Prefeitos se reúnem em Brasília nesta terça-feira (3) para debater a crise (Foto: Erika Morais/ Agência CNM) (Foto: )
A Confederação
Nacional dos Municípios (CNM) divulgou uma pesquisa, nesta segunda-feira (2),
sobre a crise de arrecadação dos municípios. O levantamento revela que o número
de cidades que fechou o primeiro semestre com déficit nas contas públicas
chegou a 2.362, sete vezes mais que em relação ao ano passado.
O número
representa 51% das cidades que enviaram os dados da prestação de contas à
Secretaria do Tesouro Nacional (4.616), enquanto em 2022 esse percentual era de
7%, ou seja, 342 cidades. Do total de municípios no vermelho, 2.135 são
considerados pequenos, afetados pelo aumento de 21,2% das despesas no 4º
bimestre.
O
presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, destacou que os motivos para o rombo se dão
por medidas consideradas eleitoreiras do governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), como as desonerações no ICMS, que tiveram queda de 2,3% em
relação ao ano de 2022. Outro fator de impacto na arrecadação foi a queda no
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) entre julho e setembro.
A pesquisa
ainda ressalta que houve uma queda de 8,5% em conjunto de transferências
correntes, que incluem repasses de emendas parlamentares, royalties do petróleo
e a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). O valor chega em uma
diferença negativa de mais de R$ 5 bilhões.
As despesas
também preocupam, isso porque 91% das cidades tiveram aumento do gasto público.
A cada R$ 100 de aumento no que sai dos cofres públicos, R$ 72 foram destinados
para investimento e custeio, e somente R$ 28 viraram despesas de pessoal.
Outro
problema que causa o déficit nas prefeituras e agrava a crise é a Previdência.
Dos 2.116 municípios que possuem Regime Próprio de Previdência Social (RPPS),
77% têm dívidas no regime próprio, o que no total se aproxima dos R$ 41
bilhões.
A pesquisa
ainda ouviu 3 mil prefeitos sobre as expectativas fiscais e como eles têm
lidado com a crise. Dos gestores que responderam, 44,3% acreditam que a
situação fiscal vai piorar nos próximos meses, sendo 34% acreditam terminar o
ano com déficit fiscal. O levantamento ainda revela que 48,7% das prefeituras
demitiram funcionários, enquanto 10% estão com os pagamentos em atraso.
Superação da crise
Para
contornar a crise, a CNM defende uma série de medidas que podem impactar na
arrecadação dos municípios. Entre elas está a aprovação de Proposta de Emenda
Constitucional (PEC 25/2022) que cria um adicional de 1,5% ao FPM, principal
fonte de receita de municípios pequenos. O estudo estima um impacto de R$ 11,5
bilhões ao ano.
Outro
caminho possível é um Projeto de Lei Complementar (PLP),de autoria do governo
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A medida recompõe as perdas de
FPM em 2023 e adianta as compensações de ICMS previstas para 2024. A ideia do
governo é que a arrecadação tenha um patamar pelo menos igual ao de 2022. O
impacto é de R$ 5,3 bilhões por ano.
Nesta terça
(3) e quarta-feira (4) a CNM organiza uma mobilização com mais de 2 mil
prefeitos em Brasília. Os administradores vão debater a crise e devem se reunir
com autoridades da União.