Uma das aldeias da TI Mãe Maria, que é cortada por linhão da Eletronorte, mas não tem energia de qualidade (Foto: )
O
Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio das Promotoras de Justiça
de Marabá, Josélia Leontina de Barros Lopes e Alexssandra Muniz Mardegan,
realizou uma reunião com o representante do Ministério Público Federal, Luís
Eduardo Araújo, nesta segunda-feira (19), para tratar da situação que vem se
arrastando ao longo de três décadas: a regularização das energias nas aldeias.
Apesar do linhão da Eletronorte passar pelas terras indígenas, as ligações são
feitas clandestinamente.
Participaram
representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Ricardo Totoré
e Marinaldo Farias; da Equatorial Energia, Yago Paixão; e da Eletrobrás, Rosana
Brandão e Giselle Cattanio, além da procuradora de Bom Jesus do Tocantins,
Denize Wiil e os advogados Cristiane Bline, Samuel Cardoso e Haroldo José e
Silva, representando as comunidades da Terra Indígena (TI) Mãe Maria,
juntamente aos caciques das referidas aldeias.
Inicialmente,
o encontro concentrou esforços para sensibilizar os indígenas a autorizar o Estudo
de Componente Indígena (ECI), para verificar os impactos que a linha de
transmissão de energia que passa pelas 28 aldeias indígenas que hoje estão
localizadas na TI Mãe Maria. Com a intervenção dos representantes do MPPA e
MPF, a FUNAI comprometeu-se a apresentar o plano inicial para que as empresas
iniciem os estudos de impacto e compensação ambiental, com a devida
regularização de energia da área, dentro de 60 dias.
A cacique
Katia Silene Vandenilson, que lidera o povo Akrãtikatêjê, disse à Reportagem
que seu povo foi expulso das proximidades do Rio Tocantins, em Tucuruí, por
causa da construção da barragem para produzir energia. Ironicamente, vieram
para um local onde um linhão da mesma Eletronorte causa muitos impactos e sem
lhes fornecer energia de qualidade. “Precisamos instalar máquinas para
beneficiar a castanha-do-pará e exportar, mas a Eletronorte não nos fornece a
energia com a qualidade que precisamos,” lamentou.
Outra
reunião será realizada em breve para a apresentação aos indígenas que acompanharão
todas as etapas do procedimento, acerca do cronograma e apresentação da equipe
técnica que irá preparar o referido estudo nas aldeias da TI Mãe Maria.