Belém do Pará sediará a Cúpula da Amazônia em agosto (Foto: )
Brasília – Enquanto 140
organizações assinam carta conjunta para participarem da Cúpula da Organização
do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que acontece em 8 e 9 de agosto, em
Belém (PA). Se dá como certa a ausência, não confirmada, do presidente da França,
Emmanuel Macron, convidado para juntar-se à cúpula. A Guiana Francesa, além de
abrigar parte da Amazônia, constitui a principal fronteira do país europeu com
qualquer outro território. O motivo seria a presença do ditador venezuelano
Nicolás Maduro, cuja reabilitação internacional é um dos esforços diplomáticos
do terceiro governo do presidente Lula.
O governo
brasileiro marcou para o início de agosto a reunião, em Belém, que pretende
reavivar a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que reúne os
países com áreas amazônicas, e servirá para tentar definir uma posição única da
região sobre desenvolvimento e combate à crise climática em foros
internacionais.
Criada em
1995, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é formada por
Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Ela
deve ser reativada após sinalizações positivas de Brasília, Bogotá e Caracas.
Brasil,
Colômbia e Venezuela possuem, juntos, mais de 70% da floresta Amazônica. Para
analistas, a agenda de cooperação ambiental na região deve dominar os debates
de integração regional, principalmente porque pela primeira vez os três países
são governados ao mesmo tempo por presidentes de esquerda, mais o socialista
boliviano Luis Arce (Movimento ao Socialismo), eleito em 2020 pelo mesmo
partido do ex-presidente daquele país Evo Morales.
A Bolívia
exerce uma incomum influência na OTCA e vem mantendo no cargo de secretária
geral, a advogada María Alexandra Moreira López, por anos, mesmo durante o
governo de direita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O Brasil, inclusive,
teria direito de indicar, no ano passado, o novo secretário geral, não o fez,
antes e com a eleição do socialista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a
diplomacia brasileira retirou a indicação do substituto da advogada María
Alexandra, mulher de confiança de Evo Morales, que, ao que tudo indica,
permanecerá no cargo. Isso significa que, embora haja a regra de rodízio na
direção da organização entre seus países membros, o Brasil deu de ombros para
dirigir os rumos da entidade.
A OTCA é
duramente criticada pela falta de transparência na aplicação dos recursos
repassados para projetos geridos pela entidade. Notícias de pessoas a par das
ações da OTCA, listaram problemas não apenas de transparência na gestão, mas de
sérios problemas internos em razão do modo Alexandra de dirigir, com mão de
ferro, a organização.
Coincidência
ou não, é incomum que o próprio site da OTCA não tenha
publicada, até o fechamento dessa reportagem, uma única palavra sobre o evento
que está sob sua responsabilidade.
Na chamada
Cúpula da Amazônia, a reunião presidencial deverá discutir temas comuns na área
ambiental e de direitos humanos da região.
A
informações são escassas sobre o evento, vazou que, com a Venezuela, por
exemplo, o Brasil pretende tratar da situação do povo yanomami. Com Peru e
Colômbia, do crime transfronteiriço, que ganhou visibilidade com os
assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
A intenção
é levar as conclusões da cúpula, com o estabelecimento de uma agenda comum,
para a Assembleia-Geral das Nações Unidas, que ocorre em setembro, em Nova
York. Tradicionalmente o presidente do Brasil abre o evento proferindo o
primeiro discurso.
Antes da
cúpula amazônica, o presidente Luiz Inácio Lula avalia participação em outro
encontro de líderes estrangeiros. Trata-se de uma reunião trilateral, em
Kinshasa, com o Congo e a Indonésia. Lula agendou mais três viagens
internacionais para o mês de julho.
Brasil,
Congo e Indonésia abrigam as maiores florestas tropicais do planeta. Esse
encontro foi proposto pelo presidente congolês, Dennis Sassou N’Guesso, mas
Lula ainda não confirmou presença. O Itamaraty tenta encaixar a data na agenda
presidencial.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.