Cada beneficiário do programa terá direito a quatro passagens de avião, cada uma a R$ 200, por ano (Foto: )
Em
entrevista ao programa radiofônico A Voz do Brasil, o ministro dos Portos e
Aeroportos, Márcio França, acredita que o Voa Brasil, programa do governo
federal para compra de passagens aéreas com descontos, deve começar a funcionar
em agosto. Cada pessoa terá direito a quatro passagens, cada uma a R$ 200, por
ano.
França
disse que o desconto será dado a quem não realizou voos domésticos nos últimos
12 meses, detalhou parte das medidas e falou sobre as negociações com as
empresas para a implantação.
O programa
Voa Brasil, de venda de passagens aéreas por até R$ 200, terá um aplicativo no
qual o consumidor poderá se cadastrar e ser beneficiado com o valor menor. A
ideia, segundo ele, é ampliar o público a ser atendido pelas aéreas para além
dos que já viajam de avião habitualmente.
“Nós vamos
criar um mecanismo novo, que é um aplicativo, que você vai digitar o seu CPF e
se você não voou nos últimos 12 meses, você escreve lá: ‘eu quero ir de
Brasília a Manaus’, aí vai te dar todas as opções, que é sempre por um único
valor de R$ 200; R$ 200 de ida e R$ 200 de volta.”
O
público-alvo do Voa Brasil inclui aposentados, pensionistas e estudantes ou
pessoas que possuam renda de até R$ 6.800. O limite seria para evitar que
usuários recorrentes de voos comerciais utilizem o programa e comprometam as
vendas das empresas.
Na
entrevista, o ministro afirmou que a intenção é incentivar novas pessoas a
voarem. Segundo ele, as empresas aéreas acabam elevando o valor das passagens,
tentando tirar o máximo dos que voam habitualmente. O motivo é que, como
público da ponte aérea acaba sendo o mesmo, não há uma expansão do negócio.
“As
empresas, elas acabam aumentando os preços tentando tirar o máximo de quem já
voa. E isso é um equívoco, porque você fica rodando a mesma coisa nas mesmas
pessoas”, explicou.
França
detalhou que o programa é uma resposta a um pedido do presidente Lula, que
solicitou a ele trazer para o país empresas aéreas low cost, com
voos de baixo valor. Antes, porém, o ministro procurou as maiores companhias do
país para propor o programa, como forma de incentivar os negócios e manter os
cerca de 15 mil empregos atuais dessas empresas.
“O
presidente Lula me pediu para trazer para cá, para o Brasil, o que a gente
chama de low cost, que são empresas que voam mais barato, e nós
estamos trazendo. Elas vão chegar ainda neste ano aqui. Mas eu achei justo
avisar as três empresas que fazem no Brasil, que têm 10, 15 mil funcionários”,
falou.
“Olha, nós
vamos trazer [empresas] low cost, vocês [aéreas que já operam no país] não
querem aproveitar e fazer um preço mais barato antes que elas cheguem?”, foi o
que o ministro afirmou ter dito às companhias. “Quando elas chegarem, elas vêm
arrasando, fazem um preço muito mais barato. E elas [empresas do Brasil]
toparam”, contou ele, sobre a negociação com as aéreas brasileiras.
Em março
deste ano, França afirmou que, de acordo com seus cálculos, seria possível
oferecer de 14 milhões a 15 milhões de passagens a R$ 200 por ano. O governo
ainda pretende oferecer parcelamento em 12 prestações sem juros para
impulsionar o programa.
O programa
visa vender os assentos vagos de voos que não consegue ocupar toda a aeronave,
gerando uma demanda ociosa de oferta. Nos meses de março a novembro, estima-se
que aproximadamente 21% dos assentos não são ocupados, informou o ministro, de
acordo com o levantamento de sua equipe.
Segundo
França, o atual modelo de negócio das companhias aéreas é equivocado por
encarecer o custo de viagem com tarifas e serviços adicionais e impede que
novos usuários possam ter acesso à modalidade.
As três
principais companhias aéreas brasileiras – Latam, Gol e Azul – já aceitaram
participar do programa de barateamento de passagens, de acordo com o ministro.
Outra
consequência do programa seria o impacto no setor de turismo. A equipe do
ministério ainda está levantando os dados, mas o setor seria um dos mais
impactados.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.