos moradores impactados pela Linha Ferro Carajás na Serra do Rabo. “Nós vamos tirar a linha de ferro que você construiu em cima da terra das pessoas, que está transportando o minério do nosso município e você construiu em cima de terras tituladas de pessoas que moram a mais de 40 anos na Serra do Rabo”.

“Se tem um vereador que não gosta dessa Vale é o vereador Chefinho e não é de hoje, é de muitos anos. A Vale, o interesse dela, é só levar as nossas riquezas. Ela não está nem aí para a população de Carajás”, disse o vereador Chefinho (PL). Segundo ele, nos últimos oito anos a Vale não teria contribuído com o município na área social.

A Câmara Municipal informou que vai convocar a Vale para esclarecer a respeito das famílias impactadas pelos projetos mineradores.

Vale

A Mineradora Vale encaminhou uma nota ao Blog Zé Dudu onde esclarece que a área do Cristalino foi adquirida pela empresa e, posteriormente, invadida por pessoas e que a Justiça deferiu a reintegração de posse em lotes onde foi identificada lavra ilegal.

Confira a nota na íntegra:

A Vale tem como premissa de atuação o diálogo com as diferentes instâncias do Poder Público e com as comunidades nas regiões em que atua. Importante esclarecer que a área do Cristalino foi adquirida pela empresa e posteriormente invadida por pessoas. A Vale vem tratando o assunto com as famílias elegíveis dentro das ações de reintegracao de posse, cujas liminares foram concedidas pela Justiça, que, recentemente, deferiu a reintegração de posse em lotes onde foi identificada lavra ilegal.

Com relação à lavra ilegal, a empresa repudia veementemente, adotando as medidas judiciais cabíveis para coibir a prática em suas áreas e para colaborar com as autoridades competentes com o mesmo propósito. A lavra ilegal, além de configurar crime, impõe impactos ao meio ambiente, aos cofres públicos, à segurança e à saúde das pessoas e à atração de investimentos e implantação de novos empreendimentos.












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