Bancada do Pará e Governo do Estado não conseguem mudar status de almoxarifado do Brasil, e o preço da energia elétrica é só um exemplo (Foto: )
Política & Governos
Tempo e
destino
A dura
realizada do paraense saber que a sua classe política não consegue mudar o
status de almoxarifado do Brasil, destinado ao Pará desde proclamação da
República, se dá na prática com vários exemplos que poderiam ser mostrados, e
serão, mas como o espaço é pequeno para lista tão extensa, ele será dividido
nesta e em futuras edições.
A hora é
agora
A semana
reservou dois fatos da maior relevância para o Pará. Um com incidência direta e
a outro, indireta.
O pesadelo
dos paraenses
Cantada em
prosa verso, a conta de energia elétrica, pesadelo do paraense, saiu da
subjetividade do temor de uma noite mal dormida, um pesadelo, para a dura
realidade da vida: depois de toda a gritaria, o que seria 16% de aumento, caiu
para 11%, mesmo assim, tornando o Estado do Pará o campeão isolado da tarifa de
energia elétrica mais cara do país e uma das mais caras do mundo.
Reação
tardia
Como todos
sabemos, houve gritos, caras feias, discursos inflamados, publicações a cansar
de ver em redes sociais, de protestos e pedidos de providências. De nada
adiantou. A Aneel concedeu o aumento pedido pela Equatorial Pará e não adianta
chorar: paga a conta ou fica sem energia.
Leite
derramado
Com o leite
derramado e Inês morta, pouco resta a fazer a não ser o corre-corre de sempre
da classe política em convocar audiências públicas; liderar caminhadas de
protestos em vistosos caminhões — isso nenhum deputado fez —; impetrar ações
protelatórias na Justiça, que resultam em nada.
É duro, muito mais duro ainda, como vai ficar o bolso do paraense depois desse
aumento.
Audiência
em Belém
Diante do
fracasso da tentativa de apelar à justiça, os deputados estaduais trataram
rapidamente de promover, na Assembleia Legislativa do Pará, na quarta-feira
(23), audiência pública para tratar do assunto. O que se viu? A repetição de
sempre. Que a região, apesar de ser o segundo maior produtor de energia
elétrica, enfrenta uma das tarifas mais elevadas em comparação com os demais
estados do país, etc…
É ele!
Nessas
situações, a primeira providência é achar um culpado e os deputados rapidamente
apontaram um culpado. Para a representação estadual no Pará, o problema é o
modelo tributário utilizado na produção da energia elétrica. “A energia
elétrica é taxada no consumo e não na produção, e isto beneficia os Estados da
Região Sul e Sudeste que são os mais industrializados, prejudicando o Norte”,
avaliou o deputado Eliel Faustino.
Deputado
estadual Eliel Faustino — Foto: Ozéas Santos (AID/Alepa)
Solução
Faustino
defendeu a mudança no ordenamento jurídico, para permitir que o Pará seja
ressarcido, através da cobrança pela produção da energia elétrica, que é
resultado da utilização de um recurso natural, que são as águas dos rios. “Este
tributo seria uma forma de combater a desigualdade existente com a atual
política tarifária da energia elétrica.”
Gatos
Reportagem
especial publicada pelo Blog do Zé Dudu (leia aqui),
esclarece que o principal motivo do qual a Equatorial Pará lançou mão para
justificar e convencer a Aneel para autorizar o aumento, foram “razões técnicas
e os maiores índices de furtos no fornecimento do serviço”, os famosos “gatos”.
Deputado
estadual Thiago Araújo — Foto: Celso Lobo (AID/Alepa)
Fiscalização
O deputado
Thiago Araújo (Cidadania-PA) defendeu o restabelecimento de um convênio entre a
Aneel e a governo do Estado, por meio da Arcon, para a realização do processo
de fiscalização dos serviços prestados pela concessionária, para que a
população possa ter um serviço de mais qualidade. “Até porque se paga um preço
abusivo, caro, dentro de um Estado que produz muita energia e que esse custo
retira um percentual expressivo da renda do povo paraense”.
Entretanto, a sugestão do deputado não altera o preço da energia, que é o que
interessa.
Bancada do Pará
Audiência
em Brasília
Na
quinta-feira (24), foi a vez de Brasília. A Comissão de Minas e Energia da
Câmara dos Deputados discutiu o recente aumento da tarifa de energia elétrica
no Pará. O deputado Júnior Ferrari (PSD-PA), que pediu a realização do debate,
afirma que o reajuste proposto ficou em 18,32% para os consumidores
residenciais, 18,55% para consumidores de baixa tensão e 10,63% para
consumidores de alta tensão. “A implementação desse aumento tarifário
transformará o Pará no estado com a maior tarifa de energia elétrica”, criticou
Ferrari.
Audiência
Pública – Recente aumento abusivo da tarifa de energia elétrica do Pará.
Diretor Geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, Sandoval Feitosa. No
centro, o dep. fed. Rodrigo de Castro (União-MG) e na direita, o dep. fed. Junior
Ferrari (PSD-PA) — Foto: Bruno Spada/Ag. Câmara
Resultado?
Júnior
Ferrari chamou vários convidados para a audiência (veja quem aqui). Todos
compareceram e falaram.
Segundo o deputado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reduziu as
tarifas de dez distribuidoras em julho. “No Pará, a agência optou por esse
aumento descabido”, lamentou o parlamentar, ressaltando que o reajuste é muito
superior à inflação acumulada no período, mas sabem o que aconteceu?
