Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Brasil
Publicada em 18/07/23 às 18:21h - 353 visualizações
Censo alterará número de vereadores em 46 cidades do Pará
Seis cidades são obrigadas a diminuir o número de vagas, 40 podem optar por aumentar e 98 não serão alteradas

Jornal O Niquel

Sede da Câmara dos Vereadores de Parauapebas  (Foto: )


Uma das consequências diretas do Censo 2022, concluído pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que atualizou os dados populacionais dos municípios brasileiros, permite a expansão opcional do número de vagas de Câmaras Municipais em mais 198 cidades. Outras 572 já poderiam ter aumentado a quantidade de vagas em pleitos anteriores, independentemente do novo Censo, de acordo com a Constituição de 1988.



Reportagem especial do Blog do Zé Dudu, cruzou os dados oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e levantou a situação dos 144 municípios do estado do Pará. Confira:

• Seis municípios perderão 12 vagas;

• Quarenta municípios ganharão 94 vagas e

• Noventa e oito não terão alteração no número de vagas.

Municípios que perdem vagas

Vereadores

Novo teto

Observação *

Santana do Araguaia

15

13

Pode reduzir vagas após o Censo

Cachoeira do Piriá

13

11

Pode ampliar vagas após o Censo

Eldorado do Carajás

13

11

Pode ampliar vagas após o Censo

Goianésia do Pará

13

11

Pode ampliar vagas após o Censo

Placas

13

11

Pode ampliar vagas após o Censo

Bonito

11

9

Pode ampliar vagas após o Censo

Total

6

– 12

 

 

 

 

 

Municípios que ganham vagas

Vereadores

Noto teto

Observação *

Santarém

21

23

Pode ampliar vagas após o Censo

Bragança

17

19

Pode ampliar vagas após o Censo

Abaetetuba

15

19

Poderia ter 19 hoje

Altamira

15

19

Poderia ter 17 hoje

Barcarena

15

19

Poderia ter 17 hoje

Cametá

15

19

Poderia ter 17 hoje

Itaituba

15

19

Poderia ter 17 hoje

Marituba

15

17

Poderia ter 17 hoje

Moju

15

17

Pode ampliar vagas após o Censo

Parauapebas

15

21

Poderia ter 19 hoje

Redenção

15

17

Pode ampliar vagas após o Censo

Acará

13

15

Poderia ter 15 hoje

Baião

13

15

Pode ampliar vagas após o Censo

Canaã dos Carajás

13

15

Pode ampliar vagas após o Censo

Novo Repartimento

13

15

Poderia ter 15 hoje

Paragominas

13

17

Poderia ter 17 hoje

Tailândia

13

15

Poderia ter 15 hoje

Tucuruí

13

17

Poderia ter 17 hoje

Vigia

13

17

Poderia ter 17 hoje

Viseu

13

15

Poderia ter 15 hoje

Xinguara

13

15

Pode ampliar vagas após o Censo

Óbidos

13

15

Pode ampliar vagas após o Censo

Afuá

11

13

Poderia ter 13 hoje

Anapu

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Bagre

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Benevides

11

15

Poderia ter 15 hoje

Curralinho

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Gurupá

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Ipixuna do Pará

11

13

Poderia ter 15 hoje

Mãe do Rio

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Novo Progresso

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Oeiras do Pará

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Prainha

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Ulianópolis

11

13

Pode ampliar vagas após o Censo

Aveiro

9

11

Poderia ter 11 hoje

Nova Esperança do Piriá

9

11

Poderia ter 11 hoje

Ourém

9

11

Poderia ter 11 hoje

Senador José Porfírio

9

11

Pode ampliar vagas após o Censo

São Domingos do Capim

9

13

Poderia ter 11 hoje

Vitória do Xingu

9

11

Pode ampliar vagas após o Censo

Total

40

+ 94

 

*Fontes: IBGE e TSE. Dados consultados em 18.jul.2023

De modo geral, a previsão é que haja um corte total de 278 vereadores no agregado dos municípios brasileiros. Essa redução é obrigatória, enquanto a ampliação nas demais cidades é facultativa.



Isso acontece porque a Constituição determina um número máximo para a composição das casas legislativas com base na população. O teto é de nove vereadores, por exemplo, nas cidades com até 15 mil habitantes. O limite chega a 55 naquelas com mais de 8 milhões de moradores — caso apenas de São Paulo. Veja abaixo o gráfico.



Fonte: Constituição Federal

Regra para o aumento de vagas nas Câmaras Municipais

Para haver mudança na oferta de vagas em 2024, é necessário que os próprios vereadores aprovem alteração na lei orgânica de cada município até a data final das convenções partidárias, a ser definida pelo TSE no calendário eleitoral.

Em nota, o TSE já se manifestou esclarecendo que não cabe à Justiça Eleitoral definir o número de representantes de cada cidade, por decisão anterior do Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme o novo Censo, a quantidade de cadeiras deverá cair de 39 para 37 no Recife, e de 36 para 35 em Porto Alegre, enquanto que Belém e Marabá, ambas no Pará, não sofrerão alteração, de acordo com esse critério.

Nos municípios onde haverão redução obrigatória do número de vagas, o corte preocupa alguns vereadores, pois as chances de reeleição podem diminuir junto com o número de gabinetes em disputa.

Fora das capitais, a maior cidade nessa situação é Mossoró (RN). O município de 264 mil habitantes tem 23 vereadores e deverá retirar duas cadeiras do plenário a partir da próxima legislatura.

Mossoró é um dos vários exemplos de cidades onde os vereadores se basearam nas projeções populacionais do IBGE para 2019 e 2020, e não no Censo de 2010, como argumento para criar vagas antes do último pleito.

“O presidente Lawrence Amorim (Solidariedade) já se posicionou no sentido de cumprir o que determina a Constituição para as próximas eleições”, informou em nota a Câmara da cidade potiguar.

No sentido oposto, os dados do recente Censo possibilitam o aumento facultativo do número de vereadores em mais 198 cidades brasileiras. No Pará, a cidade de Parauapebas teve um crescimento espetacular e poderá aumentar seis vagas no pleito de 2024, se a os vereadores atuais aprovarem uma lei para isso.

É o mesmo caso de Extremoz (RN), cuja população subiu de 24,5 mil na década passada para 61,6 mil. Com isso, o plenário poderá ganhar quatro cadeiras, totalizando até 15 vereadores na próxima legislatura.

Se todas essas Câmaras decidirem adotar os novos tetos, hipoteticamente, o impacto será de 402 vereadores somados aos 2.452 atuais nessas localidades.

Além das cidades que mudaram de prateleira, outras 572 já podiam criar novas vagas desde a década passada, ou seja, abriram mão do aumento por razões não relacionadas ao Censo e ao limite legal.

O incremento total na soma desses municípios chegaria a 2.070 novos vereadores se todas as Câmaras decidissem aderir ao teto: um impacto de até 3,6% em relação aos 58.114 vereadores atualmente em exercício no país.

Nessa lista de 572 cidades aparecem Curitiba (PR), Maceió (AL), Aracaju (SE), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Vitória (ES) e Palmas (TO). Entre essas capitais, o acréscimo mais expressivo poderia ocorrer na capixaba, com até oito vereadores além dos 15 atuais.

Em Aracaju, a Câmara deve votar em agosto o aumento de 24 para 26 vagas: uma abaixo do máximo permitido, para evitar a necessidade de reforma física no edifício. O presidente Ricardo Vasconcelos (Rede) vê clima favorável entre os pares para a mudança.

Em João Pessoa, os vereadores já haviam aprovado a ampliação de 27 para 29 cadeiras a partir da próxima legislatura antes mesmo da divulgação do Censo, baseando-se em prévia divulgada pelo IBGE no fim do ano passado.

A ampliação das vagas nas Câmaras é opcional porque a lei não estipula o mínimo e, sim, o máximo de vereadores. Itaú de Minas (MG), por exemplo, tem apenas sete nesta legislatura.

Uma das situações mais chamativas é a de Nova Iguaçu (RJ). A Câmara da cidade poderia ter até 29 representantes desde a década passada, mas conta com apenas 11.

A mineira Itajubá é outro caso incomum. Depois de aumentar o plenário de 10 para o máximo de 17 vagas na eleição de 2016, o Legislativo municipal cedeu à pressão popular contra o aumento dos gastos públicos e recuou para 11 no último pleito.

A maioria das cidades brasileiras (4.658, ou 84%) já elege o máximo de vereadores permitido pela lei e não teve o teto alterado pelo novo Censo.

Os vereadores precisam seguir a Constituição à risca no caso da redução de vagas imposta pelo teto, enquanto o aumento das cadeiras é opcional.

As Câmaras poderão, por exemplo, contestar a metodologia do Censo, que vem sendo alvo de alguns questionamentos. É quase certo que muitos municípios entrem ações com relação às reduções, opinam especialistas ouvidos pela reportagem.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.




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