Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Brasil
Publicada em 15/05/23 às 05:55h - 115 visualizações
Oficina de Sensibilização para a Temática Indígena: Gestão Territorial, Meio Ambiente e economia indígena: Desafios e Potenciais

Jornal O Niquel


A 2ª Oficina de Sensibilização para a Temática Indígena – Gestão Territorial, Meio Ambiente e Economia Indígena: Desafios e Potenciais, ocorreu nos dias 23 e 24 de março de 2023 – oferecendo um total de 12 h de aula. Ocorreu no auditório do Aldeias Palace Hotel, em Tucumã-PA. Conduzida pelos consultores especialistas em antropologia e indigenismo, André Fernando Baniwa e Cássio Inglês de Souza, foi organizada pela equipe da AFP/PBA CI Kayapó, que executa o Componente Indígena do Plano Básico Ambiental Onça Puma. A cobertura midiática foi realizada por Pat i Kayapó do Coletivo Beture de cineastas Mẽbêngôkre.

 


A presença do André Baniwa como instrutor trouxe mais credibilidade e legitimidade à oficina, fazendo com que seu alcance muito além do nível conceitual, ao trazer alguém que fala em primeira pessoa de uma experiência concreta que vive, gerando empatia e despertando o diálogo com os demais participantes indígenas.

Teve a presença de diversos convidados, entre eles de representantes da Estação Conhecimento da Fundação Vale, Relações com Povos Indígenas Vale, Secretaria de Educação de São Félix do Xingu, Departamento de Cultura de Tucumã, Defensoria Pública Estadual de São Félix do Xingu, CR da Funai Tucumã, Prelazia do Alto Xingu, Dsei Kayapó/Polo Base Tucumã, Equipe da AFP e Cooba-y. Os convidados participantes da oficina a avaliaram de maneira positiva, entendendo que o caminho para superar o preconceito é o conhecimento sobre a cultura dos povos indígenas, o que ajuda muito os profissionais a realizar um trabalho mais inclusivo e que respeite as especificidades do povo indígena. 

 

 

Para alcançar essa sensibilização, a programação incluiu durante o seu primeiro dia , além de uma rodada de apresentação de todos os participantes, uma discussão que partiu de uma questão que é fundamental para compreender a complexidade da pauta indígena, que é sua a estreita relação com a terra. Partindo de uma discussão sobre diversidade sociocultural, a introdução incluiu uma discussão sobre o tema da importância do território para os povos indígenas, sobre como o próprio modo de vida e cultura indígena é interdependente com o seu território e recursos naturais, revelando a importância do papel exercido pelos povos indígenas na conservação da sociobiodiversidade. Nesse contexto, também foram abordados os conceitos de Terra Indígena, Território e Territorialidade. 

 

Para aprofundar um pouco mais no assunto da conexão da cultura indígena com o território, falou-se sobre os mitos de origem e cosmologias indígenas, na sequência partiu-se para os conceitos etnológicos de organização sociocultural, ciências e conhecimentos indígenas, estratégias tradicionais de manejo florestal, saúde e educação indígena e sua correlação como território e os recursos naturais. De forma específica, comentou-se a respeito do território e da territorialidade dos Mebengokre.

 

A próxima discussão foi sobre o tema Gestão Territorial e os desafios contemporâneos enfrentados pelos povos indígenas na governança de seus territórios. Partindo de uma discussão sobre Transformações sociais, ambientais e territoriais após o processo de colonização, passando para discutir o novo contexto sobre demarcação territorial, proteção da biodiversidade e reconhecimento dos serviços ambientais prestados através da repartição de benefícios.

 

Apresentou-se sobre direitos, legislação e políticas públicas territoriais voltadas para os povos indígenas, com foco na Constituição Federal de 1988, Convenção 169 da OIT, Declaração de Direitos Indígenas da ONU, A Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas e sua ferramenta o Plano de Gestão Ambiental e Territorial - PGTA -, que cada povo pode realizar para sua terra, sendo que a Floresta Protegida está realizando o PGTA da TI Kayapó.

 

O próximo tema a ser discutido foi o de Empreendedorismo Indígena e sua relação com mercados diferenciados , sobre produtos indígenas e seu potencial de comercialização, as riquezas dos povos indígenas com suas potencialidades e desafios, sobre a relação dos produtos indígenas com o território e o meio ambiente, sobre o valor do patrimônio cultural indígena, empreendedorismo e gestão de negócios pelos povos indígenas, usando como exemplo a experiência dos produtos comercializados pelo povo Baniwa.

 

Sendo assim, pode-se dizer que a atividade atingiu seu objetivo, que é contribuir para a população da região de Ourilândia do Norte, Tucumã e São Félix do Xingu, assim como de outros municípios próximos frequentados pelos Mẽbêngôkre , para que compreedam mais e valorizem a diversidade cultural existente no Pará e no Brasil, assim como respeite a cultura Mẽbêngôkre . Esse objetivo pode ser atingido mais especificamente, promovendo a sensibilização para a temática indígena através de oficina com conteúdo antropológico e indigenista voltada para os profissionais das áreas da saúde, educação escolar, e de outros setores que atuam ou convivem como povo Mẽbêngôkre nos municípios acima mencionados para que tenham elementos para qualificar-se e ter uma melhor abordagem em suas respectivas áreas de atuação.







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