Por André Richter - Repórter da Agência
Brasil - Brasília
O vice-procurador Eleitoral,
Paulo Gonet, defendeu hoje (22) a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no
processo que trata da divulgação de ataques ao sistema eletrônico de votação
durante reunião realizada em julho do ano passado, no Palácio da Alvorada.
Nesta manhã, o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) iniciou o julgamento da ação na qual o PDT
questiona a legalidade da reunião e acusa Bolsonaro de abuso de poder político
e uso indevido dos meios de comunicação.
Se o parecer do Ministério
Público Eleitoral (MPE) for acolhido pela Corte, Bolsonaro ficará inelegível
pelo prazo de oito anos e não poderá participar das próximas eleições.
No entendimento de Gonet,
Bolsonaro cometeu abuso de poder público por transformar o evento com
embaixadores em “ato eleitoreiro” para proferir discurso de “desconfiança e
descrédito” sobre as eleições de 2022.
“O evento foi deformado em
instrumento de manobra eleitoreira, traduzindo o desvio de finalidade”,
afirmou.
O procurador disse que foram
divulgadas informações falsas sobre as eleições por meio de transmissão do
evento nas redes sociais e pela TV Brasil, uma emissora pública.
“A reunião foi arregimentada
para que a comunidade internacional e os cidadãos brasileiros, por meio da
divulgação pela televisão e internet, fossem expostos a alegações inverídicas
para afetar a confiança no sistema de votação”, concluiu.
Após a manifestação de Gonet,
o julgamento foi suspenso e será retomado na
terça-feira (27).
PDT
Durante a sessão desta
quinta-feira (22), o advogado do PDT, Walber de Moura Agra, defendeu
a condenação do ex-presidente e afirmou que foram divulgados ataques inverídicos ao sistema eleitoral, como
insinuações de possibilidade de fraude e de falta de auditoria das urnas.
“Houve reunião com claro desvio
de finalidade para desmoralizar as instituições e de forma internacional.
Utilizou-se de bens públicos para finalidades eleitorais”, afirmou.
O que disse a defesa
Já o advogado de defesa do
ex-presidente, Tarcísio Vieira de Carvalho, disse que a reunião com
embaixadores ocorreu antes do período eleitoral, em 18 de julho, quando
Bolsonaro não era candidato oficial às eleições de 2022.
Carvalho argumentou que a reunião não teve viés eleitoral e foi
feita como “contraponto institucional”. Ele disse ainda que a ação de
investigação eleitoral não poderia ser proposta pelo partido, pois caberia
somente multa no caso de eventual reconhecimento de ilegalidade pelo uso da
máquina pública.
“O presidente, sim, talvez, em
um tom inadequado, ácido, excessivamente contundente, fez colocações sobre o
sistema eleitoral brasileiro, sobre aprimoramentos necessários sobre o sistema
de colheita de votos”, afirmou Tarcísio Carvalho.
Edição: Juliana Andrade