Manifestação de Indígenas contra o marco temporal, na Esplanada dos Ministérios (Foto: )
Após o
prazo de pedido de vista do ministro André Mendonça, o Supremo Tribunal Federal
(STF) retomou nesta quarta-feira (30), o julgamento sobre o marco temporal da
demarcação de terras indígenas. Até agora, há dois votos contrários e um
favorável à tese de que os indígenas só têm direito às terras que já estivessem
ocupando na data de promulgação da Constituição de 1988.
O
julgamento foi iniciado em 2021. Na época, o relator, Edson Fachin, foi contra
a tese do marco temporal e afirmou que os direitos territoriais dos indígenas
existem antes da promulgação da Constituição. Em seguida, Nunes Marques votou
no sentido contrário. Para o ministro, sem o marco temporal a expansão das
terras indígenas poderia ocorrer “infinitamente”.
Em seguida,
ocorreu o primeiro pedido de vista, feito pelo ministro Alexandre de Moraes e o
julgamento só foi retomado em junho deste ano. No reinício, o ministro também
se posicionou contra a tese, mas defendeu que quem comprou de “boa-fé” uma
terra originalmente indígena deve receber uma indenização. André Mendonça,
então, pediu vista.
Há dúvida
sobre qual será o posicionamento do novato Cristiano Zanin, que na sequência de
votação vem logo após Mendonça. Primeiro indicado de Lula ao STF em seu
terceiro mandato, o ministro frustrou parte da base do presidente por votos que
têm sido considerados contrários às pautas progressistas. Na semana passada, o
mais novo magistrado se posicionou contra a descriminalização do porte de
drogas para consumo pessoal. A interlocutores, o ministro não tem dado detalhes
sobre seu voto.
Na
terça-feira (29), véspera do julgamento, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia
Guajajara, se reuniu com Zanin em seu gabinete. Após o encontro, a pasta
divulgou uma nota oficial em que afirmou que a ministra demonstrou preocupação
com o julgamento na Corte. No comunicado, Guajajara defendeu que o STF é
“fundamental para a defesa e garantia dos direitos constitucionais dos povos
indígenas”. A ministra não se manifestou sobre os posicionamentos de Zanin.
Como o Blog
do Ze Dudu publicou mais cedo, há um incômodo dos senadores
ligados ao agronegócio com o posicionamento do presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), que sinalizou que vai esperar a decisão do STF sobre o tema
para retomar a tramitação da matéria na Casa. A Câmara dos Deputados já aprovou
o projeto.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em Brasília.