Deputado federal Keniston Braga (MDB-PA), José Fernando Aparecido de Oliveira presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) e o deputado federal Zé Silva (Solidariedade-MG), em solenidade no Ministério de Mina (Foto: )
Prefeitos
de municípios mineradores e a Associação dos Municípios Mineradores de Minas
Gerais e do Brasil (Amig) exigiram a imediata intervenção dos órgãos
competentes para restabelecer, em sua plenitude, as prerrogativas
constitucionais da Agência Nacional de Mineração (ANM). A denuncia foi o tema
que tomou conta do evento realizado em Brasília, organizado para discutir os
rumos da mineração no país.
Os
prefeitos cobraram do ministério de Minas e Energia, dos congressistas e da
Justiça solução para o sucateamento da agência reguladora da mineração e o fim
do descaso com os históricos problemas de dívidas e insegurança que impactam a
população, em razão da impossibilidade da ANM finalizar os cálculos que lhe
competem para os repasses devidos dos royalties da exploração mineral, retorno
do impacto da atividade na cidade, conhecido como Compensação Financeira pela
Exploração Mineral (Cfem).
Se antes os
municípios mineradores se preocupavam com o futuro das cidades após o fim da
exploração mineral em seus territórios, agora a situação é real e traumática.
Prefeitos alertam para a falência da ANM, que deixa a atividade no Brasil
solta, sem a devida regulação e com fiscalização precária, sujeita a toda sorte
de sonegação, clandestinidade e insegurança para a população de municípios
mineradores, enquanto as jazidas minerais se esvaem. As administrações
municipais denunciam que essa situação caótica está impedindo até mesmo o
recebimento dos royalties da exploração mineral a que tem direito as cidades.
Liderados
pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG),
prefeitos das principais regiões minerárias estiveram em Brasília para
participar do evento. Cobraram do Ministério de Minas e Energia, investimentos
em pessoal, infraestrutura e em modernização do sistema e equipamentos para a
Agência Nacional de Mineração (ANM). A AMIG quer o fortalecimento da ANM em
igualdade com as demais agências reguladoras das áreas ligadas ao Ministério de
Minas e Energia (como ANA, Aneel, ANP) para promover um olhar firme de
regulação e fiscalização no setor, sobretudo em relação à segurança e às
dívidas de royalties da mineração que as empresas mineradoras não pagam
devidamente. Os prefeitos saíram da reunião sem uma definição satisfatória.
Decidiram ampliar a cobrança a outras instâncias do governo federal, do
Congresso Nacional e do Judiciário.
Dívida bilionária
A
Constituição de 1988 (artigo 20, § 1º) definiu a criação da Cfem – Compensação
Financeira pela Exploração Mineral – que é devida aos Estados, ao Distrito
Federal, aos municípios mineradores e afetados pela atividade e aos órgãos da
administração da União, como uma compensação pela utilização econômica dos
recursos minerais em seus respectivos territórios. Os recursos da CFEM devem
ser destinados à saúde, educação, infraestrutura e melhoria da qualidade
ambiental. A Amig denuncia que uma grande parte das mineradoras que atuam no
país não pagam devidamente a Cfem e agem à margem da lei. Afirmam que o governo
federal, por meio da Anm, não fiscaliza adequadamente, as empresas se
autorregulam e repassam os recursos que acham que devem pagar.
Reforma Tributária
O tema da
Reforma Tributária também está na pauta dos municípios mineradores. Os
prefeitos reclamam do sufocamento promovido pela chamada Lei Kandir (LC nº
87/1996), que desde o governo Fernando Henrique Cardoso, isenta de ICMS
diversas atividades de exportação, entre elas a mineração, que é um bem não
renovável. Na época, a Lei Kandir buscava incentivar as exportações. Com os
novos desafios, gestores municipais querem mudanças para que a principal
atividade econômica das suas cidades possa gerar arrecadação compatíve
“A
mineração representa 4% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Não podemos
continuar com um modelo que só favorece as exportações das empresas mineradoras
e estrangula a gestão municipal, sem recursos para desenvolver políticas
públicas para a sua população”, apela o presidente da AMIG, José Fernando
Aparecido Oliveira, prefeito de Conceição do Mato Dentro (MG).
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em Brasília.