Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Brasil
Publicada em 03/07/23 às 06:35h - 116 visualizações
A um mês da Cúpula da Amazônia, Belém reunirá países membros da OTCA para discutir integração regional
Macron não confirmou presença ao saber que Maduro deve comparecer ao evento

Jornal O Niquel

Belém do Pará sediará a Cúpula da Amazônia em agosto  (Foto: )


Brasília – Enquanto 140 organizações assinam carta conjunta para participarem da Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que acontece em 8 e 9 de agosto, em Belém (PA). Se dá como certa a ausência, não confirmada, do presidente da França, Emmanuel Macron, convidado para juntar-se à cúpula. A Guiana Francesa, além de abrigar parte da Amazônia, constitui a principal fronteira do país europeu com qualquer outro território. O motivo seria a presença do ditador venezuelano Nicolás Maduro, cuja reabilitação internacional é um dos esforços diplomáticos do terceiro governo do presidente Lula.

O governo brasileiro marcou para o início de agosto a reunião, em Belém, que pretende reavivar a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que reúne os países com áreas amazônicas, e servirá para tentar definir uma posição única da região sobre desenvolvimento e combate à crise climática em foros internacionais.

Criada em 1995, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é formada por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Ela deve ser reativada após sinalizações positivas de Brasília, Bogotá e Caracas.

Brasil, Colômbia e Venezuela possuem, juntos, mais de 70% da floresta Amazônica. Para analistas, a agenda de cooperação ambiental na região deve dominar os debates de integração regional, principalmente porque pela primeira vez os três países são governados ao mesmo tempo por presidentes de esquerda, mais o socialista boliviano Luis Arce (Movimento ao Socialismo), eleito em 2020 pelo mesmo partido do ex-presidente daquele país Evo Morales.

A Bolívia exerce uma incomum influência na OTCA e vem mantendo no cargo de secretária geral, a advogada María Alexandra Moreira López, por anos, mesmo durante o governo de direita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O Brasil, inclusive, teria direito de indicar, no ano passado, o novo secretário geral, não o fez, antes e com a eleição do socialista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a diplomacia brasileira retirou a indicação do substituto da advogada María Alexandra, mulher de confiança de Evo Morales, que, ao que tudo indica, permanecerá no cargo. Isso significa que, embora haja a regra de rodízio na direção da organização entre seus países membros, o Brasil deu de ombros para dirigir os rumos da entidade.

A OTCA é duramente criticada pela falta de transparência na aplicação dos recursos repassados para projetos geridos pela entidade. Notícias de pessoas a par das ações da OTCA, listaram problemas não apenas de transparência na gestão, mas de sérios problemas internos em razão do modo Alexandra de dirigir, com mão de ferro, a organização.

Coincidência ou não, é incomum que o próprio site da OTCA não tenha publicada, até o fechamento dessa reportagem, uma única palavra sobre o evento que está sob sua responsabilidade.

Na chamada Cúpula da Amazônia, a reunião presidencial deverá discutir temas comuns na área ambiental e de direitos humanos da região.

A informações são escassas sobre o evento, vazou que, com a Venezuela, por exemplo, o Brasil pretende tratar da situação do povo yanomami. Com Peru e Colômbia, do crime transfronteiriço, que ganhou visibilidade com os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

A intenção é levar as conclusões da cúpula, com o estabelecimento de uma agenda comum, para a Assembleia-Geral das Nações Unidas, que ocorre em setembro, em Nova York. Tradicionalmente o presidente do Brasil abre o evento proferindo o primeiro discurso.

Antes da cúpula amazônica, o presidente Luiz Inácio Lula avalia participação em outro encontro de líderes estrangeiros. Trata-se de uma reunião trilateral, em Kinshasa, com o Congo e a Indonésia. Lula agendou mais três viagens internacionais para o mês de julho.

Brasil, Congo e Indonésia abrigam as maiores florestas tropicais do planeta. Esse encontro foi proposto pelo presidente congolês, Dennis Sassou N’Guesso, mas Lula ainda não confirmou presença. O Itamaraty tenta encaixar a data na agenda presidencial.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.






















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