Durante
reunião com representantes do consórcio que está construindo a nova ponte
rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, em Marabá, o gestor da Secretaria
Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), Fábio Moreira, disse que, em
relação ao trânsito de veículos, é preocupante o projeto de acesso à nova ponte
dos dois lados – Nova Marabá e São Félix. Para ele, o primeiro ponto em
discussão é se a mineradora Vale entregará uma ponte ou um novo sistema viário
de trânsito, sendo necessário definir de quem é a obrigação do sistema. “O
gargalo não é a ponte, mas sim o trânsito,” advertiu.
O encontro
ocorreu na Câmara Municipal de Marabá nesta terça-feira (28), promovida pela
Comissão de Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá, que recebeu
representantes da Vale, do Consórcio Ponte Rio Tocantins (CPRT) e da Associação
Comercial e Industrial de Marabá (ACIM).
O
presidente da comissão, Miguelito (PDT), destacou que esse é o momento de
avançar e verificar sobre o andamento da obra, bem como a utilização da mão de
obra marabaense.
Coube a
Eduardo Meira, líder do consórcio, atualizar as informações sobre os serviços.
Ele falou dos investimentos locais e do compromisso firmado com a Vale para a
utilização de fornecimento do comércio e trabalhadores locais. “As empresas do
consórcio têm como premissa a responsabilidade social,” garantiu. O total de
investimento da obra é de R$ 4,1 bilhões e a parte do Consórcio é de R$ 1,6
bilhão.
Meira
salientou que 130 empresas foram homologadas dentro do sistema para
fornecimento de produtos e serviços. “Visualizamos 42 oportunidades para
empresas locais. Até o final de maio, já demandamos para 35 delas. Sobre a mão
de obra local, sentimos cobrança e temos como regra manter pelo menos 80% do
pessoal daqui da cidade. Atualmente temos 457 contratados, dos quais 377 são de
Marabá,” revelou.
Eduardo
Meira
Ele ainda
expôs que até o dia 16 de junho já foram contratados R$ 3.144.810,00 em valores
de fornecedores de Marabá. “A grande massa é de funcionários para realizar a
obra. A gente dá prioridade aos que residem na área diretamente afetada; grande
parte é de São Félix, Morada Nova e Nova Marabá. Temos aberto no Sine [Sistema
Nacional de Emprego] mais 262 postos de trabalho que estão à disposição. Já
abrimos para fazer coleta de currículos,” expôs.
Sobre o
cronograma de execução, Meira frisou se tratar de uma obra longa, e que no
próximo ano é que se espera o pico com cerca de 1.500 contratações de
trabalhadores. “Esse ano serão em torno de 700 pessoas”, antecipou.
Um dos
pontos mais questionados pelos vereadores foi sobre os acessos à ponte. De
acordo com eles, é necessário que se pense no trânsito e na mobilidade urbana,
em um novo sistema viário.
O
presidente do Poder Legislativo, Alecio Stringari (PDT), destacou a importância
do projeto para a cidade. “A preocupação da Casa é com a mão de obra local e
também com a valorização dos fornecedores de nossa cidade. Gostaria de saber
como é feita a concorrência de compra de material, se é aberta para o cenário
regional ou se é focada nas empresas cadastradas para a obra?”.
A vereadora
licenciada e presidente da Fundação Casa da Cultura, Vanda Américo (Cidadania),
também foi enfática e dura ao cobrar emprego para cidadãos marabaenses. A mão
de obra qualificada, afirma, também deve ser aproveitada e não apenas
trabalhadores braçais: “O pessoal faz graduação, mestrado, especialização e
essa oportunidade nunca chega. Vamos intimar a Vale para vermos essa questão do
preconceito. Entre os profissionais daqui e de fora eles dão preferência aos de
fora. É uma falta de respeito total, não dá mais para tolerar isso no contexto
atual”.
Miguelito
fez coro à crítica, citando a quantidade de alunos de cursos de Engenharia que
não são contratados pela Vale: “Quando a gente qualifica, vocês não contratam.
A Vanda reclama porque esta é a nossa revolta de muitos anos”.
O
representante do consórcio respondeu aos questionamentos dos parlamentares e
disse que a concorrência é padrão de mercado, dentro da responsabilidade social
da empresa. “Existem concorrências mais localizadas e outras que são abertas
para o Brasil inteiro. Temos cerca de 80% da mão de obra direta local. Nossa
mão de obra passa pelo Sine,” justificou.
Sobre o
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), ele afirmou que a previsão é
de que haja arrecadação municipal da ordem de R$ 75 milhões em quatro anos de
obras.