Brasília (DF) 17/10/2023 A relatora e senadora Eliziane Gama durante leitura do relatório final da CPMI do Golpe. Foto Lula Marques/ Agência Brasil (Foto: )
- A relatora
da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do 8 de
janeiro de 2023, Eliziane Gama (PSD-MA), anunciou nesta terça-feira (17), em
Brasília, os nomes dos primeiros indicados para serem indiciados pela tentativa
de golpe de estado ocorrida quando vândalos invadiram as sedes dos Três
Poderes.
Entre eles,
estão o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro; os generais Walter Braga Netto, Augusto
Heleno, Luiz Eduardo Ramos, Paulo Sérgio Nogueira, Marco Antonio Freire Gomes,
Ridauto Lúcio Fernandes, Carlos Feitosa Rodrigues e Carlos José Penteado; o
ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos; o tenente-coronel
Mauro Cid; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; e o ex-diretor-geral da
Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques.
Crimes
A maior
parte destes e de outros indicados para indiciamento, caso o relatório seja
aprovado pela comissão, é acusada dos crimes de associação criminosa, abolição
violenta do estado democrático de direito e golpe de Estado.
O relatório
pede que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja indiciado pelos crimes de
associação criminosa; tentativa de abolição violenta do estado democrático de
direito; tentativa de depor governo legitimamente constituído; e emprego de
medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos.
Fazem
também da lista apresentada pela relatora a deputada federal Carla Zambelli
(PL-SP); o coronel Marcelo Costa Câmara e o sargento Luis Marcos dos Reis, que
integravam a equipe do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Eliziane
Gama incluiu, também, o nome de diversos outros militares, policiais
rodoviários federais e integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal, além
de diversos suspeitos de terem financiado ou influenciado a tentativa de golpe
de Estado, durante os atos do 8 de janeiro.
A relatora
argumentou que o nome de Bolsonaro foi citado por pessoas próximas a ele e que
os golpes modernos não usam soldados, cabo ou tanques, mas ocorrem por
“disseminação de mentiras e propagação de ódio”, especialmente em ambiente
digital, usando, inclusive, símbolos nacionais.
Golpe
“A bandeira
nacional foi usada como insígnias e símbolos nacionais uniformizaram os que se
diziam patriotas”, disse a relatora ao afirmar que tentativas de golpe se
instrumentalizam por meio da formação de “forças paramililitares que preparam,
arregimentam e armam forças milicianas”, de forma a fazer com que o golpe não
pareça golpe. “Por isso atacaram tanto as instituições democráticas”,
acrescentou.
Sobre a
participação de Bolsonaro na tentativa de golpe, Eliziane Gama disse que, desde
o primeiro dia de governo, o ex-presidente “atentou contra as instituições
democráticas”, mas que, antes mesmo de ser eleito, “alimentou a violência dos
brasileiros contra qualquer um que discordasse minimamente dos ideais
bolsonaristas”.
“Bolsonaro
proferiu, ao longo da carreira, discursos no qual dizia que, pelo voto, nada se
mudaria no país, e que seria necessário uma guerra civil com pelo menos 30 mil
mortes no país. Além disso, questionou a urna eletrônica, dizendo que ela seria
sujeita a fraude, sem apresentar qualquer embasamento fático ou concreto”,
complementou.
A lista dos
citados inclui, ainda, George Washington de Oliveira Sousa, Alan Diego dos
Santos e Wellington Macedo de Souza – todos condenados por envolvimento na
tentativa de explodir um caminhão de combustíveis nas proximidades do Aeroporto
Internacional de Brasília.
Entre os 61
indicados pelo relatório estão também os integrantes do chamado gabinete do ódio
– Tércio Arnaud, que foi assessor especial de Bolsonaro; Fernando Nascimento
Pessoa e José Matheus Sales Gomes.
Parlamentares
bolsonaristas apresentaram dois relatórios paralelos, nos quais apresentam
votos em separado focados em um uma suposta omissão do governo federal, no 8 de
janeiro. Eles discordam do documento apresentado pela relatora no que diz
respeito à acusação de golpe articulado pelo ex-presidente.
A íntegra do relatório da senadora Eliziane Gama já foi
disponibilizada no site do Senado Federal.
(Agência Brasil/Foto: Lula Marques)