— Nada.
Sabem o que vai acontecer?
— Nada.
Ministros
do Supremo Tribunal Federal em sessão
Mudanças
A outra
notícia quente da abertura da Coluna e de impacto indireto no Pará é a decisão
do Supremo Tribunal Federal (STF), que formou maioria para determinar que o
Congresso deve recalcular o número de deputados a que cada estado tem direito.
Sete ministros concordaram que a redistribuição de vagas deve ser feita até
junho de 2025. Caso isso não seja feito pelos parlamentares nesse prazo, a
tarefa caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Julgamento
termina nesta sexta-feira (25)
O
julgamento está ocorrendo no plenário virtual e está programado para terminar
na noite desta sexta-feira (25). O voto do relator, ministro Luiz Fux, foi
seguido por Gilmar Mendes, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Rosa Weber, Cármen
Lúcia e Alexandre de Moraes. Até agora, nenhum ministro foi contra.
Se não
fizer,…
O STF
decidiu que o Congresso deve editar uma lei complementar até 30 de junho de
2025 para que o número de deputados federais seja adequado à proporção da
população atual de cada estado.
…eu faço!
Caso o
Congresso não faça isso até esse prazo, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
teráque determinar, até 1º de outubro de 2025, o número de deputados de cada
estado e do Distrito Federal — tanto os federais como os estaduais e distritais
— para a legislatura que se iniciará em 2027.
Projeção
O Blog publicou matéria sobre o assunto com uma projeção feita pelo Diap
(Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), que aponta para
mudanças na atual distribuição das 513 cadeiras das Câmara, com perdas de vagas
em sete estados e ganhos em outros sete. Veja aqui.
Congresso
Ordem do
Dia
O
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), confirmou que a
votação da urgência e do mérito do projeto de lei (PL nº 334/2023) que prorroga
a desoneração da folha de pagamento de setores que mais empregam no país será
marcada para a próxima terça-feira (29).
O texto estende por mais 4 anos, até 2027, o benefício para 17 setores da
economia.
Senador
Plínio Valério (PSDB-AM) — Foto: Jefferson Rudy/Ag. Senado
CPI das
ONGs I
Presidente
da CPI das ONGs, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou, na quarta-feira
(23), que organizações não governamentais financiadas com dinheiro
internacional atuam na Amazônia para “isolar” a região e gerar pobreza. Segundo
Plínio, que falou da Tribuna do Plenário do Senado, o objetivo seria usar o Brasil
como uma espécie de “despensa” de recursos naturais para o futuro. O senador
apontou que a preservação da floresta não é positiva para os brasileiros.
CPI das
ONGs II
“Essas ONGs
trabalham para isolar a Amazônia, querem fazer da Amazônia, como já fizeram e
vão fazer muito mais, uma despensa enorme de recursos naturais para, quando as
futuras gerações precisarem, poderem dela se utilizar. A outra forma é para o
Brasil não explodir em produção de alimentos e na mineração. […] Não é justo a
gente pisar em ouro e dormir na tempestade, não é justo. O meu Amazonas, que
preserva 97% da floresta, tem 62% de sua população vivendo abaixo da linha da
pobreza”, protestou.
CPI das
ONGs III
O senador também denunciou uma suposta relação promíscua entre ONGs e poder público,
que atuariam a serviço do capital internacional. “De forma que hoje quem manda
no Ibama, na Funai e no Incra não é o Lula. Quem manda lá são as ONGs. Dinheiro
internacional que entra, dinheiro que falta para dar o aumento de vocês, sobra
para essas ONGs através do Fundo da Amazônia ou de ONG que recebe 30, 40, 50
milhões e não presta conta”, complementou.
Do lado do governo, o deboche é grande e já falam que será mais uma CPI que vai
acabar em pizza.
A relatora,
Soraya Thronicke, defendeu a aprovação da proposta na Comissão de Agricultura.
A esquerda, o senador Sergio Moro e a direita, o senador Zequinha Marinho —
Foto: Marcos Oliveira/Ag. Senado
Marco
temporal vai à CCJ
A Comissão
de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) aprovou o projeto de lei que estabelece
um marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Foram 13 votos a favor
e 3 contrários ao PL 2.903/2023. A reunião foi comandada pelo presidente da
CRA, senador Alan Rick (União-AC).
Governo
perdeu mais uma
A proposta,
que ficou mais conhecida como PL 490/2007, foi aprovada pela Câmara dos
Deputados no final de maio, após tramitar por mais de 15 anos. Na CRA, o
projeto recebeu voto favorável da relatora, senadora Soraya Thronicke
(Podemos-MS), e agora segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ). Em seguida, caberá ao Plenário votar a decisão final.
Rejeição
A relatora
rejeitou as dez emendas apresentadas por senadores do governo. Soraya Thronicke
disse estar “convicta de que a data da promulgação da Constituição federal, de
5 de outubro de 1988, representa parâmetro apropriado de marco temporal para
verificação da existência da ocupação da terra pela comunidade indígena”.
O Congresso Nacional tem pressa para aprovar a matéria antes da interferência
do STF, que está julgando a matéria.
De volta na
semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias
que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui
no Blog do Zé Dudu.
* Val-André Mutran – É correspondente doBlog do Zé Dudu em Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
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