Com as
grandes empreiteiras nacionais em dificuldades após a operação Lava Jato, as
chinesas CCCC e CRCC construirão uma das maiores pontes da América Latina.
Ambas lideram o consórcio, com 50% de participação cada, e negociam uma linha
de financiamento de longo prazo com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) para ajudar no financiamento da obra, avaliada em R$ 9
bilhões. Pelo lado da CRCC, são sócios a CRCC International Investments (28,57%
de participação) e a CR20 (21,43%).
A ponte, de
12,4 km de extensão, ligará o porto de Salvador (BA) à ilha de Itaparica, maior
que a Rio-Niterói, que tem 8,8 km, desconsiderando as vias de acesso. O governo
da Bahia já conseguiu US$ 150 milhões em financiamentos do CAF (Banco de
Desenvolvimento da América Latina).
No BNDES, a
linha em discussão seria de, no mínimo, US$ 500 milhões para a primeira etapa
do projeto. No BNB, uma carta de intenção de R$ 3 bilhões em crédito já foi
aprovada, segundo o consórcio. A situação expõe uma das dificuldades do Novo
PAC, cujas obras exigirão capacidade financeira das empreiteiras nacionais.
Aquelas que
possuem expertise para conduzir as obras, como Odebrecht e Andrade Gutierrez,
foram abaladas pela Lava Jato e hoje não possuem saúde financeira suficiente
para tomar empréstimos bilionários e, com esse recurso, dar o pontapé inicial
nas obras até começarem a receber pagamentos.
As demais
construtoras nacionais são de pequeno e médio porte, sem experiência em grandes
projetos. Esse dilema já motivou discussões no BNDES e na Casa Civil da
Presidência da República sobre uma possível reabilitação das empreiteiras da
Lava Jato para que o Novo PAC seja conduzido dentro do cronograma. No entanto,
resistências internas no PT e no próprio governo, tendem a deixar o mercado das
grandes obras aberto para estrangeiros.
(Transcrito da Folha de S. Paulo, 18/9/2023. Foto:
Divulgação